VINTE E TRÊS

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Lalisa Manoban Pov.

Eu esperava ficar nervosa daquele jeito de novo. E até estou, mas só um pouco, não tanto quanto antes. Mesmo com as palmas das mãos suando como loucas, meu coração não está disparado e meu estômago está calmo. Eu quase sinto que estou flutuando enquanto Roseanne e eu ficamos mais uma vez diante da juíza de paz.

Ela recita nossos votos de casamento sobre as silenciosas ondas do mar, e os gritos das gaivotas, o barulho ocasional de boias e sinos de navio. Nossas duas fileiras de convidados assistem de suas cadeiras posicionadas na areia da praia. E a coisa toda parece certa, de uma forma que antes não parecia. E a coisa toda parece certa, de uma forma que antes não parecia. Como se alguma peça do quebra-cabeça invisível tivesse entrado no lugar. Minhas dúvidas tinham finalmente se dissipado, me deixando leve e livre pra ir em frente com isso.

A juíza apresenta a nossa licença de casamento e o contrato de herança, todo preenchido exceto a linha de assinatura final. Roseanne assina primeiro, depois eu, minha caneta deslizando sobre o papel tão facilmente quanto os veleiros distantes deslizam através da água. Finalmente, depois de todos os nossos falsos começos, nossas duas assinaturas estão lado a lado.

— Agora a noiva pode beijar a outra noiva — diz a juíza com um sorriso.

Os convidados aplaudem e riem enquanto Roseanne me puxa para perto. Eu sorrio contra sua boca, uma luz quente que floresce em meu peito. De repente, me parece que Roseanne sempre esteve lá pra mim. E não apenas recentemente, com Sehun, mas quando estávamos crescendo também. Ela tem sido uma constante na minha vida desde que éramos crianças. Brincalhona, às vezes irritante, sempre magnética, nunca fora de alcance.

Roseanne fez tanto por mim, especialmente no mês passado. Ela mudou tanto a sua vida por mim. O pensamento do quanto ela teve que cuidar de mim é um pouco superficial e ao mesmo tempo humilhante. Eu ainda não tenho certeza sobre a parte do romance e do sexo estando casada, mas não resta dúvida sobre a nossa amizade. Nós somos uma equipe. Prontas pra enfrentar o que o futuro nos reserva.

Mas tão certo quanto é estar aqui com Roseanne, o fato de ser o nosso casamento ainda me deixa atordoada. Puta merda, eu sou uma mulher casada agora. Eu preciso de algum tempo sozinha pra processar tudo isso.

Quando a recepção informal acaba e todos começam a jogar fora seus pratos de papel, recolher suas bolsas e casacos, e se preparar pra a viagem de volta a cidade, eu dou um suspiro de alívio. Me despeço de papa, Jisoo, e do resto dos convidados, em seguida, me retiro pro sossego da casa de verão da minha família.Agarro minha bolsa de laptop, e vou pro meu quarto de infância. A mesa é obviamente um pouco apertada agora que sou adulta. Mas essa casa é pequena demais pra um escritório separado, e prefiro estar em meu próprio espaço do que no quarto principal nesse momento. Eu não quero dar a Roseanne quaisquer ideias suspeitas sobre compartilhar uma cama na nossa noite de núpcias.

Empurro a janela pra cima permitindo que a brisa do oceano entre, e sento em minha cadeira subdimensionada, abro meu laptop, pronta para mergulhar no trabalho.

Mas a minha solidão pacífica não dura muito tempo. Sons de salto batendo contra o piso se aproximam no fim do corredor e param na minha porta.

— O que você está fazendo aqui? — Roseanne pergunta atrás de mim.

Olhando com o canto do meu olho, eu respondo categoricamente:

— Esse é o meu quarto.

Roseanne aponta pro meu laptop como se fosse uma cascavel com raiva.

— Não, to perguntando o que você tá fazendo com essa coisa?

— Análise estratégica. — Como deveria ser óbvio pela minha tela coberta de cálculo.

Imperfect Love (chaelisa gp)Onde histórias criam vida. Descubra agora