Querido Steve,
depois que finalmente nos acertamos foi difícil segurar o desejo e a saudade que estávamos um do outro, e os beijos ardentes que começamos a trocar foram interrompidos - pasmem - por você. Aparentemente os meninos voltariam logo (sim, eu ainda reviro os olhos lembrando desse momento), mas claro que eu faria você pagar por isso, pela provocação que começou e não se dispôs a terminar.
Eu deveria dizer com detalhes o que fiz, sozinha, naquele banheiro após você me provocar e testar o próprio autocontrole (que com certeza estava bem melhor que o meu)? Não, melhor não, vamos deixar sua imaginação trabalhar um pouco...
Voce sempre foi minha perdiçao, Steve Rogers.
Acontece que os meninos voltaram mais ou menos dentro de meia hora - viu como tínhamos tempo? existe uma coisa mágica chamada trancar a porta - e dessa vez nós almoçamos todos juntos, o clima muito mais leve, como uma verdadeira família, pequena e incompleta, mas ainda assim uma família. Pedimos desculpas para Wanda e Sam, pela situação que impusemos aos dois e decidimos - todos juntos - algumas regras para o caso de algo como o que aconteceu em Dhaka, vir a a acontecer novamente.
Foram regras necessárias que preservavam pela nossa segurança e bem estar, afinal, ainda éramos fugitivos. Devo dizer que concordei muito com todas elas, principalmente com a última, só bater na porta do casal quando for extremamente urgente, brincadeiras a parte fiquei muito mais tranquila agora que nós havíamos estabelecidos essas medidas de segurança, pelo menos evitávamos incidentes indesejados e brigas desnecessárias.
Nossos três últimos dias em Maripasoula foram seguindo essas regras com afinco, e no meio das caminhadas de Wanda e Sam, eles acabaram achando uma parte mais carente da comunidade, onde um grupo de haitianos viviam e possuíam uma lavoura. Como não tínhamos nada para fazer e estávamos desesperados para nos sentirmos úteis de novo, resolvemos ajudar por ali. Apesar de não termos sido exatamente reconhecidos, os haitianos ficaram hesitantes em receber nossa ajuda, afinal era um grupo de estranhos que apareceu do nada e sumiria do nada também, mas acabaram aceitando e nós nos dispusemos a ajudá-los no que precisassem, desde o trabalho braçal mais pesado a qualquer outra coisa que nos colocassem para fazer.
Não foi difícil, muito pelo contrário, as coisas que nos colocavam para fazer, apesar de cansativas, se tornavam relativamente mais leves devido ao soro que corria em nossas veias. Sam e Wanda não possuíam esse tipo de atributo, mas com certeza não importava, os dois trabalhavam tanto quanto nós dois e o trabalho serviu para nos distrair de todas as coisas ruins que nos cercavam ultimamente, serviu como uma espécie de treinamento para não nos deixar sair de forma e fez com que nos sentíssemos um pouco como super heróis novamente.
Apesar de relutantes com nossa presença ali, não demorou para que os haitianos ficassem mais a vontade e logo se tornaram simpáticos com a gente. No nosso último dia os efeitos de todo aquele trabalho estavam aparecendo, costas e braços doloridos, além do cansaço físico. Todo o meu respeito para aquelas pessoas que passavam por aquilo sem nenhuma mudança genética que as ajudassem a tornar tudo mais tranquilo.
Porém, apesar de não ter admitido na época irei fazer isso agora, o trabalho na lavoura não foi nada comparado a ter que cuidar daquelas duas garotinhas, no último dia.
Após todos almoçarmos e já estarmos prontos para voltar ao trabalho, acabei ficando para trás e percebi que estava sendo seguida, quando olhei para trás, dois pares de olhos curiosos me encaravam. As duas meninas, que descobri serem irmas e se chamarem Darline e Dandara, se esconderam ao perceber que eu as havia visto, sorri com a atitude delas e me aproximei de fininho pelo outro lado, silenciosa como sempre, assustando-as quando parei ao lado delas e disse um "olá".
