VINTE E QUATRO

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Roseanne Park Pov.

Quando Jennie me mandou uma mensagem perguntando como foi a noite de núpcias, ao invés de responder eu pedi que ela me encontrasse pra almoçarmos juntas.

A minha melhor amiga leva jeito com as mulheres, e eu tenho esperança de que ela me dê conselho sobre como proceder depois de passar a minha noite de núpcias sentada numa cadeira desconfortável, trabalhando até cair no sono. Não que eu esperasse que Lalisa se ajoelhasse e me chupasse, ou que deitasse na cama e me esperasse de pernas abertas mas um beijo de boa noite teria sido bom.

— Foi tão ruim assim? — Jennie pergunta quando eu deslizo na cadeira à sua frente.

— A noite de núpcias? A porra de um desastre.

Ela não tem que responder, porque seus olhos dizem tudo. Nessas profundezas negras com cílios escuros que deixa as mulheres loucas, é uma mistura de pena e curiosidade. Mas ela diz:

— Vamos lá, diz pra sua melhor amiga todos os detalhes — recostando na cadeira com os dedos entrelaçados em cima da mesa.

Felizmente eu sou salva do estilo autoajuda/terapeuta de Jennie com a aproximação da nossa garçonete.

 — Boa tarde! O que posso servi-las? — ela pergunta.

Quando chamei Jennie pro almoço, ela concordou com a condição de que fossemos ao seu pub favorito de estilo britânico. Apesar da minha memória afetiva pela Inglaterra, eu desprezo a comida. Jennie era muito presa aqui, até mesmo durante a faculdade. Só quando teve a oportunidade de fazer a sua pós-graduação no país da Rainha foi que conseguiu se libertar, acho que é dai que vem toda a sua paixão pelo lugar.

Ela faz um pedido de almoço de alguém que cresceu no interior de Londres, um prato do qual nunca ouvi falar, e eu escolho a coisa menos nociva que pude encontrar no menu - peixe e batatas fritas. O chá é a única coisa em que concordamos.

Quando a garçonete se afasta, ela volta a sorrir em expectativa pra mim.

— Então, me fala. Como vai a esposa?

Se ela bater piscar os olhos pra mim mais uma vez, como se fossemos duas personagens fúteis de um filme de Hollywood conversando num SPA, eu vou bater nessa filha da puta.

— Pelo menos me deixe tomar o meu chá antes de tocar nesse assunto — Murmuro chateada.

A garçonete entrega uma pequena chaleira de porcelana com a bebida bem quente. Me lembra a que eu tenho em casa. Penso em Lalisa e algo dentro de mim aperta. Ela dormiu com a cara no teclado ontem à noite; eu não tenho certeza se ela queria muito colocar seus pensamentos no papel ou manter distância de mim.

— Eu não estou tentando te chatear — Diz Jennie com um suspiro. — Só tô perguntado qual é o problema. Chuto que a noite de núpcias não foi tudo o que você sonhou que poderia ser?

— É, algo assim... — Tomo um gole do meu chá e descubro que está na temperatura ideal.

— Ela ainda tá fria com você, ou as coisas estão finalmente esquentando?

— Passamos a noite toda bolando um novo plano de negócios — Eu digo.

— Meu pai amado... Essa mulher é uma máquina de trabalho.

— Nem me fale.

É verdade que Lalisa é implacável em sua busca da perfeição. Ela é inteligente e determinada, e ela nunca oscila em confiança. É sexy pra caralho. Frustrante. Mas admirável.

Nada perturba a mulher. Ela é esperta, e não leva desaforo de ninguém. Eu nunca a vi fugir de um desafio. O que eu tenho visto é o seu esforço dominando reuniões executivas cheias de veteranos na indústria, homens com idade suficiente para ser seu avô, que já vestiam seus ternos de negócio antes que ela estivesse fora das fraldas. E ela se importa ou sequer percebe o quão linda ela é...

Imperfect Love (chaelisa gp)Onde histórias criam vida. Descubra agora