Capítulo 33

349 53 43
                                    

Erick narrando:

Com a chegada do fim de semana, percebo que há uma tensão presente entre Carolina e Pedro e que isso tem afetado ela e a deixado inquieta.

Imagino o motivo disso estar acontecendo e mesmo que eu tenha poucas chances de fazer alguma coisa, procuro Pedro no orfanato com a intenção de tentar ajudá-los e o encontro no gramado, olhando para o céu e sentado no chão.

—Posso conversar com você por alguns minutos? —Pergunto parando em pé ao seu lado.

—Não tenho nada pra falar com você, então sai daqui e me deixa em paz. —Responde ríspido e eu respiro fundo.

—Só tô tentando ser legal com você, mas você insiste em agir dessa maneira comigo.

—Tenho motivos para isso, não acha? —Ele se levanta e me encara com raiva.

—O que eu te fiz Pedro?

—Ainda pergunta? —Ri irônico. —Você simplesmente atrapalhou minha vida desde que chegou e como se não bastasse chamar toda a atenção para si, ainda tirou de mim a única garota que já amei de verdade!

—Eu não tirei nada de ninguém! E se você realmente amasse a Carol, deixaria ela livre para escolher quem ela quer, mas ao invés disso você virou as costas para ela e está fazendo ela sofrer por sua causa! —Perco a paciência.

—Cala essa boca! —Pedro levanta o punho e dá um soco me derrubando no chão, sinto o gosto do sangue em minha boca. —Vamos resolver isso de uma vez, mostra quem você realmente é!

—Eu não vou brigar com você. —Digo me levantando enquanto sinto meu rosto arder. —E eu também não vou te julgar por me bater, porque eu mereci esse soco.

—Vai se fazer de santo agora? —Ele me olha impassível.

—Não, mas vou fazer algo que já deveria ter feito há muito tempo. —Dou um passo à frente e ele recua em defesa. —Perdão Pedro, por tudo o que te fiz...

—O quê? —Pedro me encara surpreso.

—Isso mesmo que ouviu, se te fiz algum mal eu peço perdão. Só não desconte na Carol e nem a faça sofrer por minha causa, por favor... —Peço sem desviar o olhar.

—Você... você realmente a ama? —Pergunta um pouco mais calmo.

—Mais do que eu possa imaginar. E se fosse o contrário, se ela tivesse dito sim para você, eu aceitaria, ainda que isso me decepcionasse profundamente, porque eu sei que você a faria feliz e isso só seria motivo para que eu me alegrasse por vocês. Eu a amo tanto que estou disposto a deixá-la livre para ficar com quem ela quiser, ainda que não seja eu e mesmo assim, vou sempre estar do lado dela, como um amigo para todas as horas...

Por alguns segundos ficamos em silêncio, até que Pedro suspira e olha para mim com uma expressão mais tranquila.

—Também tenho certeza que você a fará feliz... Mas ai de você se eu estiver enganado.

—Pode deixar. —Estendo uma mão em sua direção. —Sei que pedir para sermos amigos seria um pouco demais, então... será que podemos ser bons colegas?

—E irmãos em Cristo. —Ele aperta minha mão e pela primeira vez sorri na minha presença. —Desculpa pelo soco.

—Sem problemas. —Ele assente e se vira indo em direção ao casarão.

Me sento na grama verde e permaneço por mais alguns minutos ali olhando para o céu e agradecendo por essa grande conquista. Vejo Carolina sair de dentro da casa e vir em minha direção.

O propósito do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora