Capítulo 36 - A Verdade por Trás da Máscara

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Um vulto entrava no quarto cujo chão estava ensanguentado e um corpo jazia no centro da poça de sangue. Ele olhava para o corpo caído de lado no chão e se aproximava lentamente, seus passos sequer deixavam pegadas marcadas no sangue naquele chão. Ele se abaixava e levantava o corpo cuidadosamente, levantando Olhos de Ceifeira com certa delicadeza e colocando aquela pessoa em seus braços, até que se sentava na cama. Ele suspirava enquanto retirava a máscara que cobria a boca e o nariz de Olhos de Ceifeira e passava um dedo pelos lábios ressecados que já começavam a adotar uma tonalidade arroxeada.

— Que bagunça...

Ele estalava os dedos e o sangue no chão flutuava voltando para a ferida daquela pessoa em seu colo, que depois de um tempo ia recuperando a cor e seus lábios voltavam ao normal. Não demorava para que voltasse a respirar com muita dificuldade e abrisse os olhos mais uma vez, olhando ao redor sem entender o que estava acontecendo até que lembrava do acontecido e colocava uma mão na barriga, fazendo uma careta de dor.

— Está melhor?

— Não... Preferia que não tivesse me trazido de volta...

— Ora, não fale assim...

— Tá bem. Agradeço por ter me trazido de volta, pode me colocar no chão agora?

— Suas pernas ainda estão muito rígidas, vai demorar um pouco pra conseguir andar.

— Tá.

— Vamos conversar?

— Cadê minha máscara?

— Seu rosto é muito bonito, não precisa de uma máscara... Aliás, não entendo isso em você...

— Devolve minha máscara. Ela me protege de muita coisa, você é imortal, nunca entenderia...

— Tá bem, eu devolvo ela pra você. Mas só se me contar o que eu quero saber.

— Aquele garoto, Drake... Ele nem sabe o que o Undin quer com as peças. O corpo dele não é desagradável, deu pra me divertir um pouco... Mas tem algo de errado com ele.

— Como assim?

— O sangue tem gosto de maldição.

— Maldição?

— É... É estranho, é como se ele estivesse selado.

— E as peças?

— Ele já tem duas. Os acompanhantes dele são bons, eu subestimei e bem... Não queria que me trouxesse de volta, você sabe como pegar as informações sem precisar me tirar de lá.

— Eu não ia fazer aquilo com você.

— Ah, Koran... Você ainda me quer?

— Você sabe que sim.

— Mas não vai me ter. Você teria que me forçar a isso, mas não consegue, não é?

— É... Você gostou dele?

— Do que me matou... Nossa, é estranho falar isso com naturalidade...

— Porquê?

— Eu sou mortal, Koran. Não é normal ficar revivendo.

— Não, não isso... Porquê gostou de quem te matou?

— Ah... Ele é diferente de qualquer coisa que eu já tenha visto... Até de você. Aquele olhar de raiva, aquela força, aquela dor rasgando minha barriga... - seu rosto começava a ficar vermelho e então olhava pra Koran. — Eu quero ele pra mim... Eu sei que ele vai mudar meu destino Koran... E aquela marca no rosto dele... Ele é como eu.

Herança de Sangue - Parte UmOnde histórias criam vida. Descubra agora