Extra

447 45 35
                                    

— Eu volto em duas horas... no máximo. — Dick disse baixo, terminando de colocar a máscara sobre os olhos.

— Um encontro de apenas duas horas não faz seu feitio, Mestre Dick — o mordomo comentou desinteressado, estava mais preocupado em tirar o livro das mãos de uma criança adormecida — De qualquer maneira, volte logo — pediu, desistindo do livro.

— Acha que ele acorda antes de amanhecer?

— Os hábitos noturnos dele continuam tão imprevisíveis quanto sempre, mesmo com calmantes.

Richard, agora com o traje completo de Asa Noturna, concordou com a cabeça. Os dois deixaram o quarto de Damian em silêncio, caminharam juntos até a Batcaverna sem mais nenhuma palavra até a despedida:

— Se precisar de ajuda é só avisar.

— Se o Patrão Bruce retornar primeiro e descobrir que saiu com o jato dele, não sou eu que vou precisar de ajuda... — Alfred alertou.

O jovem herói apenas deu um de seus sorrisos e depois partiu com o jato. Seja qual for o motivo daquela partida, deveria ser um assunto importante.

Já o Sr. Pennyworth, como não tinha nada de importante ou até mesmo interessante para fazer, dedicou seu tempo livre em alguns ajustes do novo protótipo "pássaro espião", parando poucas vezes para checar se Damian continuava dormindo. O passatempo só foi interrompido, de fato, quando a voz de Timothy Drake bramiu com certo desespero do computador central:

— Alfred, temos um problema!

— Realmente temos: a penugem artificial do pássaro é o que está causando o superaquecimento dos componentes internos... — respondeu o mordomo, sem tirar os olhos do protótipo novo.

— É sério: Bruce está em perigo!

O idoso largou tudo o que estava fazendo e correu para o computador, pois apenas algo verdadeiramente perigoso poderia permitir um descuido como falar o nome real de Batman. Chegando lá, ele conseguia ver o jovem Tim tentando se prender dentro do Batmóvel com o cinto de segurança –descabido, parecia mais que ele estava tentando se amarrar.

— O que houve!?

— Coringa! — ele gritou em um misto de irritação e medo, logo depois dando uma risada contida — Ele está usando o gás, mas é diferente...! — Ele riu, longas risadas que o fez perder o fôlego — É diferente, Alfred... age aos poucos, imperceptível... E o Bruce está lá com ele... — Riu mais uma vez, uma risada macabra na qual os lábios se curvaram em um sorriso ameaçador enquanto ele continuava rindo, apesar de mal ter fôlego.

Alfred ficou em silêncio e começou a apertar algumas teclas. Logo depois, foi possível ouvir os seguintes avisos vindos do sistema do automóvel: "Privilégios de controle manual cancelados"; "Ignição iniciada"; "Permissão para inicializar armas e escuto concedida". E assim, com o Batmóvel sob seu controle, Alfred conseguiu conduzi-lo pelo terreno abandonado de um matadouro – local cheio de capangas do palhaço, alguns ainda de pé como mortos vivos e outros já estirados no chão, simplesmente mortos.

Ele colocou abaixo a porta de um dos frigoríficos, onde era apontado como localização do Batman. Realmente, lá estava o morcego: inerte, pendurado pelas costas nos ganchos, frente a frente com uma grande tela que mostrava a Mulher Gato; ao lado dele estava o Coringa, rindo e batendo palmas.

— Oh, sem lágrimas de despedida? — O palhaço fingiu tristeza, logo depois soltando uma risada e segurando uma das mãos do vigilante e levantando em uma tentativa tosca de aceno — Vamos, Selina, dê adeusinho também! Ei, Selina! Alô! — Ele largou a mão do Batman, coçando a nuca e o queixo — Ué, eu coloquei os fios errados? — Ficou irritado e batendo um dos pés — Ótimo, todo o meu discurso por água abaixo! Não que você não seja um bom ouvinte, Batman, mas eu queria lágrimas ao invés desse sorriso idiota...

ReviverOnde histórias criam vida. Descubra agora