Capítulo 27

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Erick narrando:

Acordo mais cedo que o normal. Depois de fazer meu devocional diário e me arrumar para a faculdade, desço as escadas indo em direção à cozinha.

-Bom dia, querido. -cumprimenta Maria assim que eu entro na cozinha.

-Bom dia, Maria. Dormiu bem?

-Graças a Deus dormi perfeitamente bem. E você?

-Igualmente.

Sento na bancada e fico observo enquanto ela prepara as refeições para o café da manhã. Ela insiste em preparar as comidas porque diz que cozinhar é uma das coisas que mais gosta de fazer, então enquanto as empregadas cuidam da casa, ela cuida das comidas.

Maria me olha de soslaio com um sorriso de canto.

-O que foi? -pergunto reconhecendo seu olhar de quem quer dizer alguma coisa.

-Não é nada demais, é só que... só Deus sabe o quanto eu orei por este momento, o dia em que você se tornaria um homem que teme a Deus e que busca fazer a vontade d'Ele.

Seus olhos marejam e logo posso ver algumas lágrimas descendo por seu rosto.

-Oh, Maria... -vou até ela e a abraço bem apertado, assim como eu fazia quando era criança e precisava de seu colo fraterno. -Eu sei que nunca disse isso antes, mas devo muito a você por nunca desistir de mim, por se preocupar comigo e mais do que tudo, por me tratar como se eu fosse seu filho mesmo que você não tivesse obrigação nenhuma de fazer isso.

-Se não parar agora, vou inundar este lugar com lágrimas. -diz com a voz embargada.

Nós dois rimos e eu me afasto dando espaço para que ela enxuge seu rosto.

-Eu também sou grata a você querido, por ser o filho que eu nunca pude ter.

-É uma honra. -faço uma reverência exagerada e ela ri de novo.

Maria já era casada quando veio trabalhar nesta casa, mas 5 anos depois seu marido faleceu por conta de uma câncer. O sonho dos dois era ter um filho, porém nunca conseguiram realizar esse sonho, e embora Maria estivesse enfrentando todo esse caos, ela nunca deixou de confiar em Deus e de acreditar que Ele sempre esteve com ela.

Eu me perguntei várias vezes como ela conseguira passar por tudo isso e ainda acreditar que Deus era bom, e ela simplesmente dizia que não podia reclamar, pois havia vivido dias muito felizes ao lado de seu marido, que sabia que ele iria para um lugar muito melhor que aqui e que Deus havia realizado um sonho grande dela, me colocando em sua vida.

Nunca cheguei a conhecer seu marido, mas a conhecendo como eu conheço, deve ter sido um homem muito bom e temente a Deus assim como ela.

-Você ainda não me disse como foi no orfanato.

-Ah, foi ótimo, as crianças são adoráveis e pareceram se divertir com a gente.

-Fico feliz em saber disso. Mas e a sua relação com a Carolina?

Solto um longo suspiro liberando a frustração sentida nos últimos dias.

-Está tudo na mesma... Desde que me converti, venho orado todas as noites pedindo para Deus tirar esses sentimentos de mim se não for da vontade d'Ele, contudo cada dia que passa o meu amor só cresce por ela, mas ela só me vê como um amigo.

-Talvez ela esteja confusa em relação aos seus próprios sentimentos e por isso está te tratando apenas como um amigo. -diz com um sorriso consolador.

-Não sei não, Maria... O pastor me disse que a reciprocidade de sentimentos é um dos sinais de que o relacionamento é da vontade de Deus, mas ela não demonstra sentir o mesmo por mim. -respiro fundo depois de colocar isso pra fora.

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