About the Letters

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- "- Ainda assim - disse o Espantalho -, quero um cérebro em vez de um coração; porque um tolo não saberia o que fazer com um coração se tivesse um. - Fico com o coração - respondeu o Homem de Lata. - Porque cérebro não faz ninguém feliz, e a felicidade é a melhor coisa do mundo." - Natasha lia o livro favorito da filha enquanto a mesma estava aconchegada a mãe, pronta para dormir, mas ainda desperta o suficiente para esperar que a mãe terminasse o capítulo.

April já tinha nove anos e desde muito cedo sabia ler, mas isso não significava que ela iria abrir mão de momentos como aquele. Era sempre muito gostoso receber um beijo de boa noite do pai e esperar que sua mãe deitasse ao seu lado para que as duas pudessem ler juntas. A voz de Natasha sempre trouxe uma calma para a pequena que nem ela sabia como explicar, e esse momento antes de dormir sempre pertenceu as duas, somente quando a ruiva estava em missão, ou coisa parecida, é que Steve assumia o posto.

Falando em Steve, várias vezes ele simplesmente deitava ao lado de April e também parava para escutar a voz da esposa lendo de forma compassada e fazendo vozes diferentes para os personagens. Quem visse Natasha Romanoff com a família jamais acreditaria que era a mesma mulher capaz de matar em um mero piscar de olhos. Ficar aconchegada no meio dos pais, escutando a batida dos corações deles, enquanto os dois lhe faziam carinho, era o lugar preferido no mundo de April Romanoff-Rogers. Não importava se alguns de seus amigos diziam que ela não passava de uma bebê quando a escutavam repetir isso, para April esse tipo de coisa nunca importou.

- Eu não sei quem está certo nessa discussão - April interrompe a leitura da mãe, coisa que não fazia com frequência - Ou do que eu sentiria mais falta, um cérebro ou um coração.- Natasha espera pacientemente a filha concluir seu pensamento, dando tempo para que ela os organizasse antes de poder dar a própria opinião - Não sou a pessoa com o melhor temperamento do mundo, e geralmente tomo decisões mais baseadas na lógica do que baseado em minhas emoções, mas também não poderia abrir mão do meu coração, é ele quem me permite sentir bondade, me permite saber que não posso machucar um amiguinho ou ele vai ficar triste e me permite amar vocês. Então, eu não sei qual escolheria.

- Eu acho que mentiram para mim, de jeito nenhum você só tem 9 anos, tem certeza que não é na verdade uma mulher de quase 40 anos? - era impressionante como a filha sempre conseguia surpreendê-la. Em alguns momentos sua menina não passava de um bebezinho e em outro parecia uma pessoa adulta falando.

- Mamãe não seja boba, você me viu crescer - April bateu com o travesseiro lentamente no peito da mãe enquanto ria do jeito dela.

- Verdade, então... Tem certeza que não sequestraram minha filha e colocaram um android no lugar? - April riu mais uma vez e começou a falar como se realmente fosse um robô fazendo Natasha rir dessa vez - Sobre sua pergunta, eu não acho que seja seu coração que lhe permite sentir todas essas coisas coelhinha, mas falando metaforicamente, sim, eu acho que também não saberia qual escolher.

- Sério? - a surpresa da filha realmente pegou a ruiva de surpresa e ao ver o olhar confuso da mãe, a pequena tratou logo de explicar - Eu sempre vi a senhora como o cérebro da nossa família, enquanto o papai era o coração.

- Bem, eu sempre achei que você - e aqui a ruiva parou para dar ênfase no pronome - Era o coração da nossa família, mas não importa se eu sou o cérebro, ou o coração, ou até o dedão do pé - a filha riu quando a mais velha resolveu lhe fazer cosquinhas em seu pé - Eu só sei que cada parte minha ama você e seu pai.

- Cada parte minha também ama vocês e com certeza o papai se sente da mesma forma, já viu como ele fica todo bobo olhando para a gente? - April sussurrou a última parte como se confessasse um segredo e Natasha não pode evitar rir. Logo em seguida ela pegou a mão da mãe e a guiou até o lado esquerdo do peito onde o pequeno coração batia de forma compassada - Meu coração bate por você.

Natasha sorriu emocionada, mais uma vez aquele era um gesto que pertencia a família deles, a mesma pegou a mão da filha e a levou até o próprio coração, fazendo a pequena sorrir ao sentir o coração da mãe batendo no mesmo ritmo que o dela. Aquele era um gesto que eles desenvolveram quando por fim contaram a April a história dela, sobre a adoção e o fato de a mesma não ser filha biológica do casal, entretanto, aquela era uma forma de demonstrar que todo o amor de Steve e Natasha sempre pertenceria a ela, independente dos três compartilharem o mesmo DNA ou não.

- Meu coração sempre vai bater por você - enfim, April volta a deitar e espera a mãe finalmente terminar o capítulo, até que seus olhos pesam e a mesma se entrega aos diversos sonhos que sua imaginação fértil sempre fora capaz de criar.

Depois de arrumar a filha na cama, acender o pequeno abaju e fechar cuidadosamente a porta para não acordá-la, Natasha vai atrás de seu marido, descobrir o que ele andava aprontando de tão interessante que não havia ficado para a leitura de hoje. Não foi surpresa para ela, encontrá-lo no escritório que os dois dividiam com alguns envelopes abertos espalhados sobre a mesa, além de, é claro, as cartas que os mesmos continham. Ela reconheceu a própria letra e antes de anunciar sua entrada preferiu observar um pouco mais as reações que ele expressava enquanto lia.

Ela permaneceu em seu posto até Steve levantar o olhar em sua direção lhe ofertando um sorriso que tinha a mania de fazer seu coração bater mais rápido. Sorriu de volta e vai em sua direção, sentando em seu colo de forma que podia esconder o rosto na curvatura do pescoço dele. Steve imediatamente a abraçou deixando pequenos beijos no ombro desnudo da esposa até que a mesma levantasse a cabeça e ele pudesse beijar seus lábios.

- Eu amo você - ele diz no ouvido dela - E no momento eu me odeio por não ter permitido que você falasse comigo depois daquela festa na torre dos Avengers que Ultron arruinou.

Natasha desvia o olhar do rosto do marido para as três cartas abertas sobre a mesa, ela estendeu a mão na direção de uma delas e pode enfim ver de que se tratava. As cartas onde ela explicava o tal do relacionamento, se é que se podia chamar aquilo de relacionamento, que a mesma teve com Bruce.

- Como eu disse, não mudaria nada do nosso passado, acho que serviu para aprendermos como comunicação é importante e também não arriscaria perder o que temos hoje, quem temos hoje - Steve suspira ao escutar a resposta dela, porque sabe que a mesma tem razão, mas mesmo assim não podia deixar de ficar brevemente irritado por todo o tempo que os dois perderam - Eu te amo também, se ainda não ficou claro para você.

Ela resolveu brincar para aliviar um pouco a tensão que se instaurou nele e funcionou, logo aquele sorriso surgiu de novo e eles debatiam livremente sobre as cartas que Steve tinha lido até então.

- Quando Clint me disse que você tinha sido levada naquela vez, acho que meu coração parou de bater por alguns minutos - ele a aperta mais um pouco contra o próprio corpo, como se para garantir que ninguém iria tirá-la dele de novo.

- Eu sei - e ao perceber o tom de riso na voz dela, não pode deixar de encarar aquelas íris verdes que tanto amava - Você contou em seu diário, aquele caderno de corações cor de rosa, lembra dele?

- Nunca vai me deixar esquecer disso não é? - ele levanta com a esposa no colo enquanto a mesma abafava uma risada e fazia que "não" com a própria cabeça - Eu conheço uma forma ou outra de te distrair desse assunto.

- Sério? - Natasha brinca com o marido enquanto suas unhas já acariciavam a nuca dele, a mesma distribui alguns beijos no pescoço de Steve, adorando ver a pele exposta se arrepiar com simples toques dela e ao perceber que ele a levava para o quarto dos dois, um sorriso nasce no canto de seus lábios - Então me mostre Rogers.

- Sério? - Natasha brinca com o marido enquanto suas unhas já acariciavam a nuca dele, a mesma distribui alguns beijos no pescoço de Steve, adorando ver a pele exposta se arrepiar com simples toques dela e ao perceber que ele a levava para o quart...

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até terça, galerinha

Cartas para Steve RogersOnde histórias criam vida. Descubra agora