DEZOITO

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Lalisa Manoban Pov.

Estou na casa de verão da minha família na ilha de Ko Nang Yuan, imóvel, enquanto Jisoo coloca os últimos retoques na minha maquiagem dos olhos. Esse quarto ainda está decorado de acordo com o meu gosto de adolescente no ensino médio, aparentemente envolveu uma série de contas, mandalas, pôsteres e molduras de fotos das florestas brasieliras. Eu esqueci que tive uma fase "meia brasileira". Na pequena penteadeira onde eu me sento agora, fiz meus trabalhos de verão e escrevi no meu diário.

Graças a Deus que Jisoo está aqui. Ela veio cedo pra me ajudar antes da cerimônia. Sendo sincera eu não preciso muito de sua ajuda no quesito arrumação, já que não vou fazer nada de especial com o meu cabelo ou maquiagem. Minha única concessão pra ocasião especial é um vestido de cor creme, e até mesmo isso é bastante simples: na altura do joelho e segue bem soltinho até a cintura, onde fica justo e termina com detalhes rendados na parte superior e nas alças. Eu pareço mais com uma convidada qualquer do que a própria noiva. O que eu precisava desesperadamente era do apoio moral da minha melhor amiga. Sua presença acalma meus nervos em frangalhos.

Eu nem sei por que estou abalada. Nosso "casamento" é apenas Roseanne e eu em um encontro com um juiz de paz pra assinar a papelada, enquanto meu pai e alguns outros membros da família e amigos próximos estão aqui. Sem smoking e vestidos chiques, nenhum voto, nenhuma festa de recepção. Tão curto e simples quanto humanamente possível. Esse casamento não é nem mesmo real... E ainda assim eu tenho um caso clássico de frio na barriga.

— E pronto — Jisoo orgulhosamente anuncia. — Os olhos estão prontos. Dê uma olhada.

Abro os olhos e pisco para mim mesma no espelho. Uau, eu estou... linda. Meu estilo de maquiagem de costume é bastante minimalista, já que eu raramente vou a qualquer lugar além do escritório, mas Jisoo fez uma esfumada sutil que é sensual, enquanto continua sendo discreto o suficiente para um evento diurno.

— Isso ficou muito bom. Obrigada.

— Eu sou boa ou o quê? — Sorri Jisoo. —Você quer algo para comer? Agora é a sua última chance antes de eu fazer seus lábios.

Os balcões da cozinha estão empilhados com caçarolas e saladas e sanduíches da empresa de bufê que papa contratou. Eu disse que não queria uma recepção com uma refeição extravagante. Mas ele insistiu que os nossos convidados, mesmo sendo meia dúzia de gatos pingados, ainda precisam comer antes de voltar pra casa. Portanto, este foi o nosso compromisso, refeições informais de self service em pratos de papel.

Eu balancei minha cabeça.

— Não, obrigada.

Meu estômago salta como um louco.

— Tão ruim assim? — Jisoo pergunta, seu tom subindo em simpatia.

Deixei escapar um suspiro profundo.

— Sinceramente? Não tenho certeza de como me sinto.

Eu realmente acredito que Roseanne e eu podemos funcionar como um casal. Mas eu ainda estou à beira do pânico. O casamento é um compromisso enorme e real. Pensando que estou prestes a dar esse passo, Oh Deus, e em menos de uma hora, me faz suar frio.

Se Jisoo não estivesse aqui para acalmar meus nervos, eu poderia ter considerado seriamente surtar. Especialmente quando papa entregou uma cópia do contrato no café da manhã, tudo iminente e oficial com as suas dezesseis páginas numeradas. Eu ainda não fui capaz de parar pra ler tudo com calma. Mas eu já sei o que ele diz, de qualquer maneira. Qual é a questão de frisar ainda mais? Eu só vou assiná-lo quando chegar a hora, rápido e fácil, como arrancar um band-aid.

— Coitadinha. — Suspira Jisoo. — Me deixe pegar uma bebida. Você precisa de algo pra se acalmar.

Ela vai pra fora do quarto em direção a cozinha e volta com duas taças de merlot. Minha melhor amiga me conhece bem o suficiente pra ignorar a garrafa de champanhe gelada descansando no seu balde de gelo no balcão da cozinha. Champanhe é comemorativo demais para o humor em que estou.

Eu aceito o copo agradavelmente gelado e tomo um gole profundo. A pequena dose de álcool sutilmente aquece e me faz relaxar, e eu deixo escapar um suspiro silencioso. Ela estava certa, eu precisava disso.

— Eu realmente acho que vai dar tudo certo — Diz Jisoo. — Pelo que tenho visto, parece que Roseanne tem se esforçado pra ser fofa e atenciosa com você.

— Sim, eu acho que ela está realmente tentando. — Eu tomo outro gole do meu vinho. — Mesmo que seu objetivo final seja apenas me comer.

— E isso seria a pior coisa do mundo, por quê? — Ela levanta as sobrancelhas para mim com um sorriso diabólico. Jisoo está constantemente reclamando e me lembrando sobre o estado da minha vida amorosa e sexual inexistente.

Eu bufo, sorrindo de volta, apesar de tudo.

— Eu tenho tanto interesse em sentar nela como tenho em saltar da ponte de Brooklyn.

Menos quando ela da aquele sorrisinho todo sexy e me olha daquele jeito fazendo todo o sangue no meu corpo descer direto pra minha... O que parece estar acontecendo mais e mais vezes recentemente.

— Hey meninas... — Jennie enfia a cabeça pela da moldura da porta, sorrindo como se tivesse ouvido cada palavra. — A putaria terá início depois do jantar. — Então ela direciona seu queixo em direção aos lençóis.

Porra. A última coisa que eu preciso é Roseanne pensando que a noite de hoje contará com o pacote completo de um casamento real. Frustrada, eu bato os olhos fechados.

— Precisamos de algo mais forte do que o vinho. — Jisoo volta para a cozinha antes que eu possa pará-la. Posso ouvir o barulho quando ela procura nos armários. Logo ela retorna, segurando uma garrafa de vodca. — Aqui vamos nós.

— Não, está tudo bem. — Eu aceno para ela. — Eu realmente não quero ficar muito bêbada no momento.

Ela coloca a vodca na mesa.

— Bom ponto. Devemos esperar até depois da cerimônia.

— Na verdade... —Eu suspiro. — Sinto muito, eu não acho que vou estar com vontade de socializar essa noite. Eu preciso de um tempo sozinha pra descobrir como lidar com as coisas. — Ou enterrar a cabeça no trabalho como um avestruz e evitar totalmente a minha situação. — Obrigada por ter vindo até aqui.

Ela balança a cabeça.

— Claro que eu vim, Lalisa. E posso voltar pra a cidade amanhã cedo, não tem problema. É uma longa viagem de volta de qualquer maneira. — Seu olhar vagueia ao longo em direção ao deck, onde Roseanne e Jennie sentam de costas pra gente, com vista sobre a praia. — Então, Jennie é bem gostosa.... Eu provavelmente poderia me ocupar com ela essa noite. — Ela sorri maliciosamente.

— Divirta-se — Eu digo com um encolher de ombros. Alguém por aqui deve se divertir, afinal. — Na verdade, você deveria fazer isso agora mesmo. Eu posso passar meu batom sozinha.

Compartilhamos um último abraço reconfortante antes dela me deixar sozinha no meu quarto de infância, levando sua bebida com ela.

Eu empurro para cima a janela e respiro o ar salgado da brisa úmida do oceano. A tarde é quente, aumentando a névoa à partir do porto azul. Por um minuto, eu assisto a um punhado de veleiros distantes, ofuscando pontos brancos que se sacodem no horizonte. Eu tento não ficar obcecada com a cerimônia que vai começar em apenas meia hora. Deixando a visão pacífica encher minha mente, sinto minha tensão começar a derreter.

Mas o silêncio abençoado estilhaça quando meu telefone toca. Resmungando, perguntando quem diabos iria me ligar agora, eu pego meu celular na bolsa.

Eu franzo a testa para a tela. Não conheço o número, então respondo com um rápido e objetivo:

— Olá?

— Boa tarde, Lisa.

Meu estômago embrulha como se estivesse no vácuo, doloroso. Aquela voz.... Por um momento eu não posso falar.

Você realmente deve olhar seu e-mail com mais frequência — Diz Sehun.

Imperfect Love (chaelisa gp)Onde histórias criam vida. Descubra agora