Acordei pela manhã sentindo fortes dores abaixo da barriga, mas como eu e o Miguel tivemos um alarme falso semana passada, e a médica havia nos tranquilizado que isso poderia acontecer com frequência já que estou de 40 semanas, literalmente esperando meu filho querer vir ao mundo. Fiquei inspirando e expirando pela parte da manhã inteira, eu pedi para que Miguel fosse trabalhar mesmo eu sentindo essas dores insuportáveis, porque eu tinha quase certeza que seria alarme falso mais uma vez. Dona Marta sempre vinha pela manhã assim que o Miguel saia para trabalhar e hoje aqui estava ela mais uma manhã, fez questão de me trazer o café da manhã na cama, mas da mesma forma que ela havia trago estava, eu não conseguia comer nada, não conseguia me concentrar em nada só na dor que estava sentindo. Como tivemos o alarme falso semana passada, eu já tinha deixado tudo pronto, quanto a minha mala maternidade quanto a do bebê, nessas últimas semanas terminamos o quartinho também, colocamos o resto dos móveis que faltava e a decoração.
- Camila querida, acho melhor ligarmos para o Miguel, não tô aguentando ver você sofrer desse jeito. - falou dona Marta que pegou uma toalha de rosto e secou o suor que escorria pela minha testa.
- São só.....contrações de treinamento....a senhora pode ficar tranquila....não precisa atrapalhar o Miguel. - falei inspirando e expirando fundo.
Na última contração, senti um líquido transparente escorrer pelas minhas pernas, merda! A bolsa tinha estourado.
- Aí meu Deus! Querida eu vou pegar as bolsas e você fica aqui quietinha, tenta andar um pouco, isso vai ajudar na dilatação, eu vou ligar para o Miguel. - falou dona Marta tentando me tranquilizar.
Peguei uma toalha e tentei secar o líquido que escorreu pelas minhas pernas, mesmo sentindo uma dor insuportável, eu tentava ao máximo manter a calma, inspirava e expirava várias vezes na tentativa de amenizar a dor, mas eu queria mesmo era gritar, gritar muito. Que dor insuportável, coloquei minhas rasteirinhas nos pés, porque literalmente e o único sapato que ainda serve nos meus pés que parecem dois pães.
- Liga para a Melissa também dona Marta, avisa que vai nascer. - falei andando pela casa bem devagar parecendo uma doida.
Nesse momento eu só pensava na minha mãe e em como eu queria que ela estivesse aqui, eu sei que ela saberia exatamente o que me falar e também como agir comigo nesse momento. Era muito ruim pensar que eu nunca iria ver ela e que ela não veria meu filho crescer, isso me doía tanto, porque na minha primeira gravidez, por mais que Lucas fosse um babaca minha mãe amava tanto a neném, e perder a bebê foi um choque grande para nós duas.
- Camila, vem querida. O Miguel está nos esperando no estacionamento, consegue segurar em mim? - falou dona Marta que segurava as malas e ainda tentou me dar uma mãozinha.
- Con.....si.....go. - falei tentando inspirar e expirar, mas essa bosta não estava funcionando mais.
Assim que descemos pelo elevador o Miguel veio correndo até a dona Marta, pegou as malas rapidamente e veio me ajudar. Nossa sorte é que já tínhamos deixado tudo preparado, até o bebê conforto já estava acomodado no carro. Depois de alguns minutos eu já podia escutar somente os meus gritos no carro e dona Marta tentando me ajudar, enquanto Miguel dirigia que nem um louco, eu nem havia percebido que ele ainda estava de uniforme e nossa como ele ficava lindo naquele uniforme. Depois que chegamos no hospital, foi tudo muito rápido, a enfermeira já trouxe a cadeira de rodas e me levou para a sala em que eu me prepararia antes de ir para a sala de parto.
- Dona Marta você avisou a Melissa? - perguntei enquanto a enfermeira me forçava a fazer alguns exercícios para ajudar na dilatação.
- Avisei querida, ela já está a caminho. - falou dona Marta que parecia nervosa e ansiosa ao mesmo tempo.
