Capítulo 31

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Miguel narrando:

Já se fazia mais de uma semana que a operação não tinha andamento nenhum, até porque estávamos sem informação nenhuma. A não ser por um cara que tínhamos infiltrado no morro, mas mesmo assim não ajudava em nada. Eu precisava de informações de onde ficava as drogas, as armas, porque sempre que o BOPE invadia o morro eles estavam armados até os dentes. Tudo tinha que ser muito bem planejado, o BOPE queria pacificar o morro da Rocinha e esse e o objetivo, porém não podíamos invadir sem saber de nada, o foco era prender Lucas já que sua ficha está imunda.

Eu tinha que tirar essas informações de Camila, sabia que ela tinha sido a fiel de Lucas a um tempo atrás, mas não e possível que muita coisa tenha mudado. Eu me sentia péssimo por ter que usar ela dessa maneira, mas também queria acabar com aquela raça nojenta de traficantes que dominavam o morro. O meu relacionamento com Camila ficava cada vez melhor, ela e uma mulher incrível, mas não podia me esquecer do meu objetivo de ter me aproximado dela, por mais que viesse um filho nosso a caminho, eu sempre pensava em esconder isso ao máximo, não quero que ela saiba que me aproximei dela para tirar informações do morro.

Hoje eu tinha reservado uma mesa em um restaurante de frente a praia, eu sabia que ela ama esse lugar e hoje eu precisava fazer com que ela confiasse em mim ao máximo. Ao mesmo tempo que olhava nos olhos de Camila e segurava suas mãos, podia ver o misto de sentimentos que ela estava expressando, ela sabia dos riscos sobre contar tudo o que acontece na Favela, mas também sabia que eu jamais deixaria algo acontecer com ela ou com meu filho.

Camila narrando:

Eu não sabia dizer o que eu sentia, era um misto de sentimentos, sentia medo, angústia e um pouco de falta de confiança, por mais que eu tivesse um laço eterno com o Miguel, não sabia se deveria confiar nele ou não, até porque minhas experiências em confiar em alguém não foram boas. Mas o tempo que já estávamos juntos, me mostrava que talvez eu devesse confiar nele mais do que confio, sabe quando você sempre tem o pé atrás com qualquer pessoa? Então eu me sentia assim.

- Eu conto, mas você tem que me prometer que nunca vai deixar algo acontecer com o nosso filho. - falei enquanto olhava nos seus olhos.

Meu medo não era que algo acontecesse comigo, eu já tinha vivido tudo de pior ao lado do Lucas no morro, mas eu não suportaria a dor de perder outro filho.

- Jamais, você sabe que eu te amo e amo demais o nosso bebê. - falou Miguel que passou a mão pela minha barriga.

Eu amo demais o Miguel, mas o que me deixava muito mais confusa, era esse pé atrás que eu tinha.

Contei tudo o que sabia ao Miguel e ele prestava atenção a todos os detalhes possíveis. Eu sabia a onde estavam as armas que Lucas guardava, a onde ficava todas as armas dos vapores, a onde ficava toda a droga. Tudo o que eu sabia e lembrava eu havia contado.

- Você não sabe o quanto ajuda na nossa operação contando essas coisas, se tudo acontecer como o planejado aquela favela vai ter finalmente paz. - falou Miguel.

- Eu espero. - sorri sem mostrar os dentes e foquei no cardápio em minhas mãos.

As vezes eu me lembrava de tudo o que aconteceu quando eu estava com o Lucas e não podia deixar de me sentir orgulhosa por ter saído daquela situação viva.

Eu e Miguel já havia feito o nosso pedido e eu estava bebendo meu suco de abacaxi que no caso e o meu preferido, enquanto olhava o pessoal entrando na água e algumas crianças brincando perto do mar.

- Já tá na hora de descobrirmos o sexo do bebê não acha? Ou ainda vai querer esperar? - falou Miguel me tirando dos meus pensamentos.

- Eu estava pensando em fazer alguma coisa, tipo um chá de bebê ou um chá revelação, o que você acha? - perguntei.

- Eu acho incrível você pensar nisso, achei que não queria fazer nada, até por conta da situação da sua mãe.

Eu até que não queria fazer nada, só queria uma gravidez tranquila e sem muito alvoroço, mas também queria que tudo do meu bebê fosse especial, desde o seu chá revelação ou até mesmo seu chá de bebê,  queria que ele tivesse tudo. Por mais que minha mãe estivesse com câncer, eu também acho que ela adoraria a idéia, mas isso tudo só aconteceria se ela melhorasse.

- Eu quero que ele tenha de tudo. - passei as mãos pela minha barriga. - Mas também, quero minha mãe presente.

Terminamos de almoçar e Miguel me deixou em casa, queria conversar com a Mel e com a minha mãe sobre um possível chá revelação ou um chá de bebê, mas eu seria capaz de esperar para poder realizar um chá revelação, até porque eu achava muito mais legal que um chá de bebê.

Assim que cheguei em casa vi que minha mãe dormia tranquilamente no sofá, enquanto passava um novela na televisão, vi que a mel ainda não tinha saído para trabalhar e fui direto para o seu quarto.

- Amiga, eu estava pensando em fazer um chá de bebê ou um chá revelação o que você acha? - falei já me sentando em sua cama.

Mel estava se olhando no espelho, enquanto procurava uma roupa para ir trabalhar, isso porque ela já tinha feito a maior zona do mundo no quarto. Roupa jogada em tudo quanto e canto do quarto.

- Eu acho ótimo, aliás você já deveria ter pensado nisso, porque eu se fosse você já estaria louca para descobrir o sexo desse bebê. - falou mel que provou mais uma calça.

- Mas também tem a situação da mamãe e o câncer e uma doença bem improvável, nunca se sabe o que vai acontecer. E eu queria que ela estivesse bem. - falei enquanto olhava a mel arrumar sua bolsa.

- Você deve falar com ela, agora pode tirar essa bunda da minha cama, que eu já estou indo. Nasci linda, mas não rica, infelizmente. - falou mel que colocou as alças da bolsa em seu ombro.

Vi Mel saindo de casa para trabalhar e já fui logo beliscar algum doce dentro da geladeira, com mamãe aqui em casa, ela sempre fazia alguma sobremesa. Olhei na geladeira e acabei achando mousse de maracujá com chocolate em cima e já fui logo me servir.

- Oi filha, não vi quando você chegou. - falou mamãe se sentando no sofá.

- Mãe quero conversar. - falei indo até o sofá e me sentando ao seu lado.

Ver minha mãe sem muita coragem para nada me deixava bem para baixo, ela sempre foi tão ativa e agora com o câncer ela sempre está indisposta.

- O que você acha de fazermos um chá revelação para o bebê? Porque chá de bebê eu acho meio brega. - falei enquanto comia um pedaço do doce.

- Filha eu acho ótimo, eu ficaria muito feliz que você fizesse algo e eu espero estar bem para poder ver você feliz. - falou mamãe.

Eu tinha a melhor mãe do mundo e eu nem precisava descrever muito sobre isso, ela sempre foi mãe e pai para mim, nunca me deixou faltar nada e sempre me deu muito amor e eu a amava por isso.

Mas esse chá revelação iria acontecer, e essa semana eu iria acompanhar minha mãe em seu tratamento para ver se ela vai estar "bem" na festa.

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Olá meus amores, desculpa pela demora para postar um novo capítulo, porém eu vou postando conforme quantas visualizações vai alcançando. Mas espero que gostem do capítulo, um beijão e boa leitura.




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