Capítulo 26

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  3 anos atrás....

Hoje era dia das mães e eu estava mais feliz do que nunca, eu iria comemorar o dia das mães carregando minha menininha. Quando descobri que estava esperando uma menina, não pude conter minha alegria, eu estava tão feliz me sentia tão completa, parece que minha filha estava trazendo casa dia mais alegria e cor para os meus dias cinzas. Olhei a favela inteira pela vista da janela da casa em que moro com o Lucas, em falar nele, ele tinha dormido fora de casa mais uma vez e isso me deixou um pouco desanimada, esperava que no mínimo ele pudesse passar este dia ao meu lado, mas ele não dava a mínima pra isso. Passei a mão pela minha barriga mais uma vez, admirando o volume que já se formava, minha menina estava grande, saudável e muito agitada, não parava de se mexer por um minuto, eu já amava tanto minha filha sem nem ao menos conhecer o seu rostinho, sentia um amor inexplicável.

Coloquei um vestido colado e calcei nos pés uma havaianas brancas, meus pés estavam inchados e eu não queria nada me apertando ou incomodando. O almoço seria aqui em casa e minha mãe viria, ela está tão feliz com a minha gravidez, parece que tudo estava se resolvendo aos poucos, a gente estava voltando a se falar e voltando também e conviver juntas, minha mãe não aceitava nem um pouco minha relação com o Lucas, mas estava tentando e isso já me animava muito, sabia que com a chegada da nossa menina o Lucas mudaria completamente, afinal o sonho dele sempre foi ser pai.

- Helena o que você tá fazendo aqui? Eu te dei folga hoje, pode ir ficar com seus filhos. - falei enquanto descia as escadas.

Helena trabalhava aqui em casa de segunda a sexta, por conta da gravidez muitas coisas eu já não fazia como antes, por conta da barriga muitas coisas ficavam limitadas para mim, mas ficava feliz com sua companhia assim eu não me sentia tão sozinha, já que o Lucas não deixava eu trabalhar e nem ao menos fazer uma faculdade, então conversar com Helena e ajudar ela em algumas coisas aqui em casa ocupava bastante o meu tempo.

- Hoje e dia das mães e não podia deixar de passar aqui para te desejar um feliz dia das mães, será seu primeiro de muitos dia das mães ao lado dessa bebezinha, sei que você vai ser uma ótima mãe. - falou Helena que passava sua mão pela minha barriga.

- Muito obrigada Helena, eu te desejo o mesmo, sei que você e uma mãe incrível. Agora vai para casa aproveitar seu dia também. - disse emocionada.

Levei Helena até o portão e vi minha mãe subindo o morro com uma tigela que parecia estar pesada na mão, fui correndo ajudar ela a trazer tudo.

- Filha você não pode pegar peso, pode deixar que eu me viro. - falou mamãe tentando pegar as sacolas que estava na mão de volta.

- Estou grávida, não doente.

Tinha feito lasanha para o almoço e um bolo de chocolate para a sobremesa, mas sabia que minha mãe tinha trazido mousse de maracujá que era o meu preferido.

- O Lucas não está? - perguntando mamãe enquanto tirava as coisas de dentro da sacola.

- Ele está ocupado, mas talvez venha para o almoço, deixa eu te ajudar com tudo isso. - me ofereci para ajudar ela a guardar as coisas na cozinha.

Desde que tinha descoberto a gravidez, mamãe fazia questão de trazer frutas, legumes e muitas outras coisas saudáveis, ela cansava de falar que eu não me cuidava. Minha mãe me ajudou a montar a mesa e comemos juntas, enquanto falávamos sobre coisas aleatórias, eu amava esses momentos com a minha mãe eles eram únicos. Depois que minha mãe foi embora fui lavar toda a louça do almoço e depois fui descansar até porque a barriga já estava começando a pesar.

