Dick andou pelos corredores da Torre Titã apressado. Ele agradeceu em silêncio por não cruzar com ninguém pelo caminho –se devia ao horário em grande parte. Quando finalmente chegou ao quarto da antiga namorada, cujo a porta estava entreaberta, se permitiu respirar fundo e buscar alguma calma antes de perguntar:
— O que aconteceu?
Estelar, que estava de pé olhando pela janela, não moveu um músculo sequer para responder:
— Você quem precisa me responder isso.
— Estelar, eu não deveria nem ter vindo aqui, Batman precisa de ajuda e estávamos no meio de um...!
— Batman ou Damian? — ela o interrompeu. O Tom era sério e pesado, denunciando a irritação contida — Você estava lutando contra o crime ou brincando com o seu irmão, Dick!?
— ... Estelar... — Ele fechou a porta, queria garantir que aquela conversa não sairia dali — ... Kori, eu sei o que você deve estar pensando, mas...
— Há quanto tempo!?
— ... Duas semanas, praticamente — Ele encarou o chão.
A alienígena soltou um suspiro pesado, passou as mãos pelos cabelos e depois as colocou contra o vidro da janela. Ela murmurava algumas coisas na língua natal, coisas estas que pareciam ser de lamuria.
— Você me fez aceitar que o Damian nunca mais iria acordar...!
— Kori...! — Dick tentou a interromper, mas bastou isso para ela finalmente o encarar – estava a ponto de acertá-lo com seus poderes oculares.
— Me fez sentir culpa!
— Eu não fiz por mal... eu estava triste, arrasado!
— E eu não!? — A intensidade do verde dos olhos dela começou a diminuir, indicando tanto que ela não iria mais ataca-lo quanto a tristeza superando os outros sentimentos — Desde aquele dia eu não aceitei liderar mais nada, eu repensei meu lugar aqui... eu não fui uma companheira digna, nenhum de nós foi! Você me fez acreditar que ele morreria porque eu não confiei nele!
— Ninguém confiou nele, nem mesmo eu... — ele sussurrou.
— Mas eu confiei em você! — Ela se aproximou alguns passos — Aguentei sua tristeza durante meses! Aguentei tudo porque eu me sentia culpada! E você... você... — Ela tentou buscar uma palavra, mas o nervosismo a impediu — Ele acordou há duas semanas e você continuou me fazendo sofrer, Dick!
A tamaraneana se aproximou, o atacou - sorte a dele que o povo de Tamaran tem suas habilidades desencadeadas pelos sentimentos e que a tristeza de Estelar era maior que a raiva. Ela o acertou enquanto conseguiu, enquanto ainda restava algum traço da energia inesgotável que, por contradição, estava no fim. Quando se aquietou mais uma vez, já não tinha vontade de olhar nos olhos dele, preferiu caminhar e ficar observando a vista pela janela novamente, em silêncio.
— Eu não menti: Damian ainda não acordou... — o tom dele foi duro, foi o necessário para Kori o encarar uma vez mais — O que acordou foi uma criança que não lembra de nada, que chora por tudo e chegou ao ponto de gostar mais do Jason do que de mim... — apesar de certa graça no final, ele deixou a tristeza transparecer na voz — O Damian que conhecíamos não acordou e eu nem sei se vai acordar algum dia... — Ele suspirou e continuou, trêmulo e choroso: — ... e mesmo se acordar, não vai poder ser o Robin de novo...
— ... Por quê? — ela sussurrou.
— Aconteceu logo depois que ele acordou, quando começamos a comemorar... — Dick se permitiu sentar-se no sofá do quarto, seria uma longa história — Foi quando notamos que ele tinha perdido a memória.
— A Ravena pode resolver isso, eu não entendo a relutância em receber ajuda e... — Antes que ela conseguisse terminar, Richard a interrompeu com as lágrimas já fugindo do controle:
— Ele ficou nervoso e teve a primeira crise... ele tem crises horríveis de epilepsia! Teve várias, várias!
— ... Eu não entendo... — Kori finalmente desarmou a resistência e, apesar de muito magoada, sentou-se ao lado dele. Ela queria mais informações sobre o antigo companheiro de combate ao crime: — Epilepsia é alguma enfermidade mental? Algo que a Ravena não consiga consertar?
— ... Digamos que sim...
E assim ele começou a destrinchar tudo o que aconteceu com Damian desde quando a criança havia acordado. Explicou sobre aquela doença, sobre as crises... sobre como todos já tinham aceitado aquele final para o Robin.
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NOTA
Torre Titã, aquele prédio enorme em forma de "T" que é um dos refúgios de super-heróis mais chamativos que eu já vi, originalmente foi projetada pelo excelentíssimo Silas Stone e, após, remodelada por seu filho, Victor Stone – que seria o dono do meu coração, se eu tivesse um.
Não vou entrar em detalhes sobre essa torre porque, assim como grande parte do mapa que a DC tem, ela vive sendo alterada, destruída e reconstruída. Vamos fazer um consenso de que alguns ocupantes vivem integralmente dentro dessa torre, como é o caso da Estelar.
Agora vamos falar sobre um dos maiores poderes da Ravena e que, normalmente, é muito mal explorado: cura. Sim, Ravena tem poder de cura, além de todos os outros vários poderes que tornam ela uma das heroínas mais forte e, infelizmente, mal aproveitada (opinião minha. Sinceramente, focam demais nas dúvidas adolescentes e nas trevas, esquecem que ela é parte luz também).
Vou dar uma explicação bem pobre do poder de cura dela, porque mal me lembro de ter visto ela usando: ela consegue curar a pessoa em segundos pegando a "dor" do enfermo para si mesma, em um sentido bem mais abstrato da palavra do que poderia ser. Acredito que tentaram ligar isso ao fato de ela ser uma empata – que, aliás, pode fazer as pessoas sentirem coisas como "calma" e até mesmo "se apaixonar por ela" (pessoas, por que ainda não criaram uma fanfic onde ela sem querer se apaixona por ela mesma? POR QUE!? Eu vou ter que fazer isso sozinha!?).
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Reviver
FanfictionReviver é voltar à vida, é relembrar de do que passou e renovar em uma melhor versão. Tudo conciliou para que Damian revivesse, experimentasse a vida de um rapaz normal, com uma família normal, em um mundo normal. Damian reviveu, deixando Robin mort...