Capítulo 23

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Já era a quarta roupa que eu vestia e não me cabia e isso estava me deixando estressada e também me fez perceber que eu não estava ligando muito para a gravidez, já que eu andava com a cabeça cheia entre o tratamento de câncer da minha mãe e as dividas para pagar. Miguel me ajudava muito, ele me ajudava a pagar o tratamento da minha mãe e me dava muito apoio e também fazia sempre questão de lembrar das minhas consultas médicas, já que eu sempre estava esquecendo e a médica ligando para ele perguntando porque eu não estava comparecendo as consultas do pré natal. E ver que a maioria das minhas roupas não estavam servindo mais, me mostrava que eu estava esquecendo que estava grávida e com essa confusão toda na minha cabeça, eu mal teria paciência para ir em uma loja comprar roupas mais folgadas. Assoprei frustrada e acabei por vestir uma legging preta e uma blusinha de alcinha larga, calcei a sapatilha, arrumei os cabelos e estava pronta, hoje minha mãe iniciaria a quimioterapia e eu poderia dizer que estava muito mais nervosa que ela, não sabia como ela iria reagir e isso me deixava preocupada e ansiosa.

- Mãe tô pronta, o Miguel vai passar pra buscar a gente. - falei pegando minha bolsa pequena e saindo do quarto.

- Senta aqui filha, você precisa se alimentar, quase não tem barriga, nunca vi uma grávida sem barriga. - falou mamãe que colocava bolo, pão de queijo e pão francês na mesa, acompanhado de um cafezinho fresco.

Amor já estou a caminho, chego em 20 minutos, beijos.

Olhei a mensagem de Miguel e voltei a minha atenção para a mesa que mamãe tinha preparado. Eu tinha feito ela ficar no apartamento comigo e com a Melissa, até eu me decidir se queria que ela ficasse aqui ou se eu fosse para o morro ficar com ela, porque a mesma não parava de reclamar com saudades de casa. Peguei um prato e fui logo me servir, até porque essa gravidez estava me fazendo ficar faminta sempre, parece que quanto mais eu comia, mas o bebê queria mais. O caminho todo até a clínica, eu me sentia cada vez mais apreensiva eu tinha pesquisado na internet como o corpo do paciente poderia reagir após a quimioterapia, então uma parte de mim sabia que não seria nada fácil.

- Senhora Tereza Santos da Costa. - chamou a recepcionista assim que chegamos na clínica.

- Estou aqui. - falou mamãe.

- Preciso que a senhora me acompanhe até a sala onde iremos iniciar sua primeira sessão de quimioterapia. A senhora veio acompanhada? - perguntou a recepcionista.

- Eu sou a filha dela vou acompanhar. - falei enquanto observava as outras pessoas que estão na clínica.

- Amor vai ficar tudo bem tá? Eu passo mais tarde pra buscar você e sua mãe. - falou Miguel que me deu um beijo rápido e saiu logo em seguida.

As vezes eu me sentia um pouco sozinha em relação ao Miguel, mas sabia que ele estava fazendo o que podia, ele já estava me ajudando a pagar as consultas tudo, o que não era muito barato, porque eu ainda tinha que ajudar em casa e tinha a faculdade, estava me desdobrando para conseguir dar conta de tudo e no final do dia sentia que não conseguia dar conta de nada. Acompanhei minha mãe e a recepcionista até uma sala onde tinha outras pessoas recebendo a quimioterapia, algumas pareciam bem outras já bem debilitadas.

- A senhora pode se sentar aqui, vou aplicar diretamente na sua veia junto com o soro, a senhora pode sentir um pouquinho de ardência. O máximo que pode demorar e meia hora, vou ficar aqui o tempo inteiro e quando terminar vou passar os remédios chamados de  "terapia de suporte" para amenizar os efeitos colaterais. - enquanto a enfermeira falava eu prestava atenção em tudo.

Já tinha se passado vinte minutos e minha mãe parecia forte, enquanto isso eu olhava os outros pacientes ao redor, aquilo era tão triste eu jamais imaginaria ver minha mãe nessa situação, mas faria de tudo para que ela pudesse ficar bem o mais rápido possível. Eu estava sentada em uma poltrona do lado da minha mãe e a todo momento eu segurava sua mão, eu amava tanto ela.

- Te ver assim com o meu netinho na barriga e o que me motiva sabia, eu sempre quis ser avó e eu vejo que você e o Miguel vão ser ótimos pais para esse bebezinho, quero estar aqui para ver o rostinho desse bebê e se eu não estiver fale a ele que a sua avó amava ele demais. - falou mamãe enquanto passava sua mão pela minha barriga já aparente e redondinha.

- Mãe, eu já falei que você vai ver o rostinho desse bebê. - falei apertando sua mão e sorrindo para a mesma.

Depois que pegamos a receita dos medicamento que a enfermeira tinha falado, e eu tinha que comprar o quanto antes. Assim que saímos do hospital eu sentia minha mãe meio cabisbaixa e sem ânimo nenhum, acabei pedindo um Uber já que não deu para o Miguel vir buscar a gente. Quando chegamos no apartamento, minha mãe foi direto para o meu quarto deitar e eu sabia que ali só estava começando a sua luta contra o câncer e também sabia que eu teria que ser muito mais forte do que eu estava sendo para ela quando para esse bebezinho que estava a caminho.

Meu celular não parava de tocar na bolsa e assim que vi que era melissa me ligando achei estranho, ela nunca ligava sempre mandava mensagem.

- Amiga.....preciso da....sua....ajuda....eu tô em um beco do morro....perto da padaria do seu Zé.

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Olá meus amores, gostaria de dizer que estou muito feliz com a quantidade de visualizações que a história está tendo, só tenho a agradecer cada leitor que acompanha, enfim um beijão e boa leitura



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