Another One

113 21 34
                                    

- Mamãe, papai - a voz baixa e as batidas ritmadas na porta acordaram Steve. 

Ele observou o quarto escuro e a esposa deitada sobre o seu peito, usando nada além de uma de suas blusas e uma calcinha. Olhou a hora no celular, levando um tempo para conseguir parar de piscar, eram pouco mais de três horas e meia da manhã.

Novamente as batidas e a voz voltando a chamar por ele. Gentilmente, rolou a esposa para o outro lado da cama, ela resmungou alguma coisa, que o mesmo não entendeu, antes de encará-lo com uma expressão sonolenta.

- Papai rápido, tá escuro e frio aqui fora - exigiu a impaciente garotinha.

Rogers levantou da cama acendendo o abajur e vestiu rapidamente uma calça de moletom que estava jogada na poltrona. Percebeu a esposa sentando na cama, um pouco mais desperta agora que havia identificado a voz da filha.

- Estou chegando, estou chegando - ele destrancou a porta e encarou a menina abraçada com seu velho coelhinho de pelúcia.

Assim que o pai abriu a porta, April correu para a cama do casal, subindo rapidamente e se arrumando embaixo das cobertas. Steve ficou encarando sem reação, mas sorriu e voltou a fechar a porta do quarto, indo em direção ao seu lado da cama.

- Steve, temos uma intrusa - Natasha brinca enquanto levanta uma das sobrancelhas de forma interrogativa para a pequena.

- Não se preocupe mamãe, sou só eu.

April ficou de lado encarando a mãe, ambas sorrindo levemente uma para a outra. Steve só conseguia observar e pensar no quanto era grato pela sua família. Romanoff retirou o cabelo da filha que insistia em cair na frente dos olhos dela, colocando a mecha atrás da orelha. Percebeu na meia luz do quarto, os olhinhos brilhando e apesar de estar sorrindo fraquinho, ela claramente queria chorar.

- O que aconteceu, coelhinha? - a pergunta saindo dos lábios da mãe foi o suficiente para as lágrimas começarem a rolar pelo rosto da pequena.

Natasha e Steve se encararam preocupados. A mulher encostou as costas na cabeceira, trazendo a filha para junto de si. April chorava sentada no colo da mãe, apertando-a com toda a força que tinha aos nove anos de idade.

- Respire bem fundo bebê - a ruiva fazia um carinho nas costas da pequena, enquanto Steve mostrava como ela deveria inspirar e expirar - Está tudo bem, vai ficar tudo bem, mamãe e papai estão aqui com você.

Quando finalmente conseguiu parar de chorar, ela continuava abraçando a mãe como se sua vida dependesse disso. Natasha foi devagar deitando na cama, deixando que a filha ficasse por cima dela. Começou a acariciar os cabelos de sua garotinha, cantando baixo para ela.

- Está mais calma agora? - Steve perguntou quando a filha parou de soluçar, ela concordou com um aceno de cabeça - Quer nos contar o que aconteceu?

- Eu tive um pesadelo - sua voz era baixa, como se ainda estivesse assustada - A mamãe caía de algum lugar e morria. Nós não podíamos fazer nada, só ficávamos triste, sem saber como seria agora sem ela, e... doía muito, ainda está doendo, não quero imaginar isso acontecendo, por isso vim para cá, precisava te sentir pertinho de mim mamãe.

Steve sentiu seu coração apertar com a descrição do pesadelo da menina, ele arrumou-se na cama, sentando ao lado da esposa e imediatamente passou os braços em volta das duas. A família permaneceu em silencio por um tempo, aproveitando o conforto e a segurança do calor um do outro.

- Ei, olhe para mim - Rogers levantou o queixo da filha com delicadeza, de forma que ela pudesse encará-lo, Natasha simplesmente encostou a bochecha na cabeça da menina, absorvendo o cheiro de bebê que lhe acalmava desde que o sentiu pela primeira vez - Eu jamais permitiria que uma coisa assim acontecesse com sua mãe. 

Cartas para Steve RogersOnde histórias criam vida. Descubra agora