Biquínis, Jantar e as Estrelas

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Querido Steve, 

Lembra quando em cartas mais antigas eu falei sobre como deveríamos dar o diário para April? Esqueça essa ideia. Por alguns instantes enquanto escrevia aquela carta eu esqueci das coisas que fizemos na Colômbia e longe de mim querer traumatizar minha própria filha. Vamos manter o diário só entre a gente e bem longe dela até que April tenha quem sabe uns vinte anos e decida por própria conta e risco se que quer ler. 

Enfim, passado esse pequeno surto e voltando na história dos biquínis. O dia seguinte estava da mesma forma que o anterior, sol, mar, você brigando comigo e Wanda como se fôssemos duas crianças por conta da do protetor solar, enfim, as coisas estavam realmente boas. Até que eu decidi sair, queria ir até a loja onde havia ido no dia anterior, no mesmo lugar onde comprei o maiô, e você veio comigo. Eu nem podia reclamar, afinal de contas havia sido o combinado não sairmos sozinhos por aí e na verdade me senti muito mais à vontade em fazer isso com você ao meu lado.

Andávamos pelo calçadão observando as diversas pessoas que iam e viam o tempo todo, parecíamos só mais um casal normal de turistas, nossos dedos entrelaçados de novo eram responsáveis por me passarem aquela sensação de segurança, de que eu era sim capaz de fazer qualquer coisa, inclusive mostrar para quem quisesse ver todas as cicatrizes que contavam silenciosamente minha história, uma história que não me agradava, mas que eu não podia mudar e sim só aprender com ela.

A dor me faz mais forte, o lema que não me deixou ser dominada pela sala vermelha, o lema que não me deixava cair e me perder dentro de toda minha dor. Aparentemente, mamãe Melina continuava me salvando ao longo dos anos, mesmo sem saber. 

Quando paramos diante da vitrine da loja, você me perguntou se eu tinha certeza disso e pela primeira vez eu realmente estava decidida: sim, eu queria fazer aquilo. 

A vendedora começou a me mostrar alguns modelos de acordo com o que eu havia pedido, mas parecia que nenhum deles realmente me agradava. O que eu tinha visto e gostado na noite anterior foi vendido, então só me restava procurar um novo, mas ou eles mostravam demais, ou as cores eram chamativas, ou o modelo era esquisito. Descartei cinco deles logo de cara, e vários outros seguiram o mesmo caminho, um deles era tao pequeno que até você percebeu que não iria prestar (devo dizer que amei escutar você dizendo "eu conheço o corpo da minha namorada", nem parecia o moço tímido de meses atrás, talvez eu tenha realmente te corrompido ao longo dos anos).

Por fim, separei sete modelos que gostei e no final das contas fiquei em dúvida entre dois, um vermelho e um azul. Havia amado o vermelho, mas as argolas na lateral tornavam ele um pouco mais revelador que o azul, não sabia se estava pronta para tanto, e o fato de azul ser uma cor que me lembrava você pesou para que a decisão final fosse tomada. 

Lembra da sunga com escudos do Capitão América (ou melhor, com o seu escudo)? Deus eu daria tudo para te ver em uma daquelas, eu e Sam teríamos nos divertido tanto, todas as piadas possíveis passaram pela minha mente, uma pena que você tenha um pouco de bom senso e se negou a levá-la.  

Quando saímos da loja, tive a grande surpresa de encontrar os dois biquínis dentro da sacola, ao questioná-lo, sua resposta foi tao simples que não fez o menor sentido para mim "Você gostou dos dois, não quis que tivesse só um", e mesmo lidando com a vontade de voltar atrás e devolver um deles, seu discurso sobre só querer me ver feliz foi o suficiente para que eu não fizesse isso. Então, o beijei, e torci para que nele pudesse passar toda a paixão que tinha dentro de mim e, principalmente, que você pudesse entender que eu estaria feliz desde que estivesse ao meu lado.  

Ao voltarmos para onde os meninos estavam, saí para ir ao banheiro colocar um dos biquínis, Wanda se ofereceu para ir comigo, mas gentilmente recusei, precisava daquele momento sozinha. Encarei as duas peças e meu reflexo no espelho, você iria me ver de biquíni, e eu mal podia esperar por isso, ainda precisava me vingar do que havia acontecido em Maripasoula. Por um instante, pensei em usar o vermelho, mas minha mente o levou para outro lugar, um que eu vinha combinando com Wanda desde o dia anterior, resolvi que o guardaria então para essa ocasião especial.  

Cartas para Steve RogersOnde histórias criam vida. Descubra agora