Novo roubo, velho esquema

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Querido Steve,

Uma das maiores surpresas que tive no início da nossa amizade foi ver o certinho do Capitão América roubando um carro e como cereja do bolo, a ideia ainda havia sido sua. Não vale chamar de empréstimo se não devolvemos o veículo.

Claro que naquela época eu estava mais interessada no beijo da escada rolante e como suas orelhas ficavam adoravelmente vermelhas quando estava com vergonha.

Vou poupá-lo de relembrar os últimos dias no navio, ignorando assim o fato de que você, Wanda e Sam ainda cantaram parabéns no dia do meu aniversário, deixando-me constrangida e estranhamente feliz.

Finalmente, o navio da S.H.I.E.L.D. nos deixou em Ismailia, cidade do Egito que ficava a pouquíssimas horas de distância do Cairo, desde que fôssemos de carro. Ismailia não era o ponto onde o navio teria que ancorar, mas nos deixaram ali para ajudar a gente... Ok, me ajudar. Eu admito que tenho meus privilégios na S.H.I.E.L.D. e que sim, sou uma das favoritas de Nick Fury. Satisfeito?

Estávamos jogados no meio da área nobre da cidade Egípcia e quando você olhou para mim dizendo "mesma tática de Washington?", não foi possível segurar o sorriso.

Como um roubo de carro poderia deixar alguém tão nostálgica?

Estava me perguntando isso enquanto fazíamos o roubo em si, já que era como se um filme fosse passado em minha mente. Quer dizer, veja só onde viemos parar, eu tinha o direito de permitir que a nostalgia me dominasse por alguns breves minutos.

Aqueles dois colegas de trabalho, que mal se conheciam, e roubaram um carro lá em 2014, jamais imaginariam o que o futuro podia guardar. Um relacionamento complexo, cheio de altos e baixos, mas ainda assim o nosso relacionamento "perfeito".

Voltando a falar sobre o carro roubado de 2016, em aproximadamente meia hora Wanda e Sam se encontravam no banco de trás de uma Land Rover branca novinha, você era mais uma vez o motorista, eu sua "copiloto" e meus pés estavam muito bem acomodados no painel do carro - assim como em 2014 - mas diferente da última vez, não os abaixei quando você mandou.

Parece uma atitude infantil? Sim, mas eu tinha minhas razões. 

Primeiramente só fiz o que pediu da primeira vez porque não queria te deixar irritado e bem, você não confiava em mim, achei melhor ficar na minha e só obedecer. Porém, agora o negócio era diferente, o que me leva ao meu segundo ponto: não vou dizer que mando no relacionamento. Até porque acredito que precise ser algo compartilhado entre todos os envolvidos e não um com mais poder do que o outro, mas isso não muda o fato de que algumas coisas precisavam ser aceitas. Uma dessas coisas é que, às vezes, eu gosto de apoiar meus pés no painel do carro, mesmo sabendo que era errado e perigoso em caso de acidente.

Você que lidasse com isso.

Tudo bem que eu parei de fazer isso depois que passamos a andar com April no carro, apesar de gostar de sermos parecidas em muitas coisas, algumas manias minhas são erradas, então prefiro que elas sejam só minhas mesmo.

Devemos desconsiderar também o momento constrangedor para a coitada da Wanda, quando Sam descobriu que ela e o Visão eram... O que quer que eles fossem. Apesar de valer a pena ressaltar que fiquei surpresa com o fato de você saber sobre isso.

Lerdo para as coisas que envolvem ele e pega rapidinho no ar quando o assunto são outras pessoas, esse é meu marido fofoqueiro.

Mas um momento que eu amo, que aconteceu nessa curta viagem até o Cairo, foi quando explanei para todo mundo que fui seu primeiro beijo desde 1945 - e devo dizer que a prática realmente leva a perfeição. Ver suas orelhas ficando vermelhas era divertido e se você não estivesse dirigindo provavelmente teria te beijado ali também. 

 Finalmente chegamos no Cairo e deixamos o carro abandonado no primeiro local mais discreto que encontramos, pagamos um táxi para nos levar até um pouco mais perto do local onde supostamente deveríamos encontrar minha irmã. Estávamos usando bonés e óculos escuros, o clássico disfarce, que na minha humilde opinião não é tao bom e não deveria funcionar com tanta frequência. Porém, ele prova a minha teoria de que as pessoas só enxergam o que elas querem, sendo fechadas para outras coisas que são basicamente jogadas em suas faces o tempo inteiro. 

Yelena já nos esperava, rever o quinjet era muito bom e minha irmã aparentemente também havia se apaixonado por ele. Depois de ter que ver ela comer uma barra de cereal de mais de cinco anos, convence-la de que a mesma não poderia ficar com o quinjet para si, e esperar ela explicar que realmente haviam três micro rastreadores e cinco dispositivos que transmitem o sinal via satélite, cuja retirada já havia sido feita, novas despedidas foram feitas e mais uma vez estávamos nos escondendo pelos céus. 

A pergunta que nos acompanhou durante esses dois meses voltou a surgir: para onde iríamos daquela vez?

Não achei que deveríamos ir para alguma daquelas cidades menores, como Maripasoula ou Arenillas, nessas cidades sempre arrumávamos um jeito de fazer alguma coisa, não conseguíamos passar muito tempo quietos e trancafiados, não fazia parte de nós. 

Sentir-se preso e de mãos atadas não era algo realmente bem-vindo, não para quem já teve que lidar com isso de forma física, como eu e Wanda, ou de forma literal, como era o seu caso e de Sam. Porém, naquele momento, nosso disfarce já era, as pessoas poderiam estar ficando exaltadas com as notícias que saíam e não tínhamos a menor ideia se era ao nosso favor ou contra. 

Por isso, a melhor opção que pensei foi em algo grande, algo que fizesse você perceber a importância de ficarmos escondidos. Um lugar movimentado, onde as pessoas não pensariam em olhar duas vezes na cara de um possível hospede. 

Foi com tudo isso em mente que escolhi nosso próximo destino, foi assim que no dia 10 de julho de 2016 estávamos na cidade das luzes. Paris nos trouxe mais momentos caóticos, mas o caos de lá foi totalmente diferente do de Arenillas ou Dhaka. 

A França foi realmente especial, para nosso relacionamento e para o nosso futuro, mas chega de falar sobre isso, Paris tem cartas inteiras só para ela, não precisa ser coadjuvante nessa aqui. 

Capítulo novo cheio de referências! Paris vai render momentos icônicos também, podem apostar

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Capítulo novo cheio de referências! Paris vai render momentos icônicos também, podem apostar.

A gente está tão perto do final e eu nem sei como me sinto sobre isso (um misto de felicidade e tristeza)...

Beijos e até terça 💜

Cartas para Steve RogersOnde histórias criam vida. Descubra agora