Cap. 37

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- Surpresa?! - Joey sorri simpático.

- Você é entregador de pizza nas horas vagas?

- O quê? - Percebo que falei besteira quando olho para as suas mãos e não encontro pizza, mas sacolas que parecem de mercado.

- Ah... o que faz aqui? - Me retrato.

- Bom, como você não vai em nenhum dos nossos jantares, decidi trazê-lo até você! - Fala sorrindo levantando as sacolas.

- Meus Deus, que amor! - Sorrio feliz, tanto pelo óbvio carinho genuíno quanto pela palavra jantar. - Entre, por favor... - Libero a passagem. - Espera... eu não lembro de ter dito onde eu moro. - Quando termino meu raciocínio, eu estou de costas para a inesperada visita e com a porta recém trancada. Me viro e Joey está bem perto de mim, tão perto que me faz encostar na porta.

- Eu sou policial... esqueceu? Foi fácil descobrir onde você mora! - Sussurra.

- Ent-endi... e-eu pedi pizza antes de você chegar.

- Nós podemos comer os dois. - Quase não percebo quando seu corpo de afasta de mim. - Bonita casa.

- Obrigada. Está um pouco empoeirada. O que trouxe?

- Então, vou fazer a minha especialidade, hambúrguer com fritas!

Gargalho. - Entendi.

- O quê? Eu sei que é uma coisa fácil, mas o que eu faço é realmente bom.

- Então, vamos, me deixe impressionada. - Falo enquanto caminho pela sala na frente de Joey para guia-lo. 

Observo enquanto ele pega uma carne pronta, e frita. Quando ele disse que faria hambúrgueres, eu pensei que fosse preparar e temperar a carne ele mesmo, não comprar tudo pronto. Decido não atrapalhar falando algo errado, e estragar o momento. Aprecio o esforço que ele está fazendo procurando meu endereço e preparando nosso jantar. Ele tem a testa franzida, parece concentrado em não deixar queimar. Sorrio com o esforço.

- Deve ser a pizza. Já volto. - Sorrio quando alguém bate na minha porta. Vou até minha bolsa e pego 20 euros antes de atender o suposto entregador.

Desde o barulho de "toc toc", meu sorriso não se desfaz, pelo contrário, só aumenta a cada passo. Acho que tanto pela minha fome, quanto para ser simpática ao abrir. Abro a porta e meu sorriso se desfaz vagarosamente a cada segundo.

- A-ah! Oi, Caityn. - Meu coração dispara e eu congelo involuntariamente. Ainda consigo sentir meu sorriso se esvaindo, até não aparecer mais. - E-eu... ah... essa é a última semana de shows da tour... e estes shows estão sendo aqui em Londres. Chegamos tem pouco tempo. - Com essa oportunidade que Harry me dá para pensar, consigo voltar ao estado normal, e só consigo pensar no que ele veio fazer aqui, logo hoje. Se ele veio conversar, eu quero conversar, mas hoje eu estou um pouco.... ocupada. - E nesse tempo eu... vim todos os dias até aqui, para conversar com você, mas não te achei... - Ele parece muito nervoso, gaguejando e movimentando as mãos enquanto pensa nas próximas palavras. Ele para e pensa um pouco e eu aproveito para reparar na sua aparência. Ele tem o olhar fundo com olheiras, parece cansado. Seu cabelo está mais desgrenhado que o normal, mas impressionante brilhoso. - Pensei que hoje fosse um d-desses dias... não achei que estivesse em casa ou que até mesmo me atenderia. - Sorri fraco e eu concordo involuntariamente com a cabeça. Ele estar tão nervoso, meu deixa confiante. - Então, eu não ensaiei nada...

- Harry...

- Espera, por favor. E-eu sei o que fiz, que te machuquei, mas eu tive motivos. - Ele parece sincero olhando nos meus olhos. Harry umedece os lábios e se aproxima mas sem me tocar. - Eu... quero que você saiba. - Me prendo a sua fala, no final, me sinto tão envolvida e curiosa, que esqueço o mais importante.

- Ah, oi! Está tudo bem? - Joey.

Tomo fôlego e amoleço a expressão que franzia minha testa, coloco um sorriso falso. Piorando a situação, Joey para atrás de mim e segura minha cintura.

- Ah, claro que sim! Joey, a-an esse é o... Harry. Harry e-esse é o Joey. - Harry olha para minha cintura com a testa franzida, não se preocupando se tem duas pessoas presentes percebendo seu descaramento. Ele sobe para meu rosto e fixa seu olhar no meu. Vejo que suas narinas estão alargadas. Harry não responde a minha apresentação e nem se importa com Joey na hora de me encarar. Joey por sua vez, se apressa limpando um pigarro da garganta chamando a atenção.

- Muito prazer, Harry. - Ele estende a mão tomando iniciativa. Engulo seco pensando se Harry vai retribuir ou não.

- Prazer, Joey. - Ele finalmente tira os olhos de mim e sorri de lado, sem mostrar os dentes. Parece tentar ser simpático. Suspiro aliviada. - Eu sou o ex-namorado da Caityn. - Agora ele sorri, até demais, e mostra todos os dentes.

- Ah! É... legal! - Joey parece sem graça, assim como eu. Olho para Harry com os olhos cerrados e ele descaradamente me olha de volta ainda sorrindo. - Bom... eu vou deixar vocês conversando. - Sorrio para Joey que entra rapidamente.

- Sinto muito, eu vim em uma hora ruim. Depois a gente se fala. - Começa assim que Joey nos da privacidade. Harry fecha o sorrio, mas não completamente, ele continua com uma expressão suave. Fico feliz por não ser uma expressão pior, de raiva ou desprezo por exemplo.

- Espera, o que ia me falar? - Toco pela primeira vez em seu braço, coberto por um casaco grosso, quando ele se vira para ir.

- Não é nada importante. Não se preocupe. - Ele me lança um sorriso com covinhas, antes de se afastar.

- Harry... - Ele não está longe o suficiente para não escutar meu chamado, mas mesmo assim, decide me ignora. E pela segunda vez em uma vida, o vejo no elevador, com a porta se fechando vagarosamente.

Mesmo depois da porta fechada, eu continuo ali, a olhando, talvez esperando que ele volte e me dê uma explicação. Perdi as contas de quantas vezes esperei por isso.

- Boa noite, Caityn!? - Olho para frente e um rapaz está me olhando.

- Sim!? - Finalmente saio do transe.

- A pizza.

- Ah! Claro. Aqui. - Entrego o dinheiro. - Obrigada.

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