DEZESSEIS

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Lalisa Manoban Pov.

Eu olho pro relógio na minha mesa da cabeceira e suprimo um gemido. Três da manhã e eu ainda estou acordada.


Os lençóis fazem barulho.

— Não consegue dormir? — Pergunta Roseanne. Sua voz é clara, não grogue ou rouca como costuma ser assim que acorda. Evidentemente, eu não sou a única com insônia.

Suspirando, eu balanço minha cabeça.

— Venha aqui— Diz ela gentilmente.

Eu viro para olhar pra ela. Roseanne está deitada de lado, de frente para mim. Ela estende o braço. Eu hesito por um momento... Ainda estou me acostumando ao contato casual com ela. Mas logo estou em seu abraço quente, encostando minha cabeça nela, fazendo seu braço de travesseiro.

Ela me puxa ainda mais pra perto com um braço em volta dos meus ombros.

Eu inspiro seu cheirinho, que já se tornou tão familiar pra mim sem deixar de ser menor agradável ou emocionante senti-lo, e tento não notar o quão perfeitamente eu me encaixo aninhada ao seu corpo.


— Como você se sente? — Ela pergunta.

— Um pouco nervosa. — Eu confesso.

Roseanne faz um zumbido silencioso de uma risada.

— Eu não culpo você. É normal ter algum nervosismo pré-casamento.


A palavra casamento parece estranha no meu estômago. Apesar de todo o pensamento que eu coloquei na ideia de casamento no mês passado, parece totalmente diferente quando se está vivenciando. Em menos de dezesseis horas, eu não serei mais solteira. Eu vou ser a esposa de alguém.

Eu sempre imaginei meu casamento. Mas, em minha fantasia, meu pai estaria me levando por um amplo corredor adornado com um tapete vermelho, os bancos decorados com peônias, com os meus amigos exaltados e a família feliz enquanto observavam. A pessoa com quem eu me casaria seria alguém que me amaria tão profundamente que não poderia viver um único dia sem mim.

Mas a realidade da minha vida não é nada como essa história doce. Em vez disso, eu suporto a pressão de um contrato juridicamente vinculativo, seguido por uma longa e dura batalha para manter a Park & Manoban longe das mãos do inimigo.

As circunstâncias definitivamente deixam muito a desejar. Meus sentimentos sobre a noiva em si passam longe do que eu sempre sonhei, embora... comparado ao resto da situação, o que eu sinto por ela é o mais ambíguo de tudo.

As coisas entre nós costumavam ser simples. Roseanne era apenas uma velha pedra no meu sapato. Uma conhecida na melhor das hipóteses; uma rival ou uma praga na pior. Sua atitude desleixada ainda me enfurece às vezes. E eu odeio a maneira como ela sabe exatamente o quão bonita é e descaradamente usa sua beleza e carisma pra conseguir o que quer. Embora o que eu realmente odeio pode ser o fato de que seu charme funciona em mim também, quer eu goste ou não. Não importa o quanto eu tente, eu nunca fui capaz de enterrar completamente a minha grande paixão por ela.

Porém ultimamente tudo está mudando. Estamos no caminho de nos tornarmos boas amigas agora. E vê-la me defender contra Sehun sem pensar duas vezes antes deixou as inegáveis borboletas no meu estômago ainda mais alvoroçadas.

Roseanne fez jus ao meu desafio e me convenceu de que a relação entre nós duas é possível. Não de imediato, e não sem esforço, isso não é um conto de fadas em que estalamos os dedos e vivemos felizes para sempre, mas se continuarmos tentando de coração...

Estou mesmo começando a me perguntar se meus sentimentos por ela quando eu era uma adolescente não foram totalmente infundados. Talvez o meu eu mais novo sentia algo além. Talvez não foi só tesão... Okay, tesão foi definitivamente um fator, mas ainda assim. Talvez a Lalisa de 15 anos sentia que havia um coração batendo ferozmente de uma maneira apaixonada debaixo de fachada de badgirl dela. Eu aprendi que só porque Roseanne não leva tudo a sério não significa que ela não leva nada a sério. Suas prioridades e estratégias são diferentes das minhas, não necessariamente melhor ou pior.

Uma dúzia de emoções diferentes rolam através de mim, algumas boas, outras ruins. Mas, apesar de Roseanne me perguntar, estou relutante em revelar todas elas. Porque eu não quero mostrar vulnerabilidade... ou porque eu não quero ferir seus sentimentos? Não tenho certeza.

Finalmente, incapaz de decidir como responder, eu só murmurei em seu peito.

— Ainda é meio surreal para mim, sabe?

— Sim. — Roseanne me dá um aperto reconfortante... e pressiona seus lábios na minha testa.

Eu pisco ao sentir seu beijo suave. A ternura inesperada só embaralha ainda mais meus sentimentos já confusos.

Alheia a minha confusão, Roseanne está deitada de costas, puxando meu braço em volta de sua cintura. Eu tento empurrar os meus pensamentos perturbados e relaxar com ela. Chego ainda mais perto, empurrando minha cabeça sobre seu peito coberto por um top e descanso minha perna sobre a dela. Ela é tão quente, que é como estar deitada ao lado de uma lareira.

A batida constante de seu coração debaixo da minha orelha me acalma para dormir.

Imperfect Love (chaelisa gp)Onde histórias criam vida. Descubra agora