Elas me disseram que os pais trabalhavam por ali, e as duas ficavam na casa até que chegasse a hora de irem para casa, mas estavam entediadas e simplesmente resolveram me seguir. Darline era a mais velha, possuía seis anos e Dandara havia acabado de completar seus cinco aninhos, elas eram muito fofas, mas eu não fazia a menor ideia do que deveria fazer, então simplesmente as guiei até a casa novamente, antes que se perdessem. Quando cheguei lá, as duas agarraram nos meus braços e me pediram para brincar, eu não sabia fazer aquilo, não era a pessoa certa para lidar com crianças, era a tia preferida de Lila porque ela não tinha mais nenhuma, não porque eu soubesse o que estava fazendo o tempo todo.
Mas se isso fosse uma mentira e eu realmente fosse a tia preferida independente da quantidade, talvez eu fosse capaz de lidar com aquelas duas. Então, resolvi que pelo menos tentaria, e devo admitir que foi muito divertido, elas eram muito enérgicas e a menorzinha queria colo o tempo todo, enquanto a mais velha queria atenção e brincar, precisei me dividir em duas para conseguir lidar com as duas e apesar de no começo ter sido complicado, acabei me saindo muito bem. Deixei Dandara sentada no meu colo, enquanto brincava com Darline da mesma forma que fazia com Lila, prestando bastante atenção nas coisas que ela falava e nas brincadeiras que inventava.
Em determinado momento, percebi que você olhava um pouco da cena ao longe e o sorriso que deu, então a conversa que havíamos tido passou pela minha cabeça, sobre nossos futuros filhos hipotéticos que não teríamos a menos que o destino resolvesse fazer uma mágica e nos pregar uma peça. Eu nunca havia pensado em ser mãe, cresci com a ideia de que seria algo impossível, algo que eu não deveria querer para minha vida, mas ali, enquanto aquelas duas pessoinhas sorriam para mim, percebi que talvez não fosse algo tao ruim, que não reclamaria caso a mágica da qual falamos acontecesse.
Na volta para o hotel, decidimos que já havíamos passado muito tempo ali e que já havia chegado a hora de ir embora, e assim o fizemos, arrumamos nossas coisas e seguimos na direção onde tínhamos deixado o quinjet. Estava tentando melhorar essa minha coisa de sempre decidir tudo sozinha, então deixei para decidirmos juntos para onde iríamos agora, optamos pelo Brasil, e coube a Wanda e Sam escolherem uma cidade.
Quando chegamos no quinjet, pedi a Sam que ficasse responsável por pilotar, precisava dormir, estava exausta e não dormia muito bem a um tempo. O cansaço era tanto, que nem ao menos lembro de quando você chegou e deitou-se na cama ao lado da minha, ou qualquer outra coisa. Simplesmente deitei e dormi, o que não era muito comum ou algo que fazia com tranquilidade.
Não demorou tanto assim para que Wanda viesse me acordar, e para que logo em seguida você me pegasse no colo, achei que fosse ter que implorar por isso, felizmente você foi mais rápido, poupando meu ego. Segurei sua mão durante a aterrissagem, sabia que você ficava desconfortável com elas devido ao que aconteceu quando ficou preso no gelo, esperava que comigo ali pudesse ajudar em alguma coisa. Tudo estava indo de acordo com o planejado, exceto quando pousamos, porque ao sair do quinjet não demos de cara com o Brasil, como havia sido planejado, mas sim com os nossos dois amigos rindo e dizendo um sonoro "bem-vindos a Coveñas".
Estávamos na Colômbia e a dupla dinâmica com certeza estava aprontando alguma coisa, mas quem se importava? Tinha uma imensidão azul nos esperando, o mar nos convidava lá embaixo e foi assim que começamos uma série de dias incríveis, dias que nos fizeram relaxar e esquecer todos os problemas que nos perseguiam. Com certeza, Coveñas sempre estará marcado na nossa história e terá um lugarzinho especial em nossas mentes e corações.
Eu estava morrendo de ansiedade para chegar na Colômbia. Se preparem hein ☺
Até terça, com a Ana💛
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cartas para Steve Rogers
FanficNo dia do seu casamento com Steve, Natasha recebeu das mãos dele um pequeno caderno que acabou se revelando um diário onde seu futuro marido relatava todos os momentos que os dois tiveram juntos, desde o mais simples como quando eles se conheceram...