Capítulo 15

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Miguel me olhava como se não acreditasse no que eu acabei de falar para ele. E sério não me julguem, eu estava apenas pensando como uma mãe que quer o bem do seu filho, não queria nem por um minuto pensar em que o Lucas poderia ser o pai, antes o Miguel do que Lucas, pelo menos eu sei que ele e uma pessoa direita e que também pode ser um ótimo pai para esse bebezinho.

- E quem garante que esse bebê e meu? Você tava envolvida com o Lucas. - falou Miguel que me encarava.

- Já falei que eu e o Lucas terminamos a muito tempo e aquelas fotos são antigas e outra você sabe muito bem que a gente transava sem camisinha. - falei baixo, afinal estávamos em um lugar público.

- A gente pode conversar mais tarde, agora tenho que voltar para o batalhão.

Assim que o vi ir embora, minha cabeça estava a mil, e eu só conseguia pensar que ele não iria aceitar esse bebê, mas por um minuto isso tinha se passado pela minha cabeça, que ele não aceitaria. E se não aceitasse tudo bem, eu iria criar o meu filho com muito amor e iria batalhar muito para que nada faltasse pra ele. Paguei a água de coco que tinha pedido e fui direto para o ponto de ônibus para ir a faculdade, depois da faculdade eu já estava com planos de ir pra casa da minha mãe, fazia um tempo que eu não ia na sua casa e também eu estava morrendo de saudades dela.

As aulas tinham passado voando, por mais que minha cabeça estivesse cheia, eu precisava me concentrar nas aulas e garantir notas boas. Assim que sai já fui pegar o ônibus que passava perto da casa da minha mãe e para a minha surpresa ele estava lotado, tinha muita gente da faculdade que morava na favela, então essa hora sempre tava cheio.

Quando sai do ônibus pude finalmente respirar, já estava me sentindo uma sardinha, fora que estava um calor e isso estava me deixando muito enjoada. Peguei a minha garrafa de água e bebi tudo de uma vez, fazia um calor insuportável por mais que estivesse de noite.

- Quem e viva sempre aparece né. - olhei e vi a Gaby e eu a odiava como nunca e escutar seu comentário só fez meu sangue subir.

- Na rua essa hora Gaby? Tá esperando algum homem casado? - perguntei com deboche.

- Só se for o seu marido querida.

- Olha aqui que eu saiba não tenho nenhum marido, mas pode ficar com o meu resto, como sempre ficou.

Eu e Gabi costumávamos a ser amigas, porém um dia eu a peguei na minha casa na cama com o Lucas e aquilo foi o bastante para acabar com a nossa amizade pra sempre. Entrei na casa da minha mãe sem nem olhar na cara da Gabi, ela me dava nojo.

- Filha que saudade! - minha mãe assim que me viu veio me abraçar.

- Eu também estava morrendo de saudade mãe. - abracei ela.

- Vem eu fiz a sua comida preferida. - falou mamãe já me arrastando para a cozinha.

Olhei para a mesa e parece que ela estava adivinhando que eu estava desejando comer sua lasanha, aquilo fez minha boca encher de água e eu já fui logo pegando um prato e me servir. Passei o restinho da noite com a minha mãe, eu estava com tanta saudades que não queria desgrudar por um minuto. Fui até o meu antigo quarto e tudo estava do mesmo jeito que eu tinha deixado, a única coisa que mudava e que agora tinha uma cama de solteiro e um pequeno guarda roupa no canto.

- Eu comprei um cama nova, pra quando você viesse tivesse lugar pra dormir. - falou mamãe.

- Não precisa mãe, não precisava gastar dinheiro com isso. - abracei minha mãe.

Minha mãe sempre foi assim, tirava de onde não tinha pra me dar as coisas, eu lembro que quando eu era pequena eu queria muito uma boneca Barbie que na época não era nenhum pouco barato e quando eu pedi, minha mãe falou que não tínhamos dinheiro e eu entendi e fiquei triste por um tempinho mas depois passou, e depois de uns dias minha mãe apareceu com a boneca.

Posso passar na sua casa pra gente conversar?

Olhei a mensagem que Miguel tinha me mandado, e eu o ignorei, estava tão cansada que queria apenas descansar.

Acordei com uma luz branca na minha cara e quando olhei ao redor, percebi que estava em um hospital, e rapidamente as memórias me pegaram em cheio, eu lembrava que Lucas tinha me batido e que logo em seguida teve invasão no morro e eu tive que fugir e me esconder. Lembro do beco e também me lembro de sangue muito sangue, olhei rapidamente para a minha barriga e percebi que ela já não estava mais tão pontudinha como estava antes, eu estava me sentindo vazia.

- Camila? Que bom que você acordou, as notícias não são muito boas, mas o importante e que você está bem agora. - falou o médico que entrou na sala me tirando dos meus pensamentos.

- Cadê meu bebê? - perguntei.

- O bebê não resistiu a tudo. - falou o médico.

A não meu bebezinho não, tudo menos o meu bebê, eu tinha perdido minha salvação, tinha perdido meu anjinho, eu não tinha conseguido salvar ele daquele inferno e ele não resistiu a tudo.

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Olá meus amores! Demorei um pouquinho para postar, me desculpem, mas enfim espero que gostem do capítulo e boa leitura!


A vida por um fioOnde histórias criam vida. Descubra agora