Capítulo 28

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Carolina narrando:

Os dias passam naturalmente sem grandes problemas ou surpresas. Nossas duas primeiras idas ao orfanato tinham saído como o planejado e estávamos super empolgados com o projeto.

Pedro apesar de não falar nada, me deixava tensa com seus olhares e sorrisos afetuosos para mim, como se já soubesse que eu iria aceitá-lo. Mas cada dia que passava eu me sentia mais pressionada e preocupada com o final deste desfecho.

Como prometido, passei a orar sobre isso, se realmente era da vontade de Deus que ficássemos juntos, porém, tudo o que eu sentia era inquietação e medo de magoá-lo.

Em contrapartida disso, me pegava muitas vezes pensando no Erick, nesses momentos eu balançava minha cabeça com a intenção de dispensar esses pensamentos e tentava me concentrar em outra coisa.

Sentia um certo distanciamento entre eu e ele desde o piquenique no orfanato, mas logo afirmava em minha mente que ele não tinha obrigação nenhuma de dar atenção a mim.

Em um certo dia, minha tia vem até o quarto onde estou e me olha com um sorriso.

-Você tem visita.

-Quem é? -pergunto com uma leve expectativa de que seja o Erick.

-Uma mulher chamada Isabel, ela disse que a você a conhecia.

-O nome parece familiar, mas não me lembro de nenhuma Isabel. -digo dando de ombros.

-Bem, eu acho melhor você ir até lá, ela está na sala te esperando.

-Tudo bem. -saio do quarto acompanhada por minha tia e caminho até a sala.

E qual não é a minha surpresa ao encontrar a mãe do Erick sentada no sofá da sala.

-Dona Isabel?

Ela se levanta no mesmo instante e me olha atentamente.

-Olá, Carolina. Eu preciso falar com você.

-Eu vou deixar vocês conversarem à vontade. -minha tia diz e sai nos deixando sozinhas.

-Sente-se. -digo já me posicionado no sofá ao lado direito do seu. -Estou ouvindo.

Ela também se acomoda no outro sofá e olha ao redor.

-Esta casa é pequena, mas parece adequada para uma família morar.

-Obrigado, eu acho. -digo surpresa com sua fala. -Mas o que você gostaria de falar comigo?

Isabel pigarreia e me olha com determinação, sem falhar por nenhum momento com sua pose de autoridade.

-Eu gostaria de saber o que você fez com meu filho.

Mais uma vez me surpreendo com suas palavras e olho para ela em completa confusão.

-Desculpa senhora, mas eu não sei se entendi muito bem.

-Eu explico. Erick era um garoto fechado e rebelde que não dava a mínima para eu e o pai dele, nunca sabíamos aonde ele estava indo nem quando iria voltar, as poucas palavras dirigidas à nós só eram ditas quando fazíamos perguntas à ele. E agora... ele parece outro, vive sorrindo e cantando, em todos os momentos que nos vemos ele fala conosco e eu nunca o vi tantas vezes em casa como hoje em dia...

-E isso não é bom? -um sorriso preenche meu rosto.

-Certamente, mas... é estranho depois de me acostumar com o jeito dele de antes.

-Talvez ele só precisasse de um pouco de amor.

-O quê? -ela me olha como se eu tivesse dito algo absurdo.

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