Examinado

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— Sim, sim Mestre Dick, ele está calmo. Não, ele não pode falar agora... — o mordomo olhou em sua volta, buscava por uma desculpa qualquer — ... foi ao banheiro. Assim que tivermos mais notícias, eu retorno. Sim, fiquem bem também... — E, com um sorriso pequeno que logo se desfez, Alfred encerrou a ligação. Agora que tinha avisado à Richard que já haviam chego na tal clínica, era vez de ajudar Bruce.

O mordomo caminhou pelos corredores e, à medida em que se aproximava da sala de lavagem gástrica, conseguia escutar os gritos de Damian mais perfeitamente. Em suma, ele implorava para que o "Senhor Pennyworth" ou o pai fizessem com que os enfermeiros o deixassem em paz.

Ele parou em frente à porta.

Alfred, que desde o começo daquele dia, estava arrumando forças sabe-se lá onde para conseguir lidar com tudo, sentia que já não tinha mais ânimo para conseguir aguentar aquela situação tão estressante por mais tempo. Pensou ter chego ao limite quando Damian teve uma verdadeira crise de pânico, epilepsia e seja mais lá o que tenha deixado a criança se debatendo sem consciência por tanto tempo – isso após ter visto que estava em um barco, terceira crise só naquela manhã.

Ele tinha inventado uma desculpa qualquer para sair daquela sala e tentar se recompor – evidentemente, ele não havia conseguido reestabelecer a fachada de tranquilidade ainda.

— CHEGA! — A voz grave de Bruce destoou dos gritos de Damian e dos murmúrios injuriados dos enfermeiros — Se meu filho não se sente bem com isso, ele não vai fazer nada! — ele disse, sendo claramente ouvido em meio ao silêncio que havia se instalado.

— Mas Sr. Wayne, os demais exames precisam de pelo menos quatro horas em jejum... — Um dos assistentes do médico tentou o convencer.

— Esperamos o tempo que for preciso! — o Wayne justificou, saindo da sala logo em seguida com o filho no colo. Damian estava com o rosto escondido no pescoço dele, aparentemente trêmulo ainda; ao menos era devido ao nervosismo dessa vez — Alfred... — ele disse tentando parecer calmo — Como estão as coisas em Gotham?

— Tudo em ordem! — o mais velho o respondeu, se aproximando e afagando os cabelos de Damian — E o que faremos agora, Patrão Bruce?

— Vamos esperar até que meu filho se acalme... — respondeu, tentando parecer realmente convicto de que aquilo aconteceria logo — Lembrou de trazer o material de desenho dele, para passar o tempo?

— Claro. Posso ir buscar agora mesmo se o Mestre Damian assim quiser — o mordomo sugeriu.

— Filho? — Bruce o encarou, esperando por uma resposta.

— ... tá —— o mais novo respondeu sem realmente se importar e se abraçou mais ao pai. Ainda estava com o rosto molhado das lagrimas, tudo o que queria era sair daquele lugar "ruim" – assim entendido por ele.

— Não vou deixar ninguém fazer mal a você, Damian, não precisa ficar assim... — O pai o abraçou com um pouco mais de força, se sentindo culpado por ter falhado em proteger o filho tantas outras vezes antes.

— É um comportamento bem razoável para um rapaz nas condições dele, Sr. Wayne — o médico, o tal especialista em neurologia, comentou enquanto se aproximava dos dois — Dr. Garner — Estendeu a mão — É um prazer imenso, apesar das circunstâncias infelizes, Sr. Wayne — Ele estendeu a mão para Alfred quando acabou de cumprimentar o milionário — Presumo que você seja o Sr. Pennyworth, com quem falei pelo telefone.

— Exatamente.

— E este rapaz deve ser o Damian — Sorriu, olhando para a criança que ainda mantinha o rosto escondido — Não se preocupe, vamos cuidar muito bem de você aqui e descobrir o que há de errado.

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