Um tempo na fazenda e a derrota de Ultron

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Querido Steve,

Nós ainda permanecemos um tempo na fazenda. Todos precisávamos de um período para pensar, para podermos nos reestruturar. Thor tinha sumido, eu tinha me entregado aquele pesadelo ambulante que era o meu passado, Tony e você estavam irritados, Bruce deprimido e Clint... Clint era o único que conseguia encontrar um pouco de felicidade no meio daquele turbilhão de coisas e problemas, mas ele também estava revendo a família depois de meses longe, claramente o mesmo tinha motivos para estar feliz.

Parte de mim, tentava se concentrar em passar um tempo com as crianças para não deixar que os malditos pesadelos me assustassem o tempo inteiro. Eu estava com saudade daqueles baixinhos, e de Laura também, ela sempre foi uma boa amiga, mesmo que no inicio eu não fosse exatamente a pessoa mais receptiva do mundo - você sabe como eu posso ser nervosinha e reservada - mas com o tempo nós duas nos aproximamos, o suficiente para eles quererem dar meu nome para o terceiro filho, mas claro que aquele traidorzinho teve que me enganar. De qualquer forma, eu era a tia preferida daquelas crianças e tinha uma conexão especial com elas, principalmente com Lila, então sim, eu era (ainda sou) a tia babona que mima os sobrinhos.

Durante aquele primeiro dia, brinquei com meus sobrinhos e tentei esquecer o fato de que você existia e que aparentemente eu era incapaz de não me apaixonar por você. Tentei esquecer que Bruce, tadinho eu tinha planos de usá-lo de tapa buraco, havia me rejeitado horas atrás. Além de que, tentei esquecer o óbvio: tinha um robô genocida solto no planeta.

 Entretanto, era difícil esquecer sua presença enquanto ao longe não conseguia desviar os olhos de você cortando lenha com Tony, vamos ignorar a parte cômica da pequena pilha dele em comparação com a sua e vamos focar em quantos pensamentos impuros surgiram em minha mente ao ver aqueles seus braços trabalhando. Talvez eu tenha imaginado outras atividades que poderiam te fazer suar tanto quanto você pagando de lenhador? Talvez. 

O que importa é que era impossível desviar o olhar de você (não deixe que isso suba a sua cabeça), apesar de que aquela calça jeans, assim como seu primeiro uniforme, com certeza não valorizava sua linda bunda meu amor.

Enfim, eu flertei com você novamente, não com palavras, mas com meu corpo, olhar e etc. Ao mesmo tempo em que eu me repreendia por fazer isso e torcia para que você continuasse lerdo o suficiente para não perceber, eu também queria que você notasse, queria que visse o quanto te desejava e que me desejasse na mesma intensidade de volta. Eu ainda olhava em sua direção quando Lila me entregou o desenho que havia feito para mim, uma linda borboleta, parecida com as que tínhamos visto durante aquela manhã. 

Depois que ela saiu, Bruce tocou o desenho por cima do meu ombro, não havia percebido a aproximação dele e aquilo me assustou um pouco, mas ao mesmo tempo serviu para me lembrar que eu tinha que parar de flertar com você, que não era justo brincar desse jeito com você. Eu tinha secretamente percebido Steve, que aquela paixão que eu dizia sentir estava crescendo de uma forma que não deveria e eu conhecia o meu histórico de sempre destruir o que cultivava, não iria me permitir fazer o mesmo com você. 

Então, e sobre o Bruce? Você me perguntaria. Eu também me perguntava isso, e mais uma vez uma resposta egoísta, mesquinha e que com certeza mostra meu pior lado, surgia em minha mente quando esse questionamento surgia: não dá para destruir o que, assim como eu, já estava quebrado. 

Deslizei minha mão para junto da dele por um momento, para me manter sã, para lembrar ao meu estúpido coração que era Banner o plano mais viável, não quem ele realmente queria. Entretanto, pareceu errado. Minha mão junto com a dele, não causava a sensação de eletricidade percorrendo meu corpo como um simples olhar seu fazia. Minha mão junto com a dele não fazia meu coração bater descompassado ao ponto de parecer que iria pular da minha caixa torácica. 

Nós conseguimos impedir Ultron de roubar o berço, que acabou originando a parte física do Visão, mas eu não pude ver esse presente momento porque acabei sendo levada. No seu diário você disse que brigou com o coitado do Clint, porque ele tinha permitido que o robô genocida me levasse e se sentiu o pior homem do mundo por não ter conseguido me proteger. A verdade, é que nós dois sabemos que eu não preciso de proteção Steve, mas meu coração sempre se aquece ao lembrar que caso precisasse você estaria ali por mim. 

Quando fui raptada, eu prometi a mim mesma que se escapasse ia parar de enrolar e iria dizer a verdade a você, ia deixar que todas as palavras e sentimentos que vinha guardando para mim nos últimos meses seriam ditas e que se dane as consequências. Entretanto, eu não esperava que fosse Bruce que chegasse para me ajudar a sair daquele lugar. Geralmente era você quem assumia essa parte da missão e silenciosamente o medo me atingiu de novo. 

Sei que isso já está ficando repetitivo, mas pode me culpar? 

Banner disse que já tínhamos cumprido nossa parte da missão, que podíamos ir embora e que eu precisava ver um médico. Quem se importava com minha saúde? Pessoas inocentes podiam estar morrendo naquele momento e, okay, talvez a antiga Natasha não se importasse com esse detalhe, mas eu não era mais assim, batalhei muito para deixar de ser daquele jeito e sim, ainda tinha que melhorar algumas coisas, entretanto, em geral: eu era uma pessoa relativamente  melhor. 

Mais uma vez fiz uma coisa que não gostei muito, beijei Bruce para logo em seguida empurrá-lo de um penhasco. Precisaríamos do Hulk, e eu o obriguei a se transformar no monstro que odiava da mesma forma que Wanda fez... Eu realmente preciso ter outra conversa com ele não é?

Sua cara confuso ao me ver fez com que um sorriso pequeno surgisse em meu rosto. O que você esperava senhor Rogers? A cidade estava voando, não podia permitir que vocês lidassem com aquilo sozinhos, afinal eu sempre estou limpando a bagunça de vocês. Daquela vez, em Sokovia, realmente achei que morreríamos. Naquela pequena conversa que tivemos, antes de Fury, como você mesmo falou "lembrar que já havíamos salvado a bunda dele uma vez", eu quase superei o medo e confessei que te amava, mas perdi o timing novamente.

É, eu te amava.

Percebi naquele momento em que olhava para você e achei que morreríamos, pelo menos eu morreria sabendo que tive a oportunidade de saber o que era amar alguém afinal de contas.

Percebi naquele momento em que olhava para você e achei que morreríamos, pelo menos eu morreria sabendo que tive a oportunidade de saber o que era amar alguém afinal de contas

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Cartas para Steve RogersOnde histórias criam vida. Descubra agora