Por insistência de Pennyworth, todos estavam sentados à mesa com o café da manhã posto. Damian aceitou a condição de bom grado para que pudesse ter suas perguntas respondidas, o que fez os outros aceitarem sem resistências também.
— Então... — O garoto pegou a folha de papel no bolso do pijama listrado — Quantos anos eu tenho?
— Ainda tem treze anos de idade — Bruce respondeu e, logo depois, começou a beber seu café-extraforte.
— Mas costuma se comportar como uma criança mimada de quatro anos ou no outro extremo: como um velho ranzinza de oitenta e sete — Dick completou, arrancando um sorriso tímido do mais novo.
— E... com quantos anos eu fui adotado?
Bruce se engasgou com o café.
Dick se amaldiçoou por não ter lido aquela lista de perguntas antes. Considerou que entregar uma folha de papel e um lápis para uma criança não teria problema algum, seria uma atividade inofensiva – porém, Damian sempre seria Damian.
— Filho... — o mais velho começou e tossiu para tentar limpar a garganta antes de terminar — De onde tirou isso?
— É que o meu irmão não chama você de pai e no álbum só tem fotos nossas já crianças, eu achei que éramos todos adotados, ainda mais porque eu não sou muito parecido com você... — o rapaz respondeu tímido, disparando as palavras o mais rápido que conseguia — Me desculpa? — Encarou o pai com tristeza estampada no rosto.
— Não precisa pedir desculpas, sua linha de raciocínio está correta — Bruce mexeu no cabelo dele, bagunçando com cuidado — Seus irmãos são adotados, mas você é meu filho biológico.
Tímido, com bochechas vermelhas e se sentindo um pouco mais deslocado para falar do assunto, Damian ousou fazer uma pergunta ainda mais complicada:
— E quem é minha mãe?
Bruce suspirou e bebeu mais um pouco de café, seria uma longa manhã. Dick se amaldiçoou novamente, porém, preferiu fugir: se levantou com a salada de frutas dando uma desculpa qualquer com a boca cheia. Até mesmo Alfred, que estava levando uma jarra de suco, resolveu voltar para a cozinha quando ouviu a pergunta.
A essa altura, Damian chegava a ter os olhos marejados achando que havia falado algo muito, muito errado. Ele já se sentia desconfortável por tudo o que falavam dele – principalmente por parecer ser "mal-educado", um pestinha sem limite algum -, fazer duas perguntas ruins poderia soar como algo proposital, mesmo sem ser.
— Pai, desculpa? — ele pediu quase sem voz — E-eu não disse por mal, juro!
— Tudo bem, Damian — O pai suspirou e sorriu para tentar tranquiliza-lo — É que essa é uma questão delicada. Sua mãe nunca foi uma boa pessoa e tinha uma vida complicada, com uma família complicada... — Não havia como explicar que ele vinha de um clã de assassinos, Bruce pensou — ... Mesmo não sendo um pai exemplar antes, é melhor que você fique comigo e longe do que eles consideram correto.
— Acho que entendi... — o rapaz falou baixinho, sem coragem de encarar o pai — Me desculpa?
— Pelo que, filho?
— Causar problemas...
— Sua mãe ser do jeito que ela é não é culpa sua. — Ele bagunçou o cabelo espetado de Damian novamente — É uma questão complicada, mas eu sou muito orgulhoso por você não ser como ela. — O garoto aproveitou o carinho, já estava mais tranquilo e sorrindo mais uma vez. Uma de suas mudanças, a mais drástica: o sorriso era quase constante.
— Pai... — ele chamou quando Bruce encerrou o carinho para continuar tomando o café — O que eu gosto de fazer?
— Ler — Depois de pensar melhor, o mais velho complementou: — Ler, brincar com os animais...
— E eu tenho animais de estimação!? — O garoto sorriu, indo de um extremo ao outro chegando a ter brilho nos olhos.
— Um gato, dois cães, uma vaca... — Falar sobre Goliath estava fora de questão, pensou ele.
— Posso ir conhecer eles? Por favor? Por favor!?
— Só depois do café, filho...
O garoto confirmou, começando a comer o mais rápido que conseguia. As perguntas ficariam para depois, pelo visto. Apesar de não se lembrar de nada, Damian mantinha o amor por animais. Ele manter ao menos alguns traços como os de antes já era animador naquela situação toda.
Bruce demoraria até se acostumar com os novos modos do filho. Damian antes agia como queria, sem dar satisfações e muito menos pedir permissão, mas essa nova "versão" pedia por tudo, algo que hora ou outra seria um problema pela falta de autonomia.
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NOTAS
A mãe do Damian chama-se Talia al Gul, filha de Ra's al Gul. Eu não considero ela uma vilã de fato, ao menos não ao mesmo nível que muitos outros do universo DC. Normalmente ela está mais para uma pessoa que "acha que está agindo certo, fazendo tudo de errado".
Na animação Filho doDemonio, Talia pede ao Damian que fique com Batman e aprenda com ele, porqueele é sábio, depois ela sai de cena em um submarino. Em uma das histórias deorigem do Damian, esse submarino acaba explodindo.
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Reviver
FanfictionReviver é voltar à vida, é relembrar de do que passou e renovar em uma melhor versão. Tudo conciliou para que Damian revivesse, experimentasse a vida de um rapaz normal, com uma família normal, em um mundo normal. Damian reviveu, deixando Robin mort...