Não foi difícil para Lois achar o próprio carro no pequeno estacionamento.
Ela olhou em volta enquanto abria a porta. Era uma vista pitoresca: o céu alaranjado, o jardim ainda inundado com a luz do sol poente, a silhueta dos prédios altos de Metrópole ao fundo... não era para menos Damian ter desenhado aquela vista tantas vezes – Bruce fez questão de mostrar, muito orgulhoso, os desenhos que o filho já conseguia fazer.
— Hora da parte difícil de ser uma repórter... — Murmurou para si mesma.
Lois colocou o cinto de segurança, prendeu o celular no painel do carro e se preparou para começar a falar. Queria terminar com aquilo o quanto antes.
— Estou voltando para o Planeta Diário agora. Pelo visto vou virar a noite pesquisando para a matéria de amanhã... — Ela suspirou — Não posso falar sobre os Wayne, não depois do que eu vi...
A repórter aproveitou estar com a pista vazia para checar se a mensagem estava sendo gravada. Aproveitou também para ver o céu mais uma vez, que começava a ter tons mais escuros: não tinha nenhum super-homem e nem super-garoto voando por aí.
— Começou quando eu terminei a entrevista com o Bruce. Tivemos uma longa conversa sobre tudo, principalmente o quão fácil foi para um repórter entrar naquele lugar novamente... sabe, Smalville foi primeiro — ela sussurrou a última parte como se fosse um segredo — Na verdade, o primeiro foi o Jon: ele viu quando chegaram pela baía... De onde o Bruce tirou a ideia de que chegaria discretamente em um iate?
Lois se calou por alguns segundos: precisou se controlar para não xingar um idiota qualquer que quase bateu no carro dela - Para que ir tão rápido em uma pista vazia!?
— Alfred chegou e me ajudou com algumas coisas soltas... senti falta dos biscoitos dele! — Deixou algumas risadas escaparem, risadas estas que logo se transformaram em um riso nervoso e, enfim, sessou — Foi... foi logo depois disso — Ela suspirou, contou mentalmente até cinco e voltou ao tom de repórter profissional — Jon entrou no quarto gritando... ele entrou pela janela. Jon entrou pela janela gritando que precisavam ir salvar o Damian. E-Ele... ele deveria estar fazendo um exame, só um exame! — a essa altura, o tom profissional já tinha evaporado.
A repórter parou de falar.
Precisou estacionar o carro no acostamento para limpar as lágrimas que escorriam teimosamente pela bochecha. Levou alguns segundos até que elas parassem.
— Foi tão rápido! Nem sei como deixei meu filho para trás enquanto perseguia o Batman pelos corredores, mas eu sabia o motivo do Bruce estar agindo como se estivesse com o uniforme, ao invés de ser apenas um milionário se recuperando de um quase infarto... — Lois fungou e quase se descontrolou mais uma vez — ... Se ele não tivesse arrombado a porta, eu nem sei o que poderia ter acontecido! Os enfermeiros estavam tentando segurar o Damian, é como se quisessem esconder o que estava acontecendo e continuar com aquele exame e...!
Ela parou e deixou o choro livre.
Agora, já sem se importar nas próprias condições para terminar aquele relato, a repórter começou a falar com a voz embargada:
— Bruce afastou todos, soltou o Damian daquelas presilhas e ficou o abraçando. Eu não sei se teria coragem suficiente, não consigo nem imaginar o meu Jonathan assim, sem que eu pudesse ajudar ele...! — Depois de respirar fundo algumas vezes, retomou: — Ele estava tremendo tanto! E-E... tinha... tinha espuma, uma espuma avermelhada saindo da boca dele! Eu pensei que ele iria morrer! Damian, o Damian estava daquele jeito e...! Ele só é três anos mais velho do que o meu filho, só três! Ele é uma criança também...!
Ela chorou ao ponto de soluçar – a vida realmente não estava sendo justa. O que a reconfortava era o quão dedicado aquele milionário inconsequente estava sendo com o filho.
— Eu não acho que estejam fazendo um bom trabalho lá. Ouvi murmúrios de que "a toxina não se mostrou eficaz o suficiente para contensão completa" e eu pretendo descobrir o que isso quer dizer... — Lois respirou fundo, tentando cessar o choro e voltar ao tom profissional — Aquele lugar não me pareceu seguro. Depois disso, todas as queixas que o Jon fez começaram a fazer sentido. Se eu tivesse dado ouvidos... Clark...
A jornalista ligou o carro novamente, estava chegando ao fim do relato.
— Eu não iria falar isso na frente do Bruce e muito menos do Pennyworth, eles estão sobrecarregados demais. Mandei Jon ir para casa e espero que ele esteja lá quando eu chegar. Eu só quero esquecer tudo isso durante o jantar, não quero ficar chorando perto dos meus meninos... — Ela bateu os dedos no volante, se preparando para voltar à pista — Você é a única que vai conseguir arrancar eles daquele lugar sem explosões, gritaria e qualquer outra coisa que faça mais jornalistas irem até lá. Sinceramente, eu não sei como não tem vários deles de prontidão como urubus...
Ela pegou o celular com uma das mãos, pronta para encerrar aquela mensagem.
— Sei que você só vai ver isso quando voltar da patrulha. Bruce disse que você está ajudando os rapazes... oh, não! — ela deixou uma risada discreta escapar, se lembrando de algo bom daquela visita — Ele disse: "a gata está ajudando os meus filhos, mas liga todos os dias para saber do nosso filhote". Nunca imaginei ouvir algo assim dele... — E, com um tom mais sério, ela terminou: — Salve eles, Selina.
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NOTAS
No encontro de casais em Batman n. 37 (Renascimento), Lois e Selina viraram amigas. As duas conversaram bastante enquanto Bruce e Clark discutiam sobre a maior questão que poderia permear aquele momento: se Batman conseguiria rebater um arremesso de basebol do Superman (não, não é brincadeira. Os dois passaram o passeio quase todo discutindo isso).
Alfred, pobrezinho, só está omitindo quão ruim as coisas andam naquela clínica porque não quer preocupar Dick e Jason.
Agora sobre a crise doDamian: durante uma convulsão, é comum que saia saliva da boca da pessoa (emforma de espuma também), por isso é importante virá-la de lado para que não seengasgue. Vou deixar aqui em aberto, porque espumar é algo relativamente comumem uma crise, a espuma avermelhada pode se dar por algum machucado que opróprio Damian fez na boca... ou algum efeito daquela toxina (nãonecessariamente algo ruim, talvez apenas tenha tingido a boca dele).
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Reviver
FanfictionReviver é voltar à vida, é relembrar de do que passou e renovar em uma melhor versão. Tudo conciliou para que Damian revivesse, experimentasse a vida de um rapaz normal, com uma família normal, em um mundo normal. Damian reviveu, deixando Robin mort...