- Jp? O que você quer? - acordei assustada com a ligação de Jp, até porque quando ele me ligava não era coisa boa que vinha.

- Ae Juliana tá indo de ambulância para o hospital, o Lucas desceu o cacete nela, ele tá subindo malzão pra casa, encheu o nariz de pó, se eu fosse tu ia pra casa da tua mãe, lá você e a neném vai tá mais segura.

Eu conhecia Jp na época da escola, ele sempre me ajudou muito em relação ao Lucas, tentava me proteger ao máximo, mas não dava mais para se proteger de algo que você já tá encrencada até o pescoço. Jp era uma pessoa boa, mas estava se perdendo trabalhando na boca e sujando sua ficha cada vez mais com a polícia.

- Camila? Cadê você sua vagabunda! - escutei os gritos de Lucas.

Peguei algumas peças de roupa e coloquei na mochila, estava decidida a ficar na minha mãe por um tempo, seria melhor para a bebê, ficar aqui era um perigo para nós duas.

- A onde tu pensa que vai? Tu e minha e não vai pra lugar nenhum! - falou Lucas que puxou meu braço com força me jogando no sofá.

- Eu tô indo embora, não vou ficar em casa com você drogado. - levei do sofá colocando a mochila nas costas.

- Já falei que mulher minha com filho meu não vai a lugar nenhum! - Lucas gritou mais uma vez comigo e me puxou com força pela alça da mochila.

- Eu vou pra onde eu achar que e melhor para a minha filha! - gritei com o Lucas o empurrando para longe de mim.

- Tu e uma vagabunda mesmo né? Mas hoje tu vai aprender a me respeitar, vai aprender que mulher minha só sai daqui se eu mandar. - Lucas veio até mim e me deu um tapa na cara.

Por um momento perdi meu sentido e senti meu corpo tombar, Lucas foi rápido o bastante para me derrubar no chão e começar sua sessão de tortura com socos e chutes, tentava ao máximo proteger minha barriga, mas estava ficando impossível, já que sentia meu corpo fraco por conta das pancadas.

- Tu não leva filho nenhum meu! Tu só sai daqui morta. - Lucas me puxou pelo braço e me deu um chute com força na barriga.

A dor foi instantânea, senti meu corpo cair novamente no chão e tentei me levantar com as poucas forças que tinha, passei minha mão pela boca para limpar o sangue que saia sem parar. Escutei barulho de tiro e de pessoas gritando, sabia que a polícia estava invadindo o morro mais uma vez.

- LA tu tem que colar aqui na boca agora, os verme tão invadindo tudo. - escutei alguém chamar o Lucas pelo rádio que estava preso na cintura da sua calça.

- Depois eu termino contigo, sua piranha! - escutei os passos de Lucas ficarem cada vez mais distantes.

Me levantei do chão com a pouca força que tinha e peguei minha mochila que estava jogada no sofá, sai de casa o mais rápido que podia, essa era a oportunidade de me livrar desse mostro e eu faria de tudo para ter uma vida melhor e para dar uma vida melhor para a minha filha. Andava pelos becos da favela com pressa, não queria ser acertada por nenhuma bala perdida, mas sabia que estava propensa a isso, me sentei em uma escadinha apertada no beco e foi aí que eu senti algo escorrendo pela minha perna.

- Não, não não não, isso não pode tá acontecendo. - olhei para a minha perna e via que estava escorrendo sangue para todo lado.

Passei a mão na minha barriga e vi que eu não parava de sangrar, comecei a chorar e gritar desesperada por socorro, mas ninguém me ouvia por causa do barulho dos tiros, eu me sentia desesperada, sentia que estava perdendo minha menininha.

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Olá meus amores, desculpem a demora para postar estava sem criatividade nenhuma, mas hoje ela resolveu dar as caras, enfim desejo a todas as mamães um feliz dia das mães. Espero que gostem do capítulo e boa leitura.

A vida por um fioOnde histórias criam vida. Descubra agora