Capítulo 8

472 68 36
                                    

Dedicado a @RayraGomes170

Carolina narrando:

Depois de um banho relaxante, ponho uma roupa adequada para o local e faço um penteado mais preso com o fim de não atrapalhar quando eu estiver trabalhando.

Vou para a sala onde meus tios estam conversando e Amanda assistindo tevê, assim que chego todos os olhares se voltam para mim.

-Eu já estou de saída. -digo com um sorriso.

-Quero que saiba que estou muito orgulhosa de você, minha querida. -minha tia sorri.

-Obrigada, tia, é bom poder ouvir isso. -a emoção se mostra presente em minha voz.

-Eu te levo até lá. -oferece tio Sérgio já se levantando, mas eu intervenho.

-Eu agradeço pela ajuda, mas não é necessário.

-Tem certeza, Carol? -Tia Claudia me olha apreensiva. -Pode ser perigoso uma moça andar sozinha pelas ruas.

-Não se preocupe, eu vou ficar bem. E além do mais não posso depender de vocês pra tudo, por mais que eu goste muito de como vocês se importam comigo. Por favor, não me levem a mal, mas eu preciso fazer isso sozinha, quer dizer, apenas eu e Deus. -sou o mais gentil possível.

-Se é assim que você prefere. -ele senta novamente no sofá. -Mas se precisar da nossa ajuda para qualquer coisa, não exite em ligar.

-Garanto que vou. -respondo aliviada por estar tudo certo agora.

-Bom, eu te acompanho até a porta. -Amanda enlaça seu braço no meu e seguimos para a entrada depois de me despedir dos meus tios. Quando caminhamos percebo que Amanda está com um sorriso no rosto.

-Posso saber o porquê de você estar tão sorridente?

-Vem cá, me tira uma dúvida. Essa produção toda é só para o trabalho ou tem algo haver com o Pedro? -ignora minha pergunta e eu reviro os olhos.

-Não se iluda, priminha, eu só quis vestir uma roupa mais apresentável. Acha que exagerei? -passo os olhos pela vestimenta em meu corpo.

-Relaxa, você está ótima. E eu tenho certeza que o Pedro te acharia bonita mesmo com a roupa mais simples que você tiver. -brinca e logo após ri.

-Isso não tem graça nenhuma. -finjo estar chateada.

-Mas é verdade. -se recompõe. -Falando sério agora, espero muito que dê tudo certo lá.

-Obrigada. -ela me surpreende com um abraço e eu retribuo.

-Vai com Deus. -se afasta e me olha com um sorriso sincero.

-Amém. -finalmente saio e vou em direção ao terminal, onde pego um ônibus.

Quando chego ao meu destino, respiro fundo e entro no estabelecimento que só está aberto para os funcionários que irão arrumar e organizar o local para os clientes.

Vou diretamente para a cozinha, onde encontro Pedro, Antonieta e mais uma mulher conversando enquanto limpam as coisas.

-Boa tarde. -todos olham para mim e a conversa se encerra. -Não me digam que eu cheguei atrasada?

-Você não está atrasada, nós que temos o costume de chegar mais cedo. -Pedro explica para o meu alívio.

-Que bom, então.

-Antes que eu me esqueça, essa é a Daniela, minha sobrinha. -É Antonieta quem diz dessa vez.

-É um prazer te conhecer, Carolina. -ela diz simpática.

-Digo o mesmo. -sorrio para ela. -Bom, por onde eu começo?

-Eu vou te auxilar. -Pedro oferece e as duas mulheres se entreolham com um sorriso para o meu total desconforto. -Se você quiser que seja eu, é claro.

-Sem problemas. -ele me explica onde fica as coisas e o que eu tenho que fazer, sendo que eu e Daniela ficamos de garçonetes, Pedro no caixa e Antonieta na cozinha.

A pizzaria é aberta e com pouco tempo boa parte do local já está ocupado. Pedro me explica que esse lugar tem crescido e melhorado com o passar dos anos, e portanto foi preciso contratar novos funcionários.

