Mais um país e mais uma fuga

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Querido Steve,

Eu sou uma pessoa experiente em me esconder, fugir sempre fez parte de mim e já fui perseguida mais vezes do que realmente acho saudável, ou normal. Já fugi do governo russo quando decidi abrir mão de todas as barbaridades que fazia, já fugi da sala vermelha (não acho que seja mais necessário explicar o porque, você já sabe de tudo o que aconteceu), já fugi de seres humanos que queriam me matar (e vamos combinar que não eram poucos, infelizmente ao longo de todas essas décadas eu acabei colecionando mais inimigos do que amigos), e agora eu estava fugindo do governo americano e de todos os outros que concordavam com ele.

O problema é que dessa vez não era só minha vida em risco, seria bem mais simples se fosse, mas eu tinha vocês três em meu encalço e jamais iria permitir que fossem pegos. Sei que vou soar como uma grande hipócrita, entretanto, a forma como você não falou comigo, como não me contou sobre o que vinha te incomodando, acabou comigo. E sim, eu mesma faço isso o tempo todo, só que quando se estar do outro lado é bem mais fácil perceber o quão horrível a sensação de impotência é.

Não havia conseguido dormir direito no nosso último dia na Polônia, e foi só aí que percebi quanto tempo fazia que estávamos ali. Tempo demais para quem estava fugindo e se escondendo. Pensando nisso, levantei com cuidado da cama, evitando te acordar e entrei em contato com T'Challa, expliquei a situação e meus planos para sairmos dali. Assim que ele concordou e afirmou que iria mandar algumas das Dora Milaje no nosso antigo quinjet para nos buscar, eu desliguei o telefone e fui olhar nos mapas qual seria o melhor lugar para irmos dessa vez.

Estava sentada no lado de fora da casa, com aquele celular ainda em minhas mãos, tentada a usá-lo para falar com Tony, para saber como ele estava, para simplesmente ouvir sua voz e diminuir aquele aperto no peito que sempre aparecia quando eu lembrava do que havia feito.

Escutei o quinjet se aproximar e voltei para dentro da casa, só para te encontrar com uma frigideira em mãos, aterrorizado, achando que eu tinha sido sequestrada ou algo do tipo. Fiquei com um pouco de dó? Sim, mas a cena era engraçada demais para não fazer uma piada né, oh Rapunzel?

Enfim, depois que você finalmente conseguiu processar o que estava acontecendo (tão lerdo às vezes), nós juntamos nossas coisas e em menos de duas horas estávamos viajando em modo invisível em direção a República Tcheca.

Expliquei para vocês a importância de se manter em movimento quando estamos fugindo, como não poderíamos permanecer muito tempo em um lugar e muito menos nos apegar, quanto mais amamos algo, mais difícil fica para dar adeus.

Eu escolhi Neratovice, já havia passado pela cidade e você tinha razão quando escreveu em seu diário que eu escolhia cidades que sempre me lembrassem um pouco da Rússia, era inconsciente, mas agora que posso analisar melhor percebo que era verdade.

Preferi descer em uma parte mais afastada do centro, por motivos óbvios, inclusive nós ficaríamos mais afastados também. Cidade pequena os boatos correm soltos e não seria difícil distinguir os mais novos moradores.

Nós acabamos ficando com o quinjet, o que era realmente muito bom e iria ajudar bastante nesses processos de fuga. Uma das guerreiras explicou como Ross estava apertando os outros países para que oferecessem mais homens para tentar nos capturar e logo em seguida uma delas te chamou em um local mais reservado, a outra continuou falando sobre a chegada de Scott e Clint, o primeiro estava sendo procurado, mas até o momento não haviam escutado nada de preocupante, enquanto ao meu melhor amigo estava em prisão domiciliar, odiando estar preso, porém muito feliz por estar nessa situação com sua família.

Quando as Dora Milaje saíram nós começamos nossa caminhada para a casa onde ficaríamos e dessa vez nós dois ficamos para trás. Finalmente pude te questionar sobre toda aquela coisa da estrela e pude falar sobre como me senti deixada de lado, imponente e miserável. Você me fez soltar nossas malas e colocou suas mãos em volta do meu rosto, fiquei presa pelas suas íris azuis, feliz por elas finalmente terem voltado a ser expressivas como sempre foram.

Cartas para Steve RogersOnde histórias criam vida. Descubra agora