Testado

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— Preparar para imobilização, sedação ativa — o enfermeiro comunicou — protetores auriculares ainda não colocados.

— Eu não quero...! — Damian tentou se levantar, mas a tontura o fez se deitar de novo — Papai! Pai, eu não quero!

— Vamos aguardar até ele dormir... — a técnica sugeriu, o posicionando corretamente na mesa de exames mais uma vez.

— JÁ DISSE QUE NÃO QUERO! NÃO QUERO! — a criança berrou novamente, se contorcendo como ainda podia.

— É um rapazinho tão bonito, Damian. Por que não se comporta para o exame? Prometo que será rápido e que não vai doer... — muito amável, a técnica tentou o acalmar — Quer que eu chame o seu papai para ficar aqui até você dormir?

— Eu não quero dormir, eu não quero fazer exame nenhum, eu só quero ir pra casa! — ele teimou, tentando se levantar mais uma vez.

— Chame o pai dele — ela pediu ao enfermeiro.

— Não posso, Sr. Wayne ainda está em repouso absoluto.

— ... O que aconteceu com o meu papai? O QUE FIZERAM COM O MEU PAI!? — Damian começou a se contorcer novamente em uma tentativa vã de conseguir fugir, precisou ser imobilizado pelos dois funcionários.

Alfred, que assistiu tudo da sala de monitoramento, correu até sua criança para tentar acalmá-la. Como ele conseguia se manter de pé até agora nem mesmo ele sabia, mas ele continuava sempre disposto o suficiente para tomar conta de Damian sozinho – Bruce, que havia ignorado todos os sinais de um possível infarto, estava sendo mantido em repouso.

— Ele está tirando um cochilo — o mordomo mentiu. Com um pedido silencioso, ele fez com que o enfermeiro e a técnica se afastassem — Depois do exame, posso levar você até ele...

— Senhor Pennyworth, eu não quero fazer exames! — o pequeno implorou — Eu não quero continuar aqui! Me leva para casa, por favor!

O mordomo não sabia o que responder.

Fazia dias que usavam a mesma desculpa de "amanhã serão os últimos exames", mas nunca eram. Dr. Garner sempre aparecia com novos pedidos dando sempre a mesma justificativa: "os resultados foram inconclusivos. Precisamos de novos".

— Eu também não quero que você continue aqui, Mestre Damian — ele apertou a bochecha do pequeno — Nem seu pai.

— Então me leva pra casa... — ele pediu novamente, lutando contra o efeito do medicamente que havia tomado.

— Se você se comportar, o exame vai acabar logo. Depois vou levar você para ver o seu pai e, se tudo estiver bem, vamos embora.

— Promete?

— Prometo! — o idoso sorriu. Apenas o jeito amável e inocente de Damian conseguia fazer ele esquecer os problemas por alguns minutos.

— ... Senhor Pennyworth, quando voltarmos para casa... — Damian bocejou, fechando os olhos e finalmente se entregando ao sono — ... Eu quero... muito, muito... brincar no jardim... com o Titus... e...

— Vai poder brincar o quanto quiser, Mestre Damian — Apertou a bochecha dele novamente, constatando que o pequeno já estava adormecido — Que tipo de calmante utilizaram e em qual quantidade? Eu nunca vi ele dormir tão rápido...

— Apenas Dr. Garner pode divulgar este tipo de informação, lamento — A técnica sorriu, tentando parecer simpática — Vamos preparar ele para o exame de ressonância magnética, pode esperar na sala ao lado, por favor?

O mordomo acenou afirmativamente e saiu.

Ao invés de observar Damian adormecido nos exames, ele preferiu procurar Dr. Garner e exigir informações sobre quais medicamentos estavam dando para aquela criança dormir tão rápido. Alfred sabia que mudavam frequentemente os remédios para "descobrir qual se adaptaria melhor às necessidades de Damian", mas haviam limites que não poderiam ser cruzados: se tratava de uma criança!

Ele andou pelos corredores, buscou no escritório do médico e tentou conseguir informações com a recepcionista, porém não conseguia achar Dr. Garner em lugar algum.

Resignado por ter perdido quase quinze minutos em uma busca infrutífera, Pennyworth foi ver como Bruce estava. Seu "filho" também precisava de cuidados – estava se sobrecarregando com todas aquelas frustrações.

Depois de duas batidas leves na porta, ele entrou no quarto. Era o quarto ao lado de onde Damian estava "hospedado".

— Patrão Wayne, o jovem Mestre Damian está... Oh! — O mordomo tentou conter a alegria, mas deixou escapar um sorriso singelo — Uma visita inesperada, mas muito bem-vinda.

— Acredite, Pennyworth, me senti muito bem-vinda com todas as recusas deste senhor em me dar informações! — Lois Lane, a jornalista do Planeta Diário, estava apenas como uma amiga de longa data fazendo uma visita casual.

— Eu tenho dez minutos para responder qualquer pergunta que ele tenha se recusado... — O mais velho disse mantendo o sorriso, checando o horário no relógio de bolso – já sabia de cor quanto tempo aqueles exames tomavam.

— Damian está fazendo algum exame? Ele ficou nervoso? — Bruce já se preparava para tirar o soro preso ao braço, queria ir ver o filho.

— Agora eu entendo o "Pai inconsequente enfarta deixando seus filhos órfãos" — A repórter disse com certa graça, impedindo Bruce de fazer o que ele queria — Precisa estar bem para conseguir cuidar do Damian, Bruce.

— Se tentar colocar juízo nessa cabeça dura resolvesse de algo, Senhora Lane... — Alfred suspirou, cansado.

— Sei o que está passando: tenho meu próprio cabeça dura em casa! — Ela acabou rindo — Já tenho uma nova manchete: "Após enfarte, milionário continua inconsequente"

— E eu achando que você não cometeria os mesmos erros do Clark em colocar títulos tão grandes... — o milionário resmungou, contrariado em ser o alvo das alfinetadas por estar preocupado demais.

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NOTAS

Lois Lane (que ficou muitos anos conhecida como "Miriam Lane" aqui no brasil) é a ilustre jornalista do Planeta Diário. É dona de uma personalidade forte, coisa essencial em sua profissão – que a faz se destacar muito mais do que o Kent -, traço de personalidade que puxou do pai, Sam Lane, um general.

Para provar que com ela não se brinca: quando Superman tentou proteger ela e o filho escondendo-os na Batcaverna lunar, ela vestiu o traje infernal (uma das armaduras do Batman) e foi para a luta, salvando o filho das mãos de um Erradicador (Superman n. 5, Renascimento). Aliás, ela guardou uma das luvas da armadura e usou novamente para salvar o filho depois.

Falando em salvar o filho, nada consegue parar essa moça quando ela quer salvar alguém: ela já dirigiu a nave espacial para salvar uma amiga (n. 12), já dirigiu o Batmóvel (n.22) e pelo visto consegue dirigir qualquer coisa que tenha um volante – ou coisa do tipo! Nem mesmo perder uma das pernas temporariamente parou ela (n. 23)!

Como se já não bastasse a infinidade de qualidades que essa heroína sem capa tem, aqui vai uma curiosidade bem idiota: ela quase se casou com o milionário Bruce Wayne! Isso porque ela pensava que o morcego, na verdade, era o homem de aço.

Tem várias cenas deles dois causando ciúmes no "Smalville" na série animada de Superman. Recomendo muito pesquisarem esses trechinhos no YouTube, é tão divertido!

Nota da nota: segundo Jon,a mãe dele tem uma superaudição e consegue ler pensamentos. Segundo ela mesma,ela não tem superaudição, mas tem olhos na nuca! kkks

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