No fim do expediente, depois de limpar e pôr tudo no lugar, pego minhas coisas e me despeço dos outros.

Passo pela porta principal, mas antes de fazer o meu caminho para casa ouço alguém chamar meu nome e viro em direção à voz. Pedro caminha a passos largos até onde estou.

-Algum problema? -pergunto quando ele para em minha frente.

-Não, só vim te oferecer uma carona até sua casa. -diz dando um sorriso.

-Não precisa se incomodar... -ele não permite que eu termine minha frase.

-Não é incômodo nenhum. Que tipo de cristão eu seria se te deixasse sair sozinha por essas ruas escuras, quando posso te deixar em casa? -abro a boca para contrapôr, mas ele me interrompe de novo. -E eu não aceito um não como resposta.

-Tudo bem, então. -me dou por vencida e ele sorri mais ainda.

-Meu carro está logo ali. -vamos até lá e ele abre a porta para que eu entre.

Fazemos o trajeto inteiro em silêncio, mas em compensação não sinto nenhum desconforto por estar com ele.

-Chegamos. -diz quando o carro para em frente a minha casa e eu o encaro.

-Muito obrigado, por tudo. -ele sorri de canto.

-Disponha. Você mandou bem para o seu primeiro dia de trabalho e as meninas gostaram de você.

-Eu também gostei delas e de você também, sem a sua ajuda e paciência eu estaria perdida. -digo sincera.

-Quê isso, é claro que você ia mandar bem, mesmo que eu não estivesse lá, porque é Deus quem te capacita.

-Tem toda razão. -abro a porta do carro. -Até amanhã, Pedro.

-Durma com Deus. -saio do carro e olho para ele.

-Você também. -me afasto vagarosamente e entro em casa, só depois ele vai embora. Vou direto para o quarto e após um bom banho e a minha rotina da noite, me acomodo na cama já sentindo o sono vir.

Com o decorrer de poucos dias, eu já me sinto muito mais à vontade no trabalho e estou até mais próxima da Antonieta e Daniela. Também tenho que aguentar as insinuações de Amanda sobre eu e o Pedro, sendo que ele faz questão de vir me deixar em casa todas as noites depois do trabalho, mesmo eu insistindo que não é preciso fazer isso.

Essa aproximação entre nós dois fez com que virássemos amigos em pouco tempo e agora conversamos sobre vários assuntos aleatórios. Tive que organizar meu tempo de forma que a faculdade, os estudos, o trabalho e meu tempo a sós com Deus não virasse uma confusão e acabasse me prejudicando. E por conta disso, a única pessoa com quem tinha contato na universidade era a Vanessa, mas só nos cumprimentávamos já que passei a almoçar em casa.

Não via o Erick desde o dia em que nos encontramos na biblioteca, às vezes as imagens daquele dia vem em minha mente e meu coração acelera lembrando de como ele poderia ter me beijado se eu não tivesse agido rápido. Nesses momentos eu dissipava esses pensamentos da minha cabeça e dizia para mim mesma que era melhor assim, a distância poderia mostrar a ele que suas atitudes não estavam corretas. E lá no fundo, também dizia que isso impediria de meu coração enganoso criar algum sentimento além de amizade por ele.

-Obrigado e volte sempre. -digo sorrindo para mais um cliente que sai satisfeito da pizzaria.

-Esse lugar está cheio hoje, não acha? -Pedro pergunta quando chego no balcão com o dinheiro pago pelo cliente que saiu.

-Mas é isso é bom, mostra que a pizzaria está ficando conhecida. -argumento.

-Falou a voz da verdade. -brinca me fazendo rir.

-Engraçadinho. -o sino que fica acima da porta toca anunciando que alguém chegou. Me viro e a pessoa passa os olhos pelo local até parar em mim e me encarar com um sorriso.

Meu Deus! O que ele está fazendo aqui?

O propósito do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora