Capítulo 11 - Novas Decisões

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Uma hora se passou desde que tudo aconteceu naquele quarto de estalagem. O homem havia tirado a garota de cima de Drake e a colocado deitada na cama, Drake impediu Angelo de atacar o homem, que agora cuidava de sua irmã. Depois que ele parecia mais calmo, Drake mostrou o que havia arrancado da nuca dela, uma pedra cor de rubi em um suporte circular de metal com ganchos em forma de finos tentáculos metálicos leves e maleáveis. Drake explicou que isso era um dispositivo de controle mental que obrigava quem estivesse usando a agir de forma violenta e assassina, o que talvez explicasse a condição da garota.

– E como você sabe o que é isso? – Indagou o homem, olhando com desconfiança para Drake.

– Li sobre essas coisas em um livro. Quando vi o brilho na nuca dela, achei que podia ser algo assim, então resolvi arriscar.

– Você podia ter morrido fazendo isso Drake! De vez em quando você parece um maluco, sabia disso? Uma hora vai acabar morrendo. – Disse Angelo enquanto ainda pressionava o ferimento no peito.

– É... Eu sei. Mas ainda bem que estava certo dessa vez! Aliás, eu vou descer pra falar com a estalajadeira e pedir um curandeiro antes que esse sangramento nos mate. Não sei como a pulseira funciona. – Ele foi andando até a porta, parou pouco antes dela e se virou, olhando para todos ali. – Não se matem, por favor. Quero conversar com vocês.

Ambos assentiram com a cabeça e Angelo se sentou na outra cama, pressionando a ferida com um lençol enquanto olhava com raiva para o homem ali sentado, que também devolvia o olhar. Quando a estalajadeira viu as condições de Drake, ela não conseguiu segurar o grito e dava para perceber o quanto estava apavorada. Com muita calma, ele explicou pra ela o que tinha acontecido, pediu para que trouxesse um curandeiro e que ele pagaria por eventuais estragos também. Ela ainda estava nervosa quando foi chamar o curandeiro e Drake subia as escadas para voltar ao quarto. Já perto do final da escadaria, ele conseguia ouvir que os dois estavam discutindo, então começou a subir mais rápido, chegando bem na hora que eles iam começar a brigar.

– Será que vocês dois podem parar de tentar se matar por favor? – Disse Drake em voz alta, visivelmente irritado. – Não estamos no coliseu e também não quero mais lutas aqui! Estamos em uma estalagem, não em uma arena!

– Foi ele quem começou! – Disse o homem.

– Não quero saber quem começou ou quem terminou! Eu não quero que briguem! Qual a dificuldade de entender isso?! Você se preocupa mais com afrontas do que com a sua irmã? E você, Angelo? Prefere ficar brigando por nada mesmo com a sua condição? Dois adultos que agem como crianças, é isso o que eu tô vendo aqui! Espero que comecem a agir como os adultos que são. – Disse Drake, fazendo os dois ficarem calados e olhando pra baixo. – Agora, por favor, me diga o seu nome, pois eu não quero ficar te chamando de senhor o tempo todo.

– Meu nome é Connor. Essa que você ajudou é minha irmã Cristine. – Disse ele, passando as mãos pelo cabelo dela. – Obrigado. Mas você também tirou tudo de nós, então não fez mais do que o mínimo. Afinal, o que foi aquilo lá? Como você conseguiu se curar daquilo?

– Eu tô cansado de falar sobre isso e repetir a mesma coisa: Não fui eu. Acho que foi coisa da pulseira que minha amiga me deu. E eu sinto muito termos conseguido vencer vocês, mas era isso ou morrer. Eu não queria e nem quero causar mal a ninguém e principalmente, eu não queria lutar. Mas vou recompensar vocês dois, como meu pedido de desculpas. E também fazer uma proposta.

– Que tipo de proposta? – Perguntou Connor, olhando pra ele com certa desconfiança.

Mas antes que Drake pudesse responder, um homem já de idade bateu na porta aberta do quarto. Ele usava roupas verde musgo, trajes comuns em boa parte dos curandeiros, estava segurando um cajado de carvalho e tinha um sorriso discreto nos lábios, além dos olhos cansados e uma maleta na mão esquerda. Logo, Drake pediu para que o senhor entrasse e se acomodasse para fazer seu trabalho. O curandeiro agradeceu e entrou, se sentando na cama e abrindo a maleta, tirando de lá algumas poções em frascos no formato de gotas de água. Logo, ele disse que começaria pela garota desmaiada, e Drake concordou, mesmo com Angelo fazendo cara de chateado com isso. O velho então pegou um frasco com um líquido azulado e colocou duas gotas na palma de sua mão, foi até ela e levantou o seu cabelo com o cajado, mostrando que havia um grande buraco em sua nuca, onde Drake havia retirado o dispositivo de controle mental e também as pontas de suas orelhas. Ele começou a passar o líquido que tinha na palma da mão em sua nuca, recitando palavras antigas e o líquido começou a brilhar em um tom azul celeste enquanto a ferida começava a fechar vagarosamente. Quando finalmente a ferida fechou, ele pegou um frasco com um líquido cor verde limão e mandou os outros dois se deitarem, e quando eles o fizeram, o curandeiro gotejou o líquido na ferida dos dois, que começou a arder muito, como se estivesse em chamas, então ele começou a proferir palavras novamente antigas e a ferida dos dois garotos começou a se fechar lentamente. Quando as duas feridas não passavam agora de cicatrizes, o curandeiro cobrou uma moeda de ouro pelo serviço, que Drake pagou agradecendo bastante pelo serviço. Quando o curandeiro foi embora, a estalajadeira chegou com uma carta, dizendo que um homem tinha deixado ali para ele e seu companheiro. Drake pegou a carta e agradeceu a ela, mas colocou a carta na cama. Então, o jovem rapaz se voltou para Connor, que já estava parecendo mais tranquilo e chamou por ele.

Herança de Sangue - Parte UmOnde histórias criam vida. Descubra agora