Cap. 21

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Se eu pudesse descrever esse dia em um animal, seria uma tartaruga. É engraçado como nossos piores dias são os que passam mais devagar. Deve ser porque tudo que queremos é que ele acabe logo para podermos chorar em casa em posição fetal. De qualquer forma tentei ao máximo ofuscar essa tristeza e focar no trabalho. Minha frase motivacional foi: 'Harry é importante, mas ele não é comida nem emprego', consegui sobreviver pensando isso, como um escudo me protegendo da tristeza. Antes eu não sabia os porquês e nem o que fazer, eu ainda não sei os porquês, mas eu sei o que tenho que fazer.

- De acordo então. É sempre um prazer. - Niall se despede antes de todos os homens se levantarem e irem embora. - Agora você. - Se vira para mim. - O que está acontecendo?

- Me perdoa, Sr. Horan. Não deixarei mais problemas pessoais intervirem no meu profissionalismo.

- Que diabos, Caityn. Pode falar direito agora.

- Inferno, Niall! Eu estou tentando ser profissional na frente da minha aprendiz.

- Perdão, Kendra. Se ela não te contou, somos muito amigos.

- Ela disse sim. - Kendra abaixa a cabeça voltando o foco para alguns papéis a frente.

- Fala o que aconteceu.

- O Harry aconteceu. - Falo baixo me aproximando.

- O que ele fez?

- Eu vou tentar resolver, depois eu te conto. Pode ser?

- Tudo bem. - Suspira. - Mas, melhore logo ou então demito você. - Ele sorri se aproximando de mim com os braços abertos.

- Faça isso e procure outra pessoa para te fazer favores tarde da noite. - Retribuo o rápido abraço. Quando me separo Kendra está nos olhando. - Não desta forma, Kendra!

- Eu não pensei em nada. - Sorri.

- Bom, eu já vou para casa. Vamos?

- Eu tenho umas folhas para terminar então, pode me deixar na empresa.

- Pode ficar mais um pouco se quiser. - Niall propõe.

- Se não te incomoda, já estou no fim.

- Leve o tempo que precisar. De qualquer forma esses documentos beneficiam a mim, então...

- Kendra. - Me aproximo. - Obrigada por hoje, você não precisava, foi descuido meu.

- Não foi nada.

- Até depois. Tchau Niall, beijos. - Jogo um tchau no ar para os dois. Vou até Elizabeth na cozinha, nunca saio sem me despedir dela.

Antes que eu passasse pela porta de entrada e saída, Elizabeth me disse: "Faça o que tem que fazer!" Todo o caminho até minha casa eu pensei nisso. Seria humilhação ir até ele ou o mais sensato a se fazer?

- Droga, Elizabeth. - Xingo quando chego na portaria do condomínio de Harry. - Boa noite, Sr. Joel.

- Olá, Caityn. Harry, certo?

- Sim.

- Quer que eu avise?

- Não! Está tudo bem. Quero fazer uma surpresa. - Não minto, eu realmente quero surpreende-lo.

- Tudo bem. - Recebo um sorriso gentil antes de continuar o caminho.

Estaciono em frente sua casa e vejo que algumas luzes do andar de cima estão acessas. Ele está em casa. Respiro algumas vezes e saio do carro devagar. Se ele estiver com outra?

Paro em frente a porta e não consigo mover um músculo, fico na posição psicopata encarando a madeira branca. Esfrego a palma das mãos na coxa coberta pela saia social azul escura, na intenção de conter o suor frio. Eu tenho a chave, mas não tenho certeza se é melhor usá-la ou bater. Mas sei que ficar parada não vai me levar em nada.

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