Querido Steve,
uma das coisas que sempre admirei no nosso relacionamento, e algo que desenvolvemos ainda mais ao longo dos anos, foi a forma como sempre cuidamos um do outro.
Sempre precisávamos de ajuda, quando se tem um trabalho como o nosso em boa parte do tempo se está exausto de forma física ou mental, mas não importava, o que importava é que com o passar dos anos aprendemos a reconhecer muito mais fácil esses momentos em que o outro clamava por socorro mesmo sem falar, ou até perceber.
Foram diversas as situações nos nossos dez anos de casados em que precisamos cuidar um do outro e nesse cuidar envolve muito mais do que machucados físicos. Todos os ataques de panicos, as crises de insegurança, as vezes que não nos sentimos seguros para aparecer diante de multidões, tudo isso envolvia um esquema de parceria que aprendemos a desenvolver cada vez mais, aprendemos a expandir de uma forma realmente bela e saudável.
Muitos diriam que começamos isso após darmos inicio ao relacionamento, mas eu discordo. Nós já tínhamos isso quando éramos simplesmente amigos, nunca vou esquecer todas às vezes que você usou o escudo e o próprio corpo para me proteger, assim como não vou esquecer que também não importava que eu me machucasse para defende-lo. Obviamente, quando começamos a namorar as coisas ficaram mais intensas, porém esse instinto de proteção não foi criado por ele.
Admito que posso ser uma pessoa difícil às vezes, tenho certa relutância em permitir que cuidem de mim, mesmo machucada, entretanto, aos poucos você foi quebrando mais essa barreira também.
Eu lembro bem de várias das situações de dor que senti, infelizmente não consigo esquecer as coisas tao fácil quanto gostaria, estou escrevendo isso porque o momento em que o quinjet decolou anos atrás ao fugirmos de Ross em Arenillas, é uma dessas lembranças onde ainda consigo sentir a dor percorrendo meu corpo.
Quando a adrenalina baixou a dor começou a se espalhar e parece que tudo em mim estava dolorido ou machucado de alguma forma, me deixei ser carregada por você, apesar de aquilo doer também ainda era melhor do que andar. Quando trouxe a caixa de primeiros socorros, soube o que você queria fazer, soube que iria querer cuidar dos meus machucados e tentei dizer que faria isso sozinha.
Pelo nível da dor em minhas costas a coisa não deveria estar bonita e se você visse aquilo ia se sentir culpada, óbvio que na o deixou que me virasse sozinha e eu estava sem forças para argumentar, só pude pedir que não dissesse nada. Bem, você fez conforme eu pedi, mas ainda era capaz de ouvir seus pensamentos gritando em minha mente e olha que nem sou telepata.
Sabia que a culpa te corroía de dentro para fora, sabia que iria querer ter ficado naquele prédio no meu lugar e quem sabe até morrer para nos proteger, só que eu não podia te perder. Não podia arriscar que isso acontecesse e sei que errei em te tirar da batalha daquela forma, mas pensar em uma vida sem você era muito mais doloroso do que qualquer acidente ou tiro que pudesse tomar.
Limpar os machucados era algo doloroso e mais uma vez, sua mão foi estendida para mim. "Aperte quando sentir dor, ou simplesmente segure", levei alguns segundos para registrar essa frase, levei um tempo para entender que um suporte me era oferecido e que realmente não estava sozinha. Entrelacei seus dedos nos meus, sentindo a paz característica de quando estávamos juntos, somente após nossas mãos estarem juntas que você voltou a dar atenção aos machucados.
Poderia dizer que parecia como uma tortura o spray sendo colocado e o gel relaxante muscular logo em seguida, mas já passei por coisas piores ao longo da vida, então não achei justo reclamar, ou fraquejar, daquele jeito... Isso é muito errado, eu achar que não tinha o direito de sentir dor por saber que podia ser muito pior, ainda assim, foi como fui criada, então...
Lembrei de Wanda, que também estava machucada, os arranhões em você, a forma como Ross debochava da nossa situação quando falou comigo naquele telefone. Eu me senti tao culpada. Talvez se eu tivesse discordado daquele tratado desde o início poderia ter dado um jeito de por juízo na cabeça de Tony, talvez se tivesse sido mais veemente em explicar para você meus sentimentos ou o porque era importante que ficássemos juntos, pudéssemos ter tido uma saída mais fácil sem toda essa confusão. Hoje entendo que não posso me culpas por isso, que não sou responsável pela atitude dos outros, mas ainda assim, naquela época doía demais.
Quando terminou de cuidar dos meus ferimentos e me ajudou a vestir sua blusa, já que a minha estava suja, foi a vez de eu cuidar de você. Retribuir o favor e o carinho dos últimos meses e minutos.
Sei que disse que não gostava de ser cuidada, porém quando era você quem fazia isso o negócio era diferente. Amo a forma como cuida de mim e da nossa filha, amo como nos protege e nos acalma. Fico feliz por me deixar ser cuidada por você e fico ainda mais feliz quando posso fazer isso de volta por vocês dois.
Estendi-lhe minha mão da mesma forma que você havia feito anteriormente, não era tao delicada quanto você, que sempre ia devagar passo a passo, deixando a pessoa se acostumar, eu era mais do tipo "arrancar de uma vez o band-aid", mas serviu do mesmo jeito. Logo estávamos com curativos, ainda doloridos, nos culpando um pouco por não termos conseguido nos proteger, e eu odiava não termos comemorado o seu aniversário.
Sei que a prioridade deveria ser estarmos todos bem e seguros, ainda assim, era algo importante que merecia ser comemorado. "Só aceito se isso quer dizer que vou passar um fim de semana num chalé com você, uma hidromassagem e mais ninguém.", fiquei realmente surpresa pela resposta ter sido essa e adorei o fato de ter sido eu a desvirtuar o menino da América.
Ao lembrar que anos atrás achava que não era perfeita para você, me sinto uma boba, porque a grande verdade é que NÓS somos perfeitos um para o outro, do nosso próprio jeito nem sempre 100% em concordância, nós somos o equilíbrio perfeito. Duas pessoas completas, que se amam e resolveram dividir o amor, a cama, a vida.
Nós cuidamos um do outro para que juntos possamos cuidar da nossa garotinha.
Se eu contar que faltam menos de 10 capítulos para essa história terminar, vocês acreditam?
Até terça meu povo 💜
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cartas para Steve Rogers
FanfictionNo dia do seu casamento com Steve, Natasha recebeu das mãos dele um pequeno caderno que acabou se revelando um diário onde seu futuro marido relatava todos os momentos que os dois tiveram juntos, desde o mais simples como quando eles se conheceram...