2 - É uma ruiva.

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                      N í c o l a s    G r a n t.
   
Ouvi o som do despertador e levantei esfregando os olhos para me acostumar com a claridade horrível.
Mal sabia eu, que aquele tormento todo vinha das cortinas. Eu não acredito que eu tinha deixado as cortinas da janela abertas.
Na tentativa falha de descobri quem seria o vizinho(a), eu acabei esquecendo de as fechar. Até parecia que eu queria dá uma de Sherlock Holmes.

Caminhei descalço até as cortinas e as abri completamente. O sol parecia que ia nos fritar dali para as próximas horas.
Grandes raios escapavam entre as árvores do condomínio e, iam parar dentro do meu quarto. Suspirei e fui até o banheiro, para escovar os dentes.
Assim que terminei tudo, calcei o primeiro par de chinelos que encontrei e desci as escadinhas que davam para a cozinha.
A sala estava silenciosa, nada que pudesse fazer algum barulho. A cozinha também, mas eu podia animar as coisas.
Peguei o celular e a caixa de som que ganhei do meu primo no ano passado. Pelo menos ela ia ser usada em alguma vez.

Liguei a mesma e coloquei no modo aleatório. A primeira música que tocou foi Animals, Maroon 5. Eu aprendi a gostar dessa música.
Caminhei até a cozinha e comecei a olhar de um lado para outro a procura de alguma coisa que correspondesse para mim fazer um baita café. Anos antes, tomei a iniciativa de tomar café e acabei viciado na cafeína.
Procurei no armário e nada, no armário de baixo e também não achei nada. Suspirando, percebi que eu tinha que ir ao mercado o mais rápido possível.
Na minha expectativa, ali deveria ter pelo menos alguma coisa, mas não tinha.

Eu tinha que ir no mercado o mais rápido possível. Subi as escadas de novo para me arrumar, pelo menos. Depois de tomar uma bela ducha, vesti uma camisa florida, uma calça jeans e um tênis branco da Adidas.
Nada melhor do que motivar as aparências aqui. Passei alguns minutos na frente do espelho, tentando achar um jeito de agasalhar a minha franjinha na testa.
Peguei o dinheiro, que segundo eu, deveria dá para comprar o que eu precisaria. Não esqueci de pegar o celular. Fiz o trageto de novo até a cozinha e resolvi mandar uma mensagem para a minha mãe, explicando que não liguei para ela, por que tinha ido ao mercado.

Abri a porta e sai. Peguei o elevador que eu e meu pai vinhemos ontem e esperei o mesmo descer. Não havia muita gente comigo dentro, só uma senhora - que usava uns óculos engraçados -, e um homem que suava quase todo minuto. Às vezes ele levava um pano até o rosto e secava o suor.
Deixei aquelas duas pessoas para trás e sai do elevador. Avistei o síndico sentado em sua cadeira. O mesmo dormia, então não queria acordá-lo.

— Está se sentindo confortável, Nícolas? — levei um baita susto com a voz do síndico. Mas também, ele olhando com aquela cara horrível, os olhos negros como a escuridão, e o gato NOJENTO no seu colo.

— Sim. Estou de saída para o mercado.
— tentei não deixar meu medo do gato pular em mim transparecer.

Eu tinha pavor de gato. Quando eu era pequeno, um gato subiu em cima de mim e me arranhou com aquelas unhas nojentas. E apesar de eu está crescido, meu trauma nunca superou.

— Tenha um bom dia. — disse e eu virei as costas, quase correndo.

Como disse, quando correndo. Estava tão distraído olhando para o gato, que me olhava, que não vi quando esbarrei na ruiva. Ela segurava uma bolsa e a mesma foi parar no chão. Ela corou igual um pimento quando olhei para o rosto dela.
Pude ver direitinho como era ela de verdade. Seus cabelos ruivos estavam soltos e suas sardas vermelhas a mostra. Elas iam de seu nariz, até as bochechas vermelhas. Os olhos da garota se fixou em mim. Aquilo era um verdadeiro oceano.

— Meu Deus! — exclamou com a mão na boca.- Desculpe, eu... eu não te vi. — tentou pegar a bolsa, mas a mesma acabou derramando as coisas para fora.

Ajudei a garota ruiva a pegar as coisas e colocamos tudo dentro da bolsa. Ela sorriu tímida.

— Na verdade, eu é que tenho que pedi desculpas. Estava distraído olhando para o gato do síndico. — apontei para o gato, que agora, me encarava com os olhos enormes.

Ela soltou uma risadinha e não pude deixar de perceber como era lindo o sorriso dela.

— Tenho que ir. — pegou a bolsa da minha mão.

— Também. Tchau. — dei um aceno e sai.

Me arrependi quando percebi que eu não sabia se nome. Talvez Marília, Bruna, Fernanda, Brooke. Não sei. Mas seria divertido topar com ela de novo e perguntar seu nome.

           [...]

Finalmente eu tinha colocado os pés dentro do meu apartamento. O sol que me matou de calor; e como o bonitão aqui não quis pegar um táxi, pensando que talvez o mercado seria perto, acabei indo de pé e quase passei uma hora andando atrás de um supermercado.
Quando fui achar, era quase nas ruas mais movimentadas do Rio.
Minha barriga reclamou. Tirei o tênis e peguei as sacolas que eu tinha colocado as coisas que comprei. Liguei a caixa de som de novo e fui para a cozinha.

Um bom de morar sozinho, era que eu sabia cozinhar. Graças a Deus! O que seria de mim se eu não soubesse? Fiz um café doce, um leite quentinho. Peguei tudo e os pães de queijo que eu comprei em uma padaria.
Descidi que falaria com a minha mãe agora. Peguei o notebook e liguei para ela. Depois de um tempo, ela atendeu.
Seu rosto apareceu. Seu sorriso estava lá. Seus cabelos loiros, caiam sobre seu rosto.

Nícolas: Bom dia. Demorei para ligar por que fui ao mercado. Aqui nessa casa não tinha absolutamente nada para comer.

Dei uma mordida no pão de queijo.

Márcia: Por que não viu isso ontem?

Seu semblante de mãe super- protetora apareceu em seu rosto. Por anos, eu odiei ela, mas aprendi a conviver. Uns anos depois, eu a chamei de mãe.

Nícolas: Ontem eu pedi uma comida no ifood. Mas só vi ver isso hoje.

Bebi um gole do leite com café.

Márcia:  ok. O que importa é que você está se alimentando! Conheceu alguém?

Lá estava ela, em outra cidade, falando sobre aquilo comigo. Às vezes, eu tinha a impressão de que minha mãe me rastreava as vezes.

Nícolas: Sim. Conheci uma ruiva. Mas, não conheci direito. Trocamos só algumas palavras. Mãe do céu, ela é a garota mais linda que eu já vi em toda a minha vida.

Eu me sentia mais confortável para falar sobre garotas com a minha mãe do que com qualquer outra pessoa.

Márcia: Será que meu garoto está apaixonado? Aí Meu Deus!

Lembrei da garota falando aquilo e sorri.

Márcia:  Espera... você tá mesmo?!

Seu tom era de acusação.

Márcia: O que tem mais? Responde Nick.

Nícolas:  É uma ruíva.

****

Seguinte...

" Você é a ruíva mais linda que vi. Sem você o laranja não é o mesmo. Sem você, o azul não é o mesmo.

A GAROTA DA JANELA Onde histórias criam vida. Descubra agora