Relações

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— Não estou falando sobre nossa relação, se é que existe alguma! Eu só quero saber sobre o Damian! — Selina disse exatamente a mesma frase pela terceira vez. Faziam quinze minutos desde que entrou no quarto do morcego e o encurralou exigindo respostas.

— Ele está como antes, desacordado!

— Então onde ele está!? — A mulher bateu o pé contra o chão, impaciente e sentindo que sua inteligência estava sendo subestimada ao extremo — A menos que você consiga me convencer de que saiu dirigindo daquele jeito por nada depois de pegar o Coringa ontem à noite, é melhor me contar o que aconteceu com o seu filho, morcego!

— Ele é meu filho, gata, não seu! — Bruce já estava perdendo a pouca paciência que ainda tinha. Aquela ladra simplesmente se sentia no direito de exigir respostas depois de o interromper no banho.

Selina se calou.

Não havia o que contestar ali: pelo visto, os dois não tinham nem ao menos relação. Quais direitos ela tinha para exigir respostas?

Ela suspirou, pensou no que poderia falar e acabou abaixando a cabeça, deixando a ideia de lado.

— Alfred não deveria ter deixado você entrar aqui... — O milionário murmurou, andando até a janela — ... Não sem me consultar!

— ... Como se eu precisasse de alguém para abrir as portas por mim! — Selina disse com parte da raiva que estava sentindo transparecer na voz, e continuou: — Não se preocupe, não pretendo voltar aqui. Nem mesmo sei para que me dei ao trabalho de vir visitar o seu filho. Eu só... só imaginei tantas coisas depois do seu sumiço misterioso, depois de encontrar tudo vazio lá embaixo que... — Ela se calou novamente, não queria pensar no pior — De qualquer jeito, aparentemente isso não é mais da minha conta!

Notando que havia passado dos limites, Bruce tentou concertar as coisas explicando mais uma vez:

— Não é isso, é que depois do que aconteceu a nossa relação não é exatamente a mesma, mal conversamos e...

— Não é sobre a nossa relação, morcego! — ela disse irritada, quase quebrando a maçaneta da porta quando a abriu para ir embora. Entretanto, quem ela viu parado em frente ao quarto a fez estagnar no lugar enquanto processava o que estava acontecendo.

— E-Eu não estava ouvindo! Eu ouvi, mas eu não fiquei ouvindo por querer! — Damian se apressou para explicar — Eu só queria falar com o meu pai, mas ele ainda não estava no escritório e a porta do quarto estava fechada, eu pensei em bater, mas vocês estavam ocupados e eu... Desculpa! — A culpa que ele sentia estava estampada no rosto, além da vergonha por ter sido "enxerido". A verdade é que ele queria saber quem era aquela mulher que estava no quarto do pai e, pelo que conseguiu entender, já tinha uma resposta na ponta da língua.

— Filho, o que falamos sobre andar pela casa sozinho? — Bruce tentou ao máximo não soar repreensivo, quando na verdade ele queria prender sua criança em um quarto seguro e nunca mais a deixar sair.

— Eu queria te mostrar o desenho que eu fiz...! — Damian tentou soar o mais adorável possível, sorrindo e estendendo o desenho para o pai ver.

— Ficou muito bom! — Bruce sorriu, pegando o papel e bagunçando o cabelo do filho — Vou pedir para o Alfred emoldurar, vai ficar ótimo no meu escritório.

Selina continuava no mesmo lugar, uma pessoa à parte ignorada pelos dois. Ela olhava aquela cena e tentava entender em que parte da discussão foi transportada para um universo alternativo onde os Wayne agiam como uma família normal e afetuosa.

Tudo indicava o contrário do que estava acontecendo: o mau humor de Bruce, o encerramento de uma patrulha após mal ter começado, a falta de respostas, ele não ceder tão facilmente nem mesmo enquanto ela o encurralava em uma banheira... Tudo indicava que Damian havia piorado ou até mesmo morrido.

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