Bruce Wayne estava em seu escritório. Havia passado lá a madrugada inteira praticamente – saindo apenas para se trocar e comer alguma coisa por insistência de Alfred. Pela manhã, já estava se confrontando com a dura realidade afirmada por Pennyworth:
— É questão de tempo até ele se recuperar, ficar desse jeito não muda os fatos.
— É minha culpa, Alfred...
— Patrão Bruce... — o mordomo pediu novamente, colocando a bandeja com o café da manhã na frente dele.
— A culpa é minha! — Ele apoiou o rosto sobre as mãos — Enquanto meu filho estava morrendo onde eu estava!?
— Salvando o mundo com a Liga da Justiça, presumo.
— A Liga da Justiça consegue salvar o mundo sem mim, Damian precisava de ajuda! Foram dias, Alfred! Dias até eu aceitar a ideia de que o meu filho havia sumido de casa e que algo ruim poderia acontecer com ele! — Se levantou, estava irritado demais e não queria manchas de café no assoalho.
— Ele costuma "sumir" com frequência. Ninguém iria esperar o pior, principalmente em relação ao Mestre Damian — Alfred tentou atenuar, mas também se sentia culpado.
— Que tipo de pai eu sou, Alfred!? O que eu estou fazendo com a vida do meu próprio filho!? Dos meus filhos!?
— Está dando uma chance a eles.
— ... Eles não precisam de chance nenhuma, precisam de um pai! — Bruce suspirou, pensando em toda a negligencia com a qual tinha criado suas "crianças".
— E você é o pai deles!
— Eu sou um péssimo pai, Alfred, e não sei como me tornar um melhor! — Constatou, decepcionado consigo mesmo — Ontem à noite eu estava fora enquanto meu filho estava tendo uma crise de pânico. Eu estive fora pela maior parte da vida dele, estive fora quando Dick precisou de mim, Jason, Tim...
Antes que o mordomo conseguisse falar qualquer coisa para que o patrão saísse daquele estado de lamentação – que sempre tende de mal a pior -, batidas na porta fez com que os dois se mantivessem calados. Não era comum os mais jovens avisassem antes de entrar já que, normalmente, quando precisavam entrar lá era por um motivo importante.
— Entre! — o Wayne autorizou, deixando escapar um sorriso quando a porta foi aberta:
Dick estava levando Damian nas costas, foi um dos melhores jeitos que havia encontrado de carregar o mais novo sem causar incomodo devido ao gesso na perna.
— Como está se sentindo hoje, Mestre Damian? — Alfred perguntou.
— Bem melhor, obrigado! — o garoto respondeu com um sorriso simpático.
— Acho que eu nunca vou me acostumar com você falando "obrigado" — Bruce comentou com um ar de esperança sobre os bons modos persistirem, mesmo após as memórias serem recobradas. Com cuidado, ele ajudou Dick a colocar o mais novo sentado na mesma cadeira em que ele estava sentado antes.
— Ei, Damian, por que não conta pro pai o motivo de não estar usando as muletas? — Dick incentivou. Ele sorria de canto, indicando que havia algo por trás de um simples pedido.
— Porque eu sou baixo demais para usar aquelas. — como foi pedido, o rapaz respondeu. Todos ficaram em silencio e ele já estava começando a achar que tinha falado algo de errado. Tentou esconder o rosto, tímido, principalmente por ter o olhar de todos sobre si, todos ainda eram "estranhos".
— Eu sei que o guri falar isso chega a ser um choque de realidade, mas precisamos aproveitar antes que ele volte ao normal! — Dick bagunçou o cabelo dele com cuidado, sabia que o ferimento na cabeça dura de Damian já estava curado, mas era quase instintivo ser cuidadoso com aquela região.
— Ele não é tão baixo assim, é uma criança ainda... — Bruce tentou amenizar, o que não tirava a graça de tudo aquilo.
— Na verdade, ele já é considerado um adolescente — Alfred o corrigiu, lembrando-se claramente do quanto Damian fazia questão do título.
— E quantos anos eu tenho? — o mais novo perguntou sem entender toda aquela conversa. Em parte, essa falta de compreensão foi agravada por um zumbido constante no ouvido esquerdo.
— Você tem...
— Um momento! — Dick interrompeu o mordomo antes que ele pudesse responder — Damian fez uma lista com perguntas importantes e quer que o B responda elas.
— E a primeira é a sua idade, correto? — Ele encarou o filho sem conseguir conter um sorriso presunçoso.
O rapazinho sorriu e afirmou, comentando logo em seguida:
— Meu irmão tinha razão, você é bom em adivinhar coisas!
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NOTAS
Alfred se refere a "sumir com frequência" porque Damian costuma fazer suas birras desaparecendo de qualquer meio de comunicação e/ou localização. (Detetive Comics, 1003 se não me engano / passou as férias de verão inteira desaparecido no especial dos Super Filhos).
Talvez Bruce pareça um pouco dramático demais, mas ele costuma ficar um pouco "descontrolado" toda vez que perde uma de suas crianças. Junte isso com o relacionamento desgastante dele com a Mulher Gato (Batman número 44 em diante, Renascimento. Ela não apareceu no casamento) e teremos um Batman quase assassino e um Bruce dramático.
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Reviver
FanfictionReviver é voltar à vida, é relembrar de do que passou e renovar em uma melhor versão. Tudo conciliou para que Damian revivesse, experimentasse a vida de um rapaz normal, com uma família normal, em um mundo normal. Damian reviveu, deixando Robin mort...