Resgate

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— Eu não quero, eu não quero, não quero... — Damian murmurava e balançava a cabeça de um lado para o outro, era o pouco que conseguia fazer já que o resto do corpo estava dormente e imobilizado. Haviam o levado para um "exame urgente", não esperaram nem mesmo Pennyworth autorizar.

— Ele deve adormecer logo... — o enfermeiro comentou enquanto checava algumas informações no monitor.

— Se não tiver resultados dessa vez, eu vou ter que ser mais drástico — Dr. Garner disse contrariado, se aproximando de Damian — Seria uma pena ter que abrir você para conseguir as respostas que eu quero, Damian. Então, seja um bom garoto e colabore dessa vez — ameaçou, segurando o rosto do pequeno pelas bochechas.

— ... não! — Ele tentou soar corajoso, quando na verdade só queria ser salvo.

— Aumente a dose do medicamento, ele já deveria ter dormido — o médico mandou e, quando não recebeu nenhuma resposta, olhou em volta atrás do enfermeiro — Mas o que!?

Dr. Garner não teve tempo de falar uma palavra que fosse: foi atingido com um soco de esquerda rápido o bastante para não ter como reagir – exatamente como o enfermeiro. Agora, sem mais testemunhas, o filho rebelde de Batman ousou se aproximar do irmão mais novo:

— Pirralho?

— Me leva pra casa, por favor! Por favor! Jason, eu não quero fazer mais exames! Não quero! Não deixa! — Se desesperou, com medo de ser apenas a imaginação pregando peças. Damian nem ao menos tinha se dado conta de que estava chorando há um bom tempo.

— Damian, quieto! — Todd mandou, surpreendendo-se quando foi obedecido na mesma hora, apesar de alguns soluços — Eu vou tirar você daqui, mas vai ter que ficar quieto... e calmo — avisou, buscando por qualquer coisa que pudesse ajudá-lo. Tinha chego até lá em trajes civis, não queria sua imagem vinculada ao sequestro do filho de um milionário — Quando o Bruce souber... não é como se eu me importasse, mas você está no meio. E você está doente — se explicou, procurando até mesmo no jaleco do médico — Não é certo sequestrar crianças doentes.

— É sim! — Damian chegava a tremer com medo do irmão o abandonar lá.

— Quieto! — Jason mandou novamente, desistindo da busca — Consegue andar? — Ao receber um aceno negativo, Todd bufou e colocou as mãos na cintura — Ótimo, adoro o jeito mais difícil... — Revirou os olhos, ainda não acreditava que estava "salvando" Damian daquele lugar, principalmente sem nem saber como iria fazer isso — Você consegue se fingir de... Pirralho? — O pequeno tinha adormecido, efeito dos medicamentos que Dr. Garner havia dado a ele, provavelmente.

Jason o soltou da mesa de exames e o colocou em uma cadeira de rodas, na qual haviam levado Damian até ali. O próximo passo foi vestir as roupas do enfermeiro e sair com Damian de lá - a segurança daquela clínica não era tão preocupante.

Quando finalmente chegaram ao estacionamento, no pátio dos fundos, o mais velho notou que não pensou muito antes de agir, na verdade não havia pensado em nada: não conseguiria levar o irmãozinho na motocicleta – ainda mais com ele dormindo. Restava, então, pegar o carro do "pai". Já conseguia imaginar todos os tópicos que Bruce abordaria no sermão quando o afastasse da Batfamília novamente.

— É por uma boa ação... — Jason justificou para si mesmo, abrindo a porta com seus truques aprendidos ao longo dos anos.

Ele pegou Damian e o colocou no banco do carona, o prendendo com o cinto de segurança. Passou a mão pelo rosto do irmão, tentando limpar as marcas de lágrimas. Quanto às marcas das amarras que haviam usado nele nos exames, não tinha muito o que se fazer além de esconde-las: colocou a jaqueta que usava antes sobre ele, como se Damian fosse apenas uma criança que adormeceu numa viagem de carro – o que, de um todo, não era exatamente mentira.

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