I'm Sorry

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Steve ainda estava sentado sobre a bancada enquanto deixava a esposa trabalhar. Ela retirava a maquiagem dele com o que ela chamou de lenços desmaquilantes, foi a primeira vez que o mesmo reparou como o nome fazia sentido. Enquanto ela fazia isso, Steve passou a reparar nos detalhes que já havia memorizado a muito tempo, mas que ainda amava observar.

Os olhos verdes sorriam para ele, apesar de haver um fundo de preocupação neles, o nariz se franzia em uma careta de vez em quando ao perceber que o batom estava mais difícil de sair do que ela lembrava, a testa franzida também em determinação e o sorriso característico no canto dos lábios, aquele sorriso que deixava bem claro o quanto ela havia amado a brincadeira, o sorriso que sempre desestruturava Steve (ou qualquer pessoa que o visse, porque se tinha uma coisa que ele sabia era do quanto a mulher era maravilhosa). Ao finalmente conseguir vencer a guerra contra o batom, a testa franzida se desfaz e o sorriso dela aumenta.

As bochechas dela coram levemente, quase de forma imperceptível, ao pegar o marido no flagra em sua observação. Às vezes, e isso era quase o tempo todo, Steve olhava para ela como se a mesma fosse uma espécie de anjo sagrado, e isso a deixava levemente constrangida, mas também amava saber que mesmo após tanto tempo e após tanta coisa que passaram, ele ainda a olhava daquele jeito.

- Eu te amo - ele diz mais uma vez e segura a face dela entre suas mãos, fazendo carinho nas maçãs do rosto - E eu sinto muito.

Natasha se afasta levemente para poder olhá-lo melhor, a testa novamente franzida e os olhos verdes já não sorriam mais. Agora era só aquela preocupação estampada ali. Entretanto, logo a carranca se desfaz e ela percebe ao quê ele está se referindo.

- Você não precisa... Você não precisa pedir desculpas, eu errei também.

- Por que nunca me contou que se sentia insegura com relação a Sharon? - ele ainda alisava as bochechas dela e percebeu o rápido desvio que os olhos verdes fizeram.

- Porque não parecia importante, você estava comigo, apesar de tudo estava comigo. Não ia te perturbar com inseguranças bobas - Natasha volta a encarar o marido e percebe um sorriso nascendo nos lábios dele.

- Quando você vai entender Natasha Romanoff-Rogers - e aqui ele enfatizou muito bem o Rogers - Que eu quero saber tudo relacionado a você? Eu quero que compartilhe suas inseguranças bobas, quero que me deixe cuidar de você quando achar que está cansada demais para fazer isso, quero que compartilhe suas preocupações comigo mesmo que ela tenha acontecido anos atrás.

Ele observa o rosto dela com atenção, observa a mesma mordendo o lábio com hesitação, sem saber muito bem como responder aquilo. Natasha nunca foi muito boa em expressar as próprias emoções, pelo menos não as verdadeiras, então era preciso conhecê-la o bastante para não deixar escapar os mínimos detalhes.

- Você estava com tanta raiva, não sei como não atirou em mim depois que me viu naquele aeroporto - ele brinca um pouco escondendo o rosto na curvatura do pescoço dela e respira aliviado ao escutar a risada baixa.

- Eu pensei nisso por um breve momento, mas falei a verdade quando disse que te amava o bastante para deixar você ir se quisesse.

- Eu nunca ia querer, ela não era perfeita para mim. Nunca foi. Você é... Você é tudo para mim, meu mundo inteiro gira em torno de você e daquela pestinha que está arrumando a bagunça que fez - e aqui ele voltou a encarar os olhos dela e pôde ver que eles estavam ficando molhados, mas a esposa jamais admitiria isso.

- Eu te amo tanto, sinto muito também, sei que não foi fácil quando tomei aquela decisão.

- Você estava seguindo o que acreditava, assim como eu. Você me ajudou sem que eu soubesse e eu julguei suas escolhas - ele faz uma careta ao lembrar das coisas que havia dito para ela - Eu estava tão acostumado em ver você como uma parceira, uma colega de trabalho, que nem ao menos lembrei do seu passado, ou do fato de você ser russa.

