Beijos e Muitas Emoções

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Querido Steve,

Depois da minha breve temporada na Rússia, eu voltei, para sua alegria. Foi engraçado a forma como seus olhos praticamente brilharam ao me ouvir passando por aquela porta fazendo piada com sua idade, parecia que o sol que iluminava sua vida tinha voltado a brilhar e meu estúpido coração bastou perceber isso para mandar uma mensagem para meu cérebro: não ligo para a racionalidade, beije-o, agora! 

Mas eu não fiz isso, principalmente porque Wanda e Sam também estavam ali, e também eu havia passado dois meses longe, não sabia como as coisas seriam a partir de agora. Meu cabelo estava maior, foi Sam quem percebeu isso, "você parece diferente", foram as palavras de Wanda, esperei pelo seu comentário, mas ele não veio. Você só conseguia me olhar com aquela expressão meio abobada e o sorriso no canto de meus lábios era permanente ao notar isso. 

Eu desviei de todas as perguntas do tipo "onde você estava?" ou "o que fez as férias inteiras?", só porque eu tinha aceitado meu passado não quer dizer que quisesse compartilhá-lo por aí, e além do mais, Yelena, Melina e Alexei preferiam se manter escondidos, pelo menos por um tempo, então não era uma boa ideia arriscar revelar a posição deles e muito menos explicar quem eles eram. Ainda não era o momento. 

Então nós focamos no trabalho, eu e você havíamos voltado ao que éramos: flertes trocados, às vezes não tão inocentes como costumavam ser, piadas e olhares que me deixavam cada vez mais alertas. A dupla dos sonhos tinha voltado. Nós trabalhávamos de forma perfeita, parecia que éramos um só, nossas mentes estavam interligadas e pareciam prever o movimento um do outro a cada momento. 

Um dia, você fez a pergunta premiada: Como está com relação ao Bruce? E eu vi você tentar segurar o sorriso quando respondi "Relacionamentos acabam. Eu que não vou me acabar por eles.", lógico que eu nunca estive realmente sofrendo por ele durante todo esse tempo, mas você não sabia disso, então era melhor deixar bem claro de uma vez que não existia mais nada entre nós, nunca existiu de verdade. 

Nós havíamos tido uma sessão de treinamento como nos velhos tempos: só nós dois, lutando e treinando um ao outro até ficarmos completamente exaustos. Eu saí para pegar uma garrafa de vodka enquanto você terminava de organizar as coisas. Lembro da surpresa em seu olhar, mas logo sorriu e aceitou um copo. Nós brindamos, rimos, conversamos. Até eu me perder em seus olhos conforme você falava sobre alguma coisa que eu já não fazia mais ideia do que era, então eu lembrei das palavras de Yelena, e soltei aquela pérola do "Você já percebeu como nós dois somos ferrados no amor?". 

E bem, era verdade. Eu sou uma mulher incrivelmente bonita, inteligente e gostosa, e você também não é de se jogar fora, então o fato de sermos solteiros parecia extremamente irônico. Óbvio que eu já tinha entendido o porquê disso acontecer: você me queria e eu queria você. Não parece tão difícil certo? Parece ser um problema extremamente fácil e simples que seríamos capaz de superar em alguns poucos minutos. 

E eu queria tentar resolver... Mas antes disso eu precisava ter certeza que você realmente queria o mesmo, que nada tinha mudado naqueles dois meses e por isso perguntei em quem você estava pensando para estar tão distraído. Você desconversou e eu observei as pontas das suas orelhas ficarem vermelhas. Era a confirmação que eu precisava.

Lembro também que depois que eu te chamei para brindar em homenagem as duas pessoas mais bonitas do mundo e que estavam plenas sendo solteiras, você me perguntou se eu estava bêbada. Não me admira, todas ás vezes que eu falei sobre meus sentimentos com você ou estava realmente bêbada ou fingia estar para não ter que me explicar depois.  O que importa é o momento em que você tentou sair e eu pedi que ficasse, eu ainda lembro quando levantei do canto onde estava sentada e a forma como ficamos próximos. Alguns centímetros nos separava, o suficiente para que pudéssemos fugir daquela situação, mas não o suficiente para que ignorássemos a tensão que se instaurou. 

