"Friendzone", Medo e Desespero Por Férias

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Querido Steve,

Se não fosse pelo Sam nós teríamos nos beijado de novo e dessa vez não era uma missão. Você quase tomou iniciativa, o que era praticamente um milagre acontecendo diante dos meus olhos e eu quase morri bem ali sem entender o que estava acontecendo.

Quando nos separamos foi que eu realmente processei o que ia fazendo. Eu deixei que você visse uma parte minha que te queria acima de qualquer outra coisa. Entretanto, a outra parte falou mais alto, não entenda errado, essa outra parte também te queria muito, mas ela não era tão egoísta a ponto de deixar você "jogar fora seu futuro para ficar com uma ex assassina que ainda tinha muito vermelho na lista". Então, eu usei a melhor e mais velha desculpa do mundo: não quero arruinar nossa amizade.

Não era totalmente mentira, principalmente quando disse que estrago tudo o que eu toco e que odiaria fazer isso com você. Porque eu te amava tanto Steve, que estava disposta a sofrer em silêncio e reprimir esse meu amor para te ver feliz.

Eu só não contava com o fato de você aparentemente também sentir o mesmo.

Então, eu fiz uma das coisas que faço melhor: inventei uma nova identidade, uma nova personagem e comecei a usar dela. Fiz o meu melhor papel da pessoa com o coração partido porque o tal cara que gostava tinha sumido da face da Terra, mesmo que o cara que eu realmente gostava estivesse bem ali, ao meu lado, praticamente 24 horas por dia.

Isso ficou confuso? Acho que não.

De qualquer forma, nosso relacionamento ficou meio abalado no início. Tanto eu quanto você tentávamos superar o quase beijo, e não era a coisa mais fácil do mundo já que nos víamos o tempo inteiro e trabalhávamos juntos também.

Mas essa tensão só durou nos primeiros dias, logo em seguida eu tinha meu amigo de volta e você a sua. Como se nada tivesse acontecido, certo?

Absolutamente errado!

Eu não conseguia te tirar da cabeça, eu não conseguia esquecer o seu olhar de desejo e o quão desesperado você parecia para que eu te beijasse, para que eu demonstrasse que também te queria da mesma forma.

E eu queria, juro que queria! Mas tinha muitos assuntos inacabados comigo mesma. Meu passado conturbado que você sabe ser meu pior pesadelo.

Eu nasci na Rússia, em meados da Segunda Guerra Mundial (nem venha com piadinhas, você é bem mais velho, se vier inventar coisa não vai gostar da minha punição) durante a Batalha de Stalingrado, nazistas atacaram o prédio onde eu morava com a minha família e minha mãe, com a ajuda de um soldado, conseguiu me salvar. O nome desse soldado era Ivan Petrovich e ele me entregou para a Sala Vermelha quando eu tinha quatro anos.

Entretanto, por ser muito nova eles não poderiam me colocar no treinamento e muito menos fazer experimentos. Foi um acordo que Ivan fez com eles, descobri esses detalhes da minha história anos depois quando já estava trabalhando para a KGB. Um dos truques favoritos da Sala Vermelha com suas garotas eram a lavagem cerebral e a implantação de memórias falsas, e foi isso que eles fizeram comigo e com outra garota que assim como eu também era nova demais: Yelena Belova.

Nós tivemos pais, Melina e Alexei, nós fomos irmãs, e éramos uma família russa e feliz. Até que quando fiz onze anos os agentes chegaram para me levar. Fui entregue por nossos "pais", descobri que os dois eram agentes da Sala Vermelha o tempo todo, e não me importava se eu via dor e arrependimento no olhar deles ao me ver ir embora, eu só sabia que me senti traída e se eles queriam uma máquina de matar sem sentimentos haviam acabado de conseguir uma. Eu estava furiosa, o poder da traição e da vingança se tornaram maiores que qualquer amor que senti ao longo dos anos que passei com eles. Porque para mim tudo não passou de uma grande mentira.

Cartas para Steve RogersOnde histórias criam vida. Descubra agora