Miguel veio até a mim e segurou minha mão enquanto a enfermeira me auxiliava no exercício, o jeito que ele me passava segurança com o olhar era inexplicável, eu o amo tanto e amava mais ainda por estar aqui comigo nesse momento. Depois que minha mãe morreu Miguel ficava o tempo todo do meu lado e me ligava em todos os intervalos ou um meio tempo que ele tinha no trabalho, e isso me fazia sentir menos sozinha e pensar menos na morte na minha mãe. Senti mais uma pontada e caramba que dor insuportável, acabei gritando alto e Miguel me olhou assustado.
- E assim mesmo, vamos fazer o toque, para ver se já atingimos o 10 cm. - falou a enfermeira.
Logo em seguida entrou a médica que havia me acompanhado durante a minha gravidez toda, até que ela foi bastante cuidadosa na hora de fazer o toque, mas nossa e horrível é um constrangimento enorme.
- vamos para a sala de parto agora. - falou a médica assim que terminou o toque.
Miguel teve que ir se paramentar antes de entrar e dona Marta tinha que ver tudo pelo vidro, assim que eu vi minha melhor amiga do lado de dona Marta me senti mais tranquila e dei um sorriso daqueles de "que alívio". Assim que me sentei na maca para poder dar a luz ao meu filho, apoie meus pés na onde o médico pediu e eu já estava preparada para fazer o máximo de força possível. Miguel se posicionou ao meu lado e segurou minha mão e me lançou aquele olhar "eu estou aqui com você" e já foi o suficiente para que eu fizesse o máximo de força possível, eu podia sentir a dor terrível e mesmo assim eu continuava, podia sentir o suor escorrendo pelo meu rosto e o médico falando para empurrar mais um pouco que meu filho viria.
Eu só conseguia lembrar da minha mãe nesse momento e da dor insuportável que eu sentia, eu queria tanto que ela estivesse ao lado de Miguel segurando minha outra mão, eu tenho certeza que esse seria um dos momentos mais felizes de nossas vidas. Voltei a me concentrar na força que fazia e rapidamente pude escutar um chorinho de neném, meus olhos automaticamente se encheram de lágrimas, meu filho tinha nascido, pude soltar um suspiro alto de alívio.
- Ele está perfeito! - falou o médico. - Vamos levar para a pesagem, teste do pesinho e já entregamos ele pra você mamãe, meus parabéns você foi forte o tempo inteiro.
Escutei as palavras do médico e pude ver Miguel todo besta indo atrás das enfermeiras para ver o que elas estavam fazendo com o nosso filho. Olhei para o vidro e dona Marta e Melissa olhavam encantada para o pequeno serzinho que depois de pesado foi posto em cima do meu peito. Eu só conseguia chorar, chorar de felicidade, ele é simplesmente perfeito, finalmente pude sentir aquele amor de mãe que tanto me falaram a vida toda, eu amava aquele pequeno serzinho desde a barriga e esse sentimento vendo seu rostinho agora só tinha aumentado.
- Eu te amo tanto filho, você é tão perfeito. - passei a mão pelo seu rostinho sereno e dei um beijo em sua testa.
- Ele é perfeito amor, você foi tão incrível, nosso menino! - falou Miguel encantado olhando o pequeno no meu colo.
Logo pudemos escutar o seu chorinho fino, certeza que era de fome, a enfermeira veio até a mim e me auxílio para que ele pudesse pegar o peito, senti uma forte fisgada no meio seio e nossa a dor incomodava bastante, mas só de ver o meu filho se alimentando em um momento só nosso, eu podia sentir meu peito emanar alegria e felicidade. Miguel olhava para mim e para o neném encantado o tempo todo, eu podia ver seu sorriso enorme por de baixo da máscara.
- Que nome vamos dar para ele? - perguntou Miguel olhando o nosso filho sugar o meu peito.
- Bernardo.
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Olá meus amores, me perdoem pela demora do capítulo, porém estava sem criatividade e a rotina muito corrida, mas espero que gostem do capítulo, um beijão e até o próximo.
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A vida por um fio
RomanceCamila com apenas 20 anos, já e uma menina bem decidida, sempre foi muito esforçada nunca esquecendo de onde veio, porém ela esconde um passado nada bom, talvez se envolver com um traficante não tenha trazido bons frutos para a sua vida, mas com a v...