Eu te chamei para dançar comigo e você inventava um monte de desculpas ridículas para ir embora ou não fazer isso, e eu juro que já estava perdendo a paciência com toda sua lerdeza. Custava me ajudar um pouquinho e só aproveitar o momento? Depois você reclama quando eu estragava o clima. Só que eu sabia que não podia esperar que você tomasse outra atitude como a meses atrás, era a minha vez de dar o passo final. Te puxei para mais perto, dançávamos desajeitadamente, mas próximos o suficiente para que soubesse que seu coração estava tão acelerado quanto o meu. 

Eu fiquei triste por um momento ao lembrar que isso que você sentia por mim podia ser só admiração e atração, mas que não necessariamente você estava apaixonado por mim. Então, eu disse que precisava te ensinar a dançar para a mulher que você se apaixonasse, não consegui evitar que o sorriso decepcionado surgisse em meu rosto. Eu só queria ser essa mulher, bem ali eu percebi que ficar entre seus braços, dançar com você pelo resto da minha vida, não parecia um futuro ruim, muito pelo contrário. 

Podemos pular a parte constrangedora de quando você começou a pensar em voz alta e pular para a parte boa? A parte onde eu te beijei, e era tão bom quanto me lembrava. Mentira. Era muito melhor. 

Pela primeira vez estávamos nos beijando de verdade, como se não houvesse amanhã e como se aquele fosse nosso primeiro e último beijo que trocaríamos. As borboletas na barriga, a pulsação acelerada, a falta de ar e o impulso de só querer mais e mais, eram coisas que aconteciam comigo naquele momento.

Eu falei sério quando disse que não queria estragar você, mas eu também não aguentava mais essa distância. Eu queria você, mas estava com medo. Então você disse que ninguém precisava ficar sabendo desde que eu ficasse com você. E pode ter certeza que eu fui no céu e voltei, então você me beijou de novo e não ficávamos cansados ou enjoados, só precisávamos um do outro. E naquela noite nós buscamos pelo mais. Foi nossa primeira vez juntos, e ela durou por muito tempo, vi o sol raiar pela janela do seu quarto e mordi o lábio para conter um sorriso ao perceber que não era só um sonho. Apesar de que meu corpo dolorido - com certeza não devido ao treino - não me deixaria esquecer. 

Nada no mundo me faria esquecer a noite passada, eu estava nas nuvens, sorrindo até para o vento quando estávamos sozinhos e tentando disfarçar isso quando algum dos nossos amigos estava presente. Os beijos escondidos, os olhares e suspiros apaixonados, uma pequena escapada para o seu quarto ou para o meu, tudo isso virou parte do nosso cotidiano e sim, eu queria assumir de uma vez o que estava acontecendo, mas também tinha muito medo do "e se...".

Eu via que você estava ficando frustrado e lá estava meu medo de novo, aquela pontinha de desesperança que sussurrava em meu ouvido sempre que via você se afastando "ele vai enjoar de você e vai achar alguém melhor". 

Mesmo com esses detalhes, foram quatro meses praticamente perfeitos. Até que a bomba foi jogada. 

Lagos, Ross, Tratado de Sokovia, 117 países, Peggy estava morta e para completar a desgraça você não aceitou o tratado. 

Eu disse que Tony estava certo e eu realmente achava que estava, pelo menos naquele momento ficarmos juntos era mais importante do que como ficávamos. Seu olhar de decepção fez meu coração se partir, bem ali, em silêncio, na frente de todo mundo e daquela vez...

Daquela vez Steve, nem você percebeu. 

Escutaram isso? É o barulho do caos chegando

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Escutaram isso? É o barulho do caos chegando

Beijos, até terça 💙

Cartas para Steve RogersOnde histórias criam vida. Descubra agora