VINTE E OITO

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Roseanne Park Pov.

A conversa de hoje cedo com Lalisa ainda está zunindo em meus ouvidos quando eu chego em casa pouco antes das cinco. Eu pulei minha última reunião, pedindo a minha assistente pra me cobrir, porque eu sei que Lalisa está esperando que a gente transe essa noite. E eu sei que eu preciso descobrir uma maneira de dizer tudo. O contrato. O bebê que precisamos ter.

Lalisa pensou que eu estava com medo de transar porque estava preocupada com a ideia de sentir algo mais forte por ela. Mas ela tá errada. Eu já sinto muita coisa por ela. Eu sempre senti.

Ela foi inflexível: Hoje a noite. Nós duas. Sexo. Ponto! Até comprou algumas camisinhas. Que porra eu vou fazer? Fingir alergia ao látex? De jeito nenhum ela vai acreditar. É uma ideia tão estúpida, eu não posso nem acreditar que estou pensando nisso. A verdade é que eu tô tão abalada, em pânico, que todos os tipos de merda estão passando pela minha cabeça.

Eu tiro meus saltos e os arrumo no pequeno armário de entrada. Abrindo alguns botões da minha blusa social, eu vou até o banheiro, onde encaro o meu reflexo no espelho.

Quando assinei os papéis, parecia a coisa certa a fazer. Salvar a empresa? Feito. Ter uma chance com a mulher que eu sempre sonhei? Feito. E ter um bebê? Não tem problema, né? Eu sempre amei crianças... Mas agora que isso tudo tá acontecendo, que se tornou real, eu tô perdida pra caralho. Perdendo a cabeça.

Pouco mais de uma semana do nosso casamento e eu já sou a pior esposa do mundo inteiro. Jihyo estava certa sobre as olheiras sob meus olhos. Me sinto acabada. Eu jogo um pouco de água fria no meu rosto, esperando que isso possa ajudar. Sem sorte. Eu continuo a parecer confusa, cansada e com medo. E agora com o bônus da maquiagem um pouco manchada.

Bem, foda-se. Eu endireito minha postura. Essa não sou eu, eu não sou assim. Eu não sou uma garotinha indefesa que tá com medo demais pra cuidar da sua própria mulher. E as coisas são como tem que ser, né? Lalisa tem necessidades. E eu tenho o dever de cuidar dessas necessidades.

Observando a situação com calma, eu tenho duas opções quando Lalisa chegar em casa essa noite: Eu posso falar a verdade, contar a ela sobre a cláusula do herdeiro, mostrar a seção no contrato que ela deixou passar. Ou.... Eu posso ficar de boca fechada e deixar rolar o que ela quer. Sexo sem compromisso.

Estamos no começo do nosso relacionamento, só agora ela tá começando a confiar em mim. Se eu transar com ela hoje à noite e ela gostar, e eu não tenho dúvidas de que ela vai, isso é um grande passo pra nos aproximar como um casal. E é exatamente isso que precisamos se formos realmente ter filhos juntas, né? Eu acho que era isso o que Jihyo tava tentando dizer hoje, que Lalisa e eu precisamos nos divertir. Estamos na fase de lua de mel, afinal. Esse lance de ter um bebê pode vir mais tarde. Depois da nossa relação estar forte o suficiente pra que a discussão sobre um herdeiro não a faça sair correndo.

Se sexo seguro é o que ela quer, com camisinha e tudo que tiver direito, eu vou fazer. Se eu não fizer isso, vou acabar despertando suspeitas. Que escolha eu tenho? A única coisa que posso fazer agora é ganhar mais tempo pra pensar. Eu só preciso calar a boca e fazer o meu dever como esposa até que eu possa descobrir a melhor maneira de abordar o tema filhos com ela.

Olhando uma última vez no espelho, eu solto uma respiração profunda. Vamos, eu só preciso ir lá e fazer o que eu sei fazer. Isso pode ser bom pra nós duas. Pode ser o começo de algo real. Por agora, a minha mulher quer uma amizade colorida, e eu não vou virar a cara pra essa oportunidade.

Vou até a cozinha e começo a pegar os ingredientes da geladeira pra fazer o jantar. Eu não sei preparar muitos pratos, mas ainda existem alguns que mamãe me ensinou quando eu era bem pequena e que eu me lembro.

Agora, aqui na cozinha, com o barulho suave da frigideira e o cheiro dos temperos refogando pra me fazer companhia, minha decepção não parece a catástrofe mundial que eu achei que seria. Eu não sou covarde, e não estou realmente mentindo. Eu só tô me preparando e sendo cuidadosa em escolher o momento certo pra tocar em um assunto delicado.

Eu trabalho de forma eficiente, fatio e corto enquanto espero minha esposa chegar em casa do trabalho. Tudo parece tão normal, tão absolutamente clichê.

Meu telefone emite um som, e eu vejo que chegou uma nova mensagem da Lalisa.

Lisa: Tô indo para casa. Tudo certo pra hoje noite? Porque a gente vai transar! Certo, Sra. Park?

Ler suas palavras sujas envia uma onda de adrenalina através de mim. Com o meu coração disparado, eu respondo.

Roseanne: Tudo absolutamente perfeito. Tô disposta se você tiver.

Lisa: É agora ou nunca, baby. A noite tá quase começando, e pelo que eu tô imaginando vai ser uma grande noite ;)

Roseanne: Até logo, esposa.

Eu rio e coloco o telefone de lado pra terminar o jantar.

Porque que eu fiquei tão paranoica com isso?

Vai ser divertido.

Imperfect Love (chaelisa gp)Onde histórias criam vida. Descubra agora