Reunião

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— O motivo da reunião de hoje é discutir sobre...

— ... O quanto você está péssimo! — Jason interrompeu o pai com um sorriso maldoso no rosto.

— Preocupado comigo, filho? — Bruce sorriu de canto, adorando rebater aquela implicância. Os outros que estavam sentados à grande mesa de jantar prenderam os risos com o rubor do "rebelde da família", principalmente porque ele ficou calado — Retomando: decidiremos hoje o que fazer quanto ao irmão de vocês.

Barbara imediatamente levantou a mão e, sem nem mesmo esperar a atenção de todos, ela começou a falar:

— Não estou tentando tirar a seriedade de tudo, mas aqui é o lugar certo para esse tipo de conversa? — Ela olhou em volta, todos sentados à mesa como se esperassem uma sobremesa ou algo do tipo — Quero dizer... — Passou a mão pelo cabelo — ... lá embaixo temos mais... — Encarou as janelas, enormes, que davam para o jardim da mansão — ... privacidade — Acenou para Damian. O pequeno estava brincando com os cães do lado de fora.

— Exatamente — Alfred deu um sorriso singelo, colocando uma bandeja com biscoitos no centro da mesa e, logo depois, começando a servir o chá — Vocês terão toda a privacidade do mundo, mas Damian vai ficar desconfiado.

— O pirralho pode até ser uma criancinha agora, mas dá trabalho esconder tudo dele — Jason explicou enquanto enfiava dois biscoitos na boca de uma vez só — Alfie, por que a um copo de plástico só pra mim? Eu não sou o bebê da casa! — Talvez a fala um pouco arrastada ou o olhar perdido já denunciasse tudo, mas Alfred fez questão de responder:

— Porque você está proibido de portar objetos potencialmente perigosos enquanto estiver em observação — O mordomo explicou docemente — Aliás, espero que não tenhamos nenhum tipo de discussão acalorada com o jogo de chá sendo usado como artilharia.

Todos se entreolharam.

Em uma reunião com tantas opiniões diferentes, o mínimo que se poderia esperar dos participantes era uma briga... mas não naquele momento. Bruce e Selina estavam olhando o filho brincar do lado de fora; Jason estava sob efeito de calmantes; Barbara, Tim e Dick não começariam uma briga com o estado fragilizado dos outros.

— Acho que já podemos começar... — Richard comentou com um sorriso esperançoso, queria propor métodos alternativos para lidar com o irmãozinho mais novo.

— Caso precisem de algo, estarei com o Mestre Damian — Alfred avisou enquanto caminhava em direção a porta.

— Alfred, você é tão necessário aqui quanto qualquer outro...

— Todos já sabem minha opinião, Patrão Bruce — o mordomo o interrompeu — Por via das dúvidas, faça das palavras da Senhorita Kyle as minhas também.

E assim o mordomo se retirou da reunião.

No fim das contas, todo aquele alvoroço só serviria como uma pequena dose de tranquilizante para o ânimo de todos. Ninguém queria encarar a verdade assustadora de que nada e nem ninguém conseguiria ajudar Damian.

A resposta não era uma reunião, tão pouco votar no "próximo passo".

A única coisa que poderiam fazer, independente do meio, era esperar.

— Mestre Damian... — O mordomo chamou e, quando a criança da casa o encarou com aqueles belíssimos olhos verdes, continuou: — ... trouxe biscoitos! — anunciou, ganhando um sorriso enorme do pequeno Wayne.

Alfred, que já lidou com pautas bem mais cruéis do que aquela, estava resignado. Esperaria Damian voltar a ser como antes aproveitando a companhia daquele adorável rapaz, coisa que acreditava ser o mais correto.

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