Cartas para Steve Rogers

Minha Primeira Família

Querido Steve,

Na última carta eu contei algumas partes do meu passado. Óbvio que você já sabia da maior parte, mas alguns detalhes, mesmo após tanto tempo, eu ainda preferia guardar para mim, mas não vou mais fazer isso, assim como a Natasha daquela época, eu cansei de fugir do meu passado. Como eu disse, a primeira família que eu tive não passou de uma grande mentira, eu sei que teoricamente isso não anulava as memórias que havia construído, mas a raiva e a mágoa me dominaram. 

Então eu decidi que se realmente iria querer ser "digna do queridinho da américa" iria começar a reparar alguns dos meus erros do passado. Eu passei boa parte da minha vida achando que Yelena estava morta, até descobrir que não era bem assim, e coincidentemente eu precisava de um tempo no trabalho, precisava de um tempo dessa coisa entre nós dois. Precisava descobrir quem eu era de verdade, depois de ter passado tanto tempo errando ao escolher entre o que o mundo queria que eu fosse e quem eu era de verdade. 

Precisava acertar algumas contas do meu passado perturbado, problemático e que se fosse totalmente descoberto nem de longe seria aceita nos EUA de novo. Vamos ser sinceros eles nunca gostaram muito de mim e sempre procuraram um motivo para me caçarem, não é a toa que no momento que eu defendi essa sua bunda branca durante o maldito acordo eles puseram minha cabeça a prêmio sem nem chance de negociar. 

Não vou me precipitar e bagunçar os fatos, vamos lá, uma coisa de cada vez.

Eu pedi férias (e trabalhei mais nessas férias do que o de costume, nem sei se posso usar essa palavra para definir os dois meses que fiquei longe), e de repente estava sendo recebida de braços abertos pelo frio da Rússia. Levei uma semana só para recuperar o rastro da minha querida irmã. Vamos ignorar totalmente o fato de que eu também havia descoberto onde "meus pais" estavam, eles não trabalhavam mais para o governo russo, mas isso não quer dizer que havia perdoado os dois, mas percebi que assim como eu, Yelena era só mais uma vítima que a Sala Vermelha tinha criado. 

Quando finalmente consegui descobrir o apartamento dela, fiquei nervosa lógico, não a via desde a época em que estávamos sendo treinadas, ela era um pouco mais nova se não me falha a memória (algumas coisas ainda são um pouco confusas). O fato é: eu não sabia o que me esperava e muito menos qual seria a reação dela. Então, eu entrei armada e dei de cara com uma mulher adulta armada também, nós lutamos, machucamos uma a outra, até eu dizer que era bom revê-la também. Só aí, Yelena parou de me bater, acho que ela pensava que tinha ido atrás dela por ter sofrido outra lavagem cerebral. 

"Onde você achou que eu estivesse durante todo esse tempo?", foi o que ela me perguntou e me bati mentalmente por não ter procurado-a antes. 

Assim como eu, Yelena recebeu o soro da viúva negra, mas somente algumas partes, não chegou a receber a dose completa e eu fiz questão de destruir a Sala Vermelha antes de fugir do país, eu matei tanta gente Steve, destruí laboratórios, abri as portas para as garotas, as que quiseram fugir saíram e eu não sei como elas sobreviveram, ou se sobreviveram. Eu era egoísta e em vez de ajudá-las simplesmente foquei em minha vingança. Agora, me odeio por ter feito isso, principalmente porque a última coisa que aquelas pessoas viram, foi como eles tinham feito um trabalho esplêndido e criado a máquina perfeita. 

Depois de muitas bebidas depois e uma grande atualização de tudo o que tinha acontecido, nós éramos irmãs de novo. Sim, ainda tinha algumas feridas que levariam um tempo para curarem no coração de Yelena, mas em geral: nós estávamos bem e felizes por vermos uma a outra viva. Até que ela me atualizou de um novo problema "estão reabrindo a sala vermelha". Uma nova pesquisa havia começado, e ela vinha se escondendo a meses ao mesmo tempo que tentava investigar. Levou uma noite para que ela me atualiza-se do que estava acontecendo e para que eu percebesse ser um péssimo timing para minha ideia de visitar a mãe Rússia.