Put On Your Makeup

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- Papai, por que está chorando? - Steve se assustou ao ouvir a voz suave da filha vindo da porta do escritório.

Ele estava lendo as cartas sobre a época do acordo e saber pela primeira vez toda a extensão de dor que ele causou em Natasha, mesmo que já tivessem se passado anos, não era fácil. O mesmo juntou as cartas e as colocou dentro da gaveta de qualquer forma, antes de levantar da cadeira e ir para perto da pequena.

- Não foi nada demais, acho que um cisco caiu no meu olho, ele estava coçando muito - ele tenta mentir, era melhor do que explicar a verdade.

Claramente ela não acreditou, mas também percebeu que o pai não queria falar sobre o assunto. April era tão observadora quanto a mãe, infelizmente para Steve que era quem tinha que lidar com as duas e felizmente para ela, porque já era de conhecimento geral que Steve Rogers podia ser um pouco lerdo às vezes.

- Certo - com um sorriso, simplesmente abraçou o pai, afinal era isso que gostava que fizessem com ela quando estava triste, e claramente ele estava precisando de um abraço naquele momento - Quer brincar comigo?

Steve não sabia resistir aqueles olhos sapecas que brilhavam só de imaginar todas as brincadeiras que eles fariam. Ela deu um gritinho animado quando o pai concordou com um aceno de cabeça que sim, iria brincar com ela, e simplesmente o arrastou pela mão até o quarto onde Steve teve um pequeno ataque cardíaco ao ver a bagunça que a filha havia feito.

- Eu transformei o quarto no meu próprio salão de beleza - ela diz de maneira orgulhosa, com as mãozinhas no quadril, naquelas poses que vemos super-heróis fazerem - O que você acha?

- Acho que sua mãe vai enlouquecer, onde ela está afinal? - ele questiona e a filha nem precisa pensar um pouco antes de falar.

- No quarto. Tia Hill pediu a ajuda dela para alguma coisa e ela disse que precisava se concentrar, mas prometeu que assim que terminasse vinha brincar comigo, mas ela ainda não viu meu salão, então parabéns papai, você é meu primeiro cliente! Vou te deixar fabuloso - a filha parecia tão empolgada com a ideia que Steve nem se deu tempo de imaginar o que ela faria com sua pessoa. Só concordou e sentou na cadeira de madeira, pequena de mais inclusive, e esperou para ver o que a pequenininha tinha preparado para ele - Eu pedi a maquiagem da mamãe emprestado, mas ela disse que não era brinquedo e eu podia estragar, então infelizmente vou precisar usar só essas de mentirinha.

Steve fingiu a melhor cara de decepção e esperava que fosse um ator bom o suficiente para enganar a filha pelo menos daquela vez. Não iria querer magoar os sentimentos dela.

- Então... Como isso vai funcionar?

- Você senta aí, relaxa e eu cuido do resto - April faz um joinha para ele, totalmente alheia ao desespero do pai.

Quer dizer, por que ele se assustaria certo? Só porque da última vez ela pegou uma tesoura de verdade e por pouco não cortou o cabelo dele? Isso não era motivo suficiente para desespero na cabecinha infantil dela.

April começou a trabalhar em deixar o pai fabuloso, usando as próprias palavras dela aqui, infelizmente como a maquiagem não era de verdade ele não tinha mudado muita coisa, mas podiam fingir que sim. Para finalizar, ela pegou a peruca que usou no último Halloween quando se fantasiou de Viúva Negra e pôs no pai.

- E então? Como eu estou? - ele jogou o cabelo um pouco para o lado, da mesma forma que já tinha visto a esposa fazer. Só não esperava que quem fosse responder a pergunta fosse a dita cuja.

- Você está incrível Rogers - Steve estreitou os olhos na direção da esposa ao ver o sorriso travesso nos lábios dela - Mas...

- Mas? - April questiona apreensiva de que a mãe não tenha gostado da produção dela, era perfeccionista demais nas coisas que fazia.

Cartas para Steve RogersOnde histórias criam vida. Descubra agora