Capítulo 3

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Erick narrando:

Acordo com uma dor de cabeça terrível e para piorar a situação estou atrasado.

Belo começo de aulas...

Tomo um banho às pressas e desço para o café da manhã. A mesa está repleta de todas as variedades de doces, frutas e bebidas, mas em compensação a sala está vazia.

Me sento à mesa e começo a me servir. Vejo Maria entrar e assim que me vê, ela dá um sorriso caloroso e cheio de carinho.

— Dormiu bem, querido? — pergunta se aproximando.

— Não muito, mas não precisa se preocupar — sorrio de volta.

Maria era minha babá desde que eu era um bebê e ela sempre foi como uma mãe pra mim e por isso, faço questão de que ela esteja conosco, mesmo que não seja para cuidar de mim. Se posso dizer que já fui amado de verdade por alguém, com certeza esse alguém foi a Maria.

— Seus pais saíram cedo por causa do trabalho e por isso não puderam tomar café da manhã com você — ela explica para justificar a falta deles aqui.

— Eu já sabia, mas obrigado por avisar — respondo e Maria me dá um sorriso fraco.

Sei que ela não gosta do meu comportamento com meus pais. Mas o que eu posso fazer se eles não me querem por perto?

Termino o meu café e me levanto olhando o relógio no pulso, enquanto Maria observa meus movimentos.

— Eu tenho que ir e rápido — dou um beijo na testa dela.

— Vai com Deus!

Forço um sorriso e saio o mais rápido que posso.

Dirijo com a velocidade no limite e levo menos de vinte minutos para chegar na universidade.

Depois de estacionar o carro, entro no prédio e a raiva toma conta de mim ao perceber que ainda estou no horário, pois todos os universitários andam de um lado para o outro pelos corredores.

Continuo caminhando à procura de algum amigo, mas quando viro em um corredor acabo esbarrando em uma garota que perde o equilíbrio por conta da batida, mas eu seguro seus braços e a puxo para mim. Olho em seus olhos e meu coração acelera pela curta distância entre nós.

Mas o que me chama a atenção de verdade nela é o seu olhar. Ela é linda, mas tem algo de misterioso e intrigante nela que eu não sei o que é e seus olhos são tão intensos que parecem ter a capacidade de ver a minha alma.

Ela se desvencilha de mim e retoma sua postura. Parecia que o tempo tinha parado à nossa volta, mesmo que na verdade tenha sido menos de quinze segundos.

Juro que não sei o que faria se ela continuasse em meus braços.

Vê se olha por onde anda — falo sério tentando parecer tranquilo.

— Me desculpa — diz e eu reconheço essa voz de algum lugar — Com licença.

Ela segue seu caminho e eu inconscientemente a sigo de longe. Vejo ela entrar em uma sala e fico ali parado perdido em pensamentos.

Essa voz... Será que é ela? A voz do meu sonho? Não, não pode ser. Minha mente deve estar me pregando peças.

Balanço a cabeça dispersando esses pensamentos e volto a andar em direção à minha sala.

No meio do caminho, Raquel me vê e sorrindo vem em minha direção. Me preparo para o que vai vir.

— Oi, lindo! —Ela se aproxima e me dá um beijo na bochecha.

— Foi mal por não ter ido na sua festa. — digo colocando as mãos nos bolsos.

— Esquece isso. Eu já sei que você não estava muito bem ontem — Com certeza foi Marcos que disse isso. —Da próxima vez que estiver mal, liga pra mim que eu vou lá te fazer companhia.

Bem atirada...

Pode deixar. Mas eu espero que não seja preciso que eu fique mal pra ter você comigo.

Raquel dá um sorrisinho e eu sei que ela gostou de ouvir isso. O sinal toca anunciando o início das aulas.

— Bom, eu tenho que ir. A gente se vê por aí e eu espero muito que seja logo.

— Então até logo!

Saio dali com um sorriso satisfeito no rosto.

Raquel entrou na universidade ano passado e nós tivemos um lance, nada sério. Ela sempre quis que namorássemos, mas eu sempre consegui mudar de assunto e quando ela percebeu, simplesmente parou de falar nisso. Acho que não quis discutir sobre isso e acabar me perdendo.

Só que no final do ano, acabamos nos distanciando, ela viajou para fora e eu também e a distância fez com que ficássemos diferentes um com o outro.

Quando chego na sala, procuro pelo Marcos e o encontro quase no fundo da sala. Ele me vê e faz sinal para que eu me sente perto dele e é isso que eu faço.

— E aí, Marcos? — cumprimento me sentando.

— Tá mais calmo, estressadinho? — ele está falando da ligação de ontem.

— Foi mal, cara. Eu não estava muito legal ontem.

— Imaginei.

E é por isso que tenho o Marcos como meu amigo. Não preciso ficar explicando o porquê das minhas atitudes pra ele. Ele simplesmente compreende e não toca mais no assunto, deveriam fazer mais amigos como ele.

(...)

Depois de um dia cansativo que se resume a faculdade e saída com os amigos, vou direto para o banho. Deixo a água correr por meu corpo levando tudo o que não quero carregar comigo.

Minha mente trabalha lembrando de todos os acontecimentos do dia, mas ela para em um certo momento. A garota do esbarrão vem em minha mente sem que eu me dê conta.

Aqueles poucos segundos que estivemos próximos foram...diferentes.

Meu coração acelerou feito louco, algo que nunca aconteceu com outra garota. Mas com certeza foi pelo quanto estávamos bem perto.

Foi uma sensação estranha, mas com certeza boa.

Saio do banheiro já pronto para dormir. Respondo algumas mensagens  nas redes sociais e depois de um tempo o sono se torna maior, nem percebo quando fecho meus olhos.

Minha visão está embaçada e eu esfrego os olhos tentando melhorar, mas isso não resolve. Ouço as vozes agonizantes ficando mais altas e o desespero toma conta de mim.

Corro o mais rápido que posso mesmo não enxergando nada. Mas elas se aproximam cada vez mais e para piorar a minha situação, eu tropeço e caio de cara no chão.

O medo se faz presente e minhas forças parecem ter acabado. Sei que tem algo à espreita.

— Por favor, por favor, fique longe de mim!

Caio em um choro compulsivo que não parece ter fim, e então eu ouço a voz. Levanto a cabeça lentamente tentando localizá-la e a vejo à minha frente.

Minha visão vai ficando mais clara e seu rosto vai ganhando forma. Ela me dá um  sorriso doce e eu a reconheço.

É ela... a moça que conheci hoje na faculdade.

Acordo ainda surpreso com essa revelação.

Tem que ser ela...

E se realmente é ela, tenho que descobrir o porquê de ela estar nos meus sonhos.

Volto a dormir sem muitos problemas, mas com uma certeza em mente: tenho que saber quem é ela. 

O propósito do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora