Invasão

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Gotham, Mansão Wayne, quarto de visitas ao leste – 23:59.

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Alfred, o mordomo incansável, estava desmerecendo o título. Não era para menos: passar o dia contornando as brigas constantes da família e se desdobrando para cuidar de Damian consumia qualquer estamina que ele conseguiu juntar durante os anos. Em contrapartida, bastava observar aquela criança adorável por alguns segundos para sentir que tudo valia a pena.

— Tem certeza de que precisa sair hoje, Patrão Bruce? — o idoso perguntou terminando de juntar as várias folhas de desenhos esparramadas pelo chão.

Bruce manteve o olhar focado única e exclusivamente no filho, que desfrutava de um sono pesado e tranquilo. Queria ficar ali, vigiando o sono dele; passando a mão pelo cabelo do filho, em uma carícia, quantas vezes fosse necessário para ter certeza de que já não haviam ferimentos lá - nada além dos arranhados mais novos, adquiridos no meio de um sonho agitado.

— ... Sim.

— Apesar de soar pretencioso: eles não podem realizar essas reuniões sem o Batman?

O vigilante noturno, ainda em seus trajes sociais, apenas suspirou e deu um beijo na testa do filho. Suspirou também pouco antes de finalmente se afastar e ir para a porta, murmurando a resposta antes de sair:

— ... Não.

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Gotham, Mansão Wayne, jardim dos fundos – 01:24.

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— Cara...! Precisava ter parado tão longe da porta!? — Mutano choramingou, estava exausto. Haviam patrulhado toda São Francisco em tempo recorde antes de conseguirem uma brecha — Minhas perninhas doem!

— O outro portal que eu tinha feito foi para este mesmo lugar. Não sei até que ponto aqui é protegido, talvez tenham sensores de movimento... — Enquanto falava, Ravena tentava analisar meticulosamente qual próximo passo daria — ... e você poderia ter se transformado em um falcão.

— Eu pensei nisso, mas você já estava olhando por cima. Duas aves no céu chamariam atenção demais.

— Como se um guepardo correndo no meio dos carros não chamasse atenção suficiente... — Revirou os olhos.

— Exatamente: eu roubei toda a atenção para mim e ninguém notou você. Aliás, meus seguidores adoram gatões verdes! — O rapaz colocou uma das mãos na cintura e com a outra mostrou o celular, sorrindo. O número de seguidores só aumentava, estava famoso dentro e fora da cidade que protegia.

— ... Não tinha parado de ser excessivamente... carente?

Ele estava pronto para responder, mas repentinamente foi puxado para dentro dos arbustos. Estava escuro, o que ajudava a se esconder por mais que os galhos não estivessem repletos de folhas.

Ravena o mantinha imobilizado para evitar protestos, além de tampar a boca dele com uma das mãos. Este ataque, porém, era apenas uma defesa: ela viu alguém se aproximando e temeu terem sido descobertos tão rápido.

Entretanto, era apenas Alfred passando pelo jardim para ir até seu almejado local de descanso: um chalé rupestre e aconchegante próximo ao lago em um dos limites da propriedade Wayne.

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Gotham, Mansão Wayne, quarto de visitas ao leste – 00:59.

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Damian estava sentado na cama, encarando o despertador antigo que segurava nas mãos com ansiedade.

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