TRINTA E SEIS

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Roseanne Park Pov.

—Você pode me passar o suco de laranja?

Essas são as primeiras palavras que Lisa me diz há dias. Desde o confronto no escritório de seu pai, ela tem sido tão fria e gelada como sempre. Não que eu possa culpá-la. Eu tentei conquistar e saquear seu útero como se fosse minha própria academia privada.

— Aqui está. — Entrego a caixa sobre o balcão. Ela está sentada no bar com seu laptop, enquanto estou no fogão fritando um ovo.

É o nosso primeiro fim de semana em casa juntas desde que tudo deu errado, e eu ainda não tenho ideia de onde estamos ou o que fazer para reconquistá-la.

Em vez de consertar essa bagunça,a reunião com seu pai se transformou em uma sessão de lembranças doces,que Taeyoung imediatamente desligou.

— Hoje é a noite da festa de gala. — Comento, deslizando o ovo solitário em um prato. Semanas atrás, quando confirmei presença, assumi que estávamos participando do banquete de caridade juntas, com Lisa como minha acompanhante, minha parceira no crime. Claro, era um evento de trabalho, mas haveria jantar, champanhe e dança. Era um encontro, para todos os efeitos.

—Sim. — Étudo o que ela diz,com os olhos ainda na tela do seu laptop.

—Ok. Tem um carro chegando às sete.

— Eu vou estar pronta. — Diz ela friamente.

Ela vai cumprir muito bem a sua parte, o papel de esposa, a CEO profissional, feliz em estar lá. Sua máscara estará firmemente no lugar hoje à noite. Meu objetivo será romper a fachada.

— Vejo você então.

Pego minhas chaves do balcão e me afasto. De jeito nenhum vou ficar com seu silêncio ensurdecedor hoje. Eu pedi desculpas, me arrastei para ela,ainda incluí seu pai na conversa, e ela ainda está segurando a raiva.

Essa é a sua escolha. Deste ponto em diante,vamos ter que resolver isso e fazer como um casal. A bola está em suas mãos.

[...]

— Então é assim que uma das melhores advogadas de Manhattan vive? Local agradável. — Estou no centro do apartamento recém-reformado de Jennie no coração de Manhattan, avaliando a reforma recente.

— Deve ser pelo que eu paguei,mas obrigada!

Jennie comprou o último andar de um edifício histórico, que estava passando por reformas há mais de seis meses. No momento em que ela terminou a coisa toda, ela ostentava uma moderna cozinha, banheiro novo, piso de madeira polida e elegante e cores neutras frescas nas paredes. É bem decorado com peças de arte e pilhas de livros na mesa de café e até mesmo algumas almofadas estampadas no sofá cinza-ardósia. Muito bem arrumado. Me faz sentir falta de casa.

— Nós não vamos ficar aqui. Vamos lá.— Jennie pega sua bolsa, coloca carteira e celular dentro e vai para a porta.

—Para onde?

— Nós vamos sair. Para onde eu deveria ter levado você em primeiro lugar.

Logo estamos em nosso clube favorito, sentadas ao longo do bar com vista para o palco, uma garrafa de vinho com duas taças cheias em nossa frente

— Agora, este é um lugar para afogar suas mágoas. — Jennie observa friamente.

Meu olhar desvia para o centro do palco, onde uma pequena loira faz stripper no pole dance.

Mas, eu acho que meu pau deve estar com defeito, porque, apesar do show que ela está dando, não há nem mesmo um pouquinho de interesse. Nada. Nada. Eu olho para o meu colo. Vendo se meu pau faz algo. Esperando para ver se ele se move, se contorce, qualquer coisa para me convencer que não está com defeito. Ela não poderia ter quebrado meu pau quando quebrou meu coração, poderia?

Jennie se inclina para frente nos cotovelos para me dar um olhar aguçado.

— Você quer saber a minha grande teoria unificada da vida?

— Tenho a sensação de que você vai dizer de qualquer maneira, então com certeza. — Pisco com um sorriso forçado e falso e tomo outro gole do meu vinho.

— Por que tudo gira em torno de uma mulher, uma mulher difícil,quando há tantos sabores para provar?

Ela se vira, olhando para o palco. Todas as formas e tamanhos de mulheres nuas agitam suas mercadorias para nós desfrutarmos. Este é o maior clube da cidade, e as opções são infinitas. Desde magras com seios grandes e bundas firmes, há deusas com curvas cujos seios enormes balançam quando andam. De ruivas que você sabe instintivamente que são problemas, para loiras platinadas que são provavelmente selvagens na cama,as recatadas morenas que são perfeitas fantasias de toda pessoa. Mas nenhuma delas me atrai. Tipo, nenhuma.

—Não estou interessada. — Sufoco,sentindo minha garganta apertada. O que aconteceu comigo? Eu era Roseanne Fodedora Park, dona de mim mesma, encantadora profissional e provocadora.

— Vamos lá foder. — Jennie diz em um gemido. — Nenhuma?

Eu balanço minha cabeça.

— Não. — Nenhuma dessas mulheres podem ser comparadas com a mulher elegante, sofisticada que costumava aquecer minha cama à noite e me mantém de pé durante todo o dia. Ela me faz trabalhar duro por cada pequena vitória que ganho com ela. O sentimento é viciante. Qualquer uma dessas mulheres iria feliz para casa comigo se eu pedisse. Onde está a diversão nisso?

Jennie dá um rosnado baixo e torturado de frustração.

— Você impossível.

Olho pra ela.

— Certo, porque a sua vida é tão perfeita e completa. Se fosse, não estaria em um lugar como este.

Eu sei que estou no caminho certo. Jennie não se abre muito, mas pelo que ela compartilhou, sei que seu trabalho a deixa infeliz na maior parte do tempo, e viver aqui enquanto toda a sua família ainda está na Coréia é difícil.

Mas ela levanta as mãos,não tomando como ofensa.

— Eu só estava tentando ajudar. Calma!

Não há como me ajudar. Só há uma coisa que meu corpo e alma necessitam. Preciso ter Lalisa de volta. Eu preciso estar dentro dela.

Reclamá-la. Fazê-la ver que ela é minha esposa. Até que a morte nos separe.

Tomo outro gole do meu vinho, sabendo que eu terei a minha chance esta noite.

Imperfect Love (chaelisa gp)Onde histórias criam vida. Descubra agora