Choque

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O toque do celular fez com que Drake abrisse os olhos novamente - tinha cochilado. Dick estava ligando para ele, provavelmente para perguntar sobre o gremlin também... preferiu não atender.

Ele ergueu a cabeça e olhou para o computador, esperava vê-lo funcionando perfeitamente, mas estava desligado. Ele encarou Damian, pronto para exigir explicações, mas o que viu o pirralho fazendo era mais do que suficiente para ter certeza de que ele estava mentindo sobre tudo:

A máquina de café expresso, o item mais amado por Tim naquela cozinha, estava destruída. Damian parecia ter jogado água e pó de café por cima dela várias vezes, tanto que a pobre máquina já tinha fumaça saindo de alguns pontos por causa de curtos-circuitos. O rapazinho, que ainda não tinha notado que o irmão acordou, continuava admirando sua travessura, derrubando mais um pouco de água por cima de tudo com a caneca, lentamente... parecia se deliciar com aquela pequena porção de caos.

— SEU DEMÔNIO!!! — Timothy gritou, praticamente pulando da cadeira — POR QUE FEZ ISSO!? — ele agarrou Damian pelo pijama — POR QUÊ!? — o balançou de um lado para outro, só ficando ainda mais irritado quando, ao invés de uma resposta, Damian apenas encarava o nada e terminava de derrubar a água no chão — É isso o que você queria!? Me infernizar e sair impune, como você faz com todo mundo!? — Tim rangeu os dentes, queria esganar o irmão, mas se contentou em jogá-lo no chão.

— T-Tim...? — o pequeno sussurrou, parecendo que finalmente tinha acordado daquele transe.

— Não se faça de maluco agora! Dessa vez você não tem como se fingir de inocente! — foi tudo o que Drake disse antes de sair da cozinha.

Com passos pesados como os de um elefante, ele foi até o corredor e tirou uma moldura grande da parede que escondia o quadro de disjuntores; odiaria que aquela brincadeira de mal gosto se transformasse em algo mais sério. Como não se lembrava ao certo qual pertencia à cozinha, começou a testar um por um.

Os estalos dos disjuntores praticamente ecoavam, já que a mansão estava no absoluto silêncio. Timothy praguejava em murmúrios a cada tentativa errada – ele conseguia ver a luz acesa da cozinha passando pela porta. Ele continuou, continuou até ouvir um xingamento em alto e bom som vindo do segundo andar, praticamente um urro enraivecido... era Jason.

Tim largou os disjuntores e caminhou até as escadas, estava pronto para terminar a pequena discussão iniciada pelo telefone, mas caiu em gargalhadas quando avistou o rebelde da família descendo apressado, com espuma escorrendo pelo cabelo e trajando apenas um roupão felpudo e salmão.

— A PORRA DA LUZ ACABOU! — Ele encarou o mais novo, estava irritado.

— N-Não...! — Tim tentou explicar, mas ainda estava rindo – se não fosse a situação, já teria corrido até a cozinha para pegar o celular e registrar aquele momento. As risadas aumentaram ainda mais com alguns tropeços do mais velho – estava escorregando por causa do sabão.

— O QUE CARALHOS VOCÊ FEZ!? — O mais velho colocou as mãos na cintura, já estava frente à frente com Timmy.

— Eu só... os disjuntores, eu... Droga! — Tentou recuperar o folego, chegava a ter lágrimas de tanto rir — O Damian fez merda, daí eu... — Antes que pudesse prosseguir com a explicação – ou as risadas -, um barulho alto de coisa se quebrando veio da cozinha — Damian! — Ele chamou com um tom irritado, esperava qualquer tipo de coisa ruim vindo do gremlin mentiroso.

— Damian!? — Jason chamou pelo irmão, mas diferente de Tim, estava preocupado.

Os dois rapazes correram para a cozinha quando não receberam resposta nenhuma. Chegando lá, havia ainda mais caos que antes: Damian parecia ter resolvido piorar o estado da máquina de café expresso, que agora estava dependurada sobre a pia apenas pelo fio de eletricidade – ela balançava suavemente de um lado para outro, pronta para despencar de vez no chão ao mínimo movimento -; o pote onde o café era guardado, de vidro, tinha sido arremessado no chão sem dó e piedade – agora restavam os cacos e o pó de café espalhados.

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