CINCO

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Lalisa Manoban Pov.

Que beleza. A renomada empresa de marketing dos irmãos Kim's enviou um abutre. E por algum motivo sabe-se lá Deus qual, nosso conselho administrativo concordou em deixá-lo cuspir 5 litros de saliva através de seus dentes amarelados por uma hora, e chamou a isso de "reunião de negócios".

Park & Manoban se tornou rival dos Kim's desde o primeiro dia. Assim, naturalmente, o seu CEO começou a salivar assim que cheirou sangue. Oficialmente, o abutre é um "representante de aquisições", mas esse título formal é apenas uma cortina de fumaça. Ele está aqui para tentar pegar a carcaça antes mesmo que ela pare de se mover.

Segurando um suspiro exausto, me mexo em meu assento na mesa de conferência. Eu não tenho tempo pra essa besteira; tenho uma companhia inteira para salvar. Encontro com potenciais compradores, está em último lugar na minha lista de coisas a fazer. Principalmente por que eu não tenho a menor ideia do que esse idiota está fazendo aqui, além de desperdiçar o tempo de todos e subir minha pressão arterial até o teto. Ainda há noventa dias, não, oitenta e seis agora, antes que o conselho decida se vai ou não vender a Park & Manoban, e, se decidirem que sim, demorará ainda mais para decidir para quem irão vendê-la.

Talvez todo esse estresse esteja me deixando histérica, mas eu não posso evitar que minha boca se contraia com a mera visão do seu cabelo. Ele tem, sem dúvida nenhuma, um dos mais gordurosos, e mais tristes cinco fios de cabelos que eu já vi. E olha que eu fui parte da elite do mundo corporativo desde que eu tive idade o suficiente para segurar a mão do meu pai em jantares de empresa. Acredite em mim, eu sei tudo sobre alguns poucos fios de cabelo tentando cobrir toda uma cabeça.

Que apropriado... um abutre careca. Talvez eu deva verificar se suas mãos não têm garras. Tomo um gole de café para esconder meu sorriso.

Papa pigarreia.

— Desculpe, Sr. Valmont, mas eu só gostaria de esclarecer alguns pontos.


O representante pisca algumas vezes, como se ele tivesse esquecido que havia outras pessoas na sala.

— Sim, senhor presidente?

— Sua oferta de compra parece muito baixa. O valor total da nossa empresa foi estimado em mais de duas vezes esse número. E o seu plano de mudanças é bastante extenso. — Papa olha através de seus óculos sobre sua cópia da proposta do Kim's. — Sem mencionar a demissão universal, certamente você não precisaria demitir todos os nossos funcionários.

— Empresas recém adquiridas sempre passam por alguma reestruturação. — O representante ajusta a gravata. — É prática padrão da indústria, como tenho certeza que você sabe. Os compradores têm de se certificar de que o seu novo ativo se encaixa em sua, ah... sua cultura corporativa.

— É claro — diz meu pai. — Estou apenas me certificando de que o conselho entenda.

Ah sim, o conselho entende, definitivamente. Ninguém sentado na mesa de conferência tem se quer um vestígio de um sorriso.

Eu dou um olhar para Roseanne, que está sentada logo à minha esquerda. Ela parece absolutamente miserável, testa franzida, lábios apertados, ombros elevados até as orelhas, parece até que quer esconder o rosto com seus próprios cabelos. Sua linguagem corporal é chocante, especialmente para uma mulher que é especialista em esconder suas expressões descontentes no ambiente de trabalho.

Uma pontada de simpatia aperta o meu peito. Sinto uma vontade inesperada de segurar a mão de Roseanne. A vontade se vai tão rápido quanto apareceu, mas a dor subjacente permanece. Deus sabe que eu não sou sua maior fã, mas com potenciais compradores na sala, a minha escolha é fácil. Claro que vou ficar com Roseanne. Afinal, o inimigo do meu inimigo é meu amigo.

Imperfect Love (chaelisa gp)Onde histórias criam vida. Descubra agora