- Steve, pare com isso! - ela reclamou mais alto, e dessa vez foi a mesma quem colocou as mãos em torno do rosto dele - Isso aconteceu a anos atrás, e apesar de estar chateada na época não quer dizer que ainda sinto tudo aquilo. Fiz as cartas demonstrando minha raiva e mágoa porque queria ser sincera com você, queria que soubesse como eu me senti na época e não para te culpar ou te fazer se sentir mal. Eu te amo tanto e sei que você me ama nas mesmas proporções. Então pare! Não vamos fazer isso, não vamos agir como se não tivéssemos superado tudo aquilo, porque superamos. Superamos anos atrás. Eu te magoei também, nós estávamos confusos, sobre o que era importante, sobre nós e como expressar o que sentíamos. Não é sua culpa.

- Eu sei, é só que... Como pude ser tão cego?

- Você queria ajudá-lo - ela deixou o nome de Bucky subentendido, não era necessário falar, ele sabia sobre quem ela estava falando - Queria provar a inocência dele ou no mínimo que ele não tinha controle sobre suas ações, e eu entendo isso. Entendi desde aquela época, não foi certo o que você fez. Não foi certo nos deixar de lado sem pensar duas vezes, mas eu entendo. Esse é quem você é. Você protege as pessoas, independente do risco, e faz isso principalmente pelas pessoas que ama.

Natasha beija as bochechas do marido, sentindo as lágrimas salgadas que escaparam dos olhos dele, depois ela continua distribuindo beijos pelo rosto dele até chegar nos lábios que a mesma tanto amava.

Steve rapidamente passa um dos braços pela cintura dela, a puxando para mais perto e retribuindo o beijo que apesar de calmo, transmitia todas os pedidos de desculpa que ele sabia que a mesma não o deixaria falar.

Quando eles se separam, Steve põe uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. Observando-a mais uma vez, admirando-a na verdade. Ela era tão bonita e ainda fazia seu velho e estúpido coração bater de forma desordenada com um simples olhar.

- Eu te amo - ele repete mais uma vez, já estava ficando repetitivo e ele sabia disso, mas gostava de quando as palavras saíam dos lábios dele e gostava mais ainda da reação dela: os olhos dela sempre brilhavam um pouquinho quando ele dizia e um sorriso nascia, por menor que fosse, em seus lábios.

- Eu te amo também - ela também não cansava de repetir o quanto amava-o.

- Então... Você e Bucky? - ele levanta a sobrancelha e ela faz uma careta. Aquilo era estranho, só um pouquinho, mas estranho. Steve ri da cara da esposa e deixa mais um selinho nos lábios dela.

- Pois é, eu nem sei se ele lembra disso, e se lembrasse não é como se tivesse muita importância agora. Entretanto, foi importante naquela época, para nós dois. Era uma forma de ter pelo menos alguma coisa boa no meio de todo o caos - ele sorri para ela, como uma forma de confortá-la e afastar as lembranças da Sala Vermelha - De qualquer forma, nós já conversamos demais, eu prefiro fazer outra coisa agora.

Natasha volta a beijá-lo e dessa vez sente as mãos do marido deslizando para a base de sua coluna e continua descendo até a bunda dela, o que faz ela gemer baixinho contra os lábios dele. A respiração dos dois vão ficando mais ofegantes, as mãos mais atrevidas, as unhas da ruiva já deslizavam pelas costas de Steve enquanto que as dele exploravam o corpo maravilhoso que a esposa tinha.

- Mamãe! - eles escutam o grito vindo do quarto e soltam um suspiro frustrado. As testas coladas enquanto tentam lembrar como se respira calmamente - Mamãe!

- Já estou indo! - Natasha grita de volta antes que a filha venha atrás dela - Tome um banho gelado, nós vamos continuar isso mais tarde soldado.

Ela mordisca o lábio inferior dele mais uma vez antes de sair. Steve suspira frustrado e faz o que a esposa manda, tinha uma parte dele muito acordada e impossível de esconder. Ele fica feliz por eles terem conversado e agora só tinha certeza de uma coisa:

Mal podia esperar para mais tarde.

Até terça pessoal 💙

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Até terça pessoal 💙

Cartas para Steve RogersOnde histórias criam vida. Descubra agora