Capítulo 5 - Preparativos

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Faltavam apenas duas semanas para o aniversário de dezoito anos de Angelo e ele estava bastante ansioso. Os ritos de passagem já começavam naquele dia e, por conta da ansiedade, ele não conseguiu dormir direito à noite, se acordando antes das cinco da manhã e já começando a arrumar o que iria precisar para os ritos. Para os elfos de luz, a vida é um grande ritual de passagem, onde o garoto ou a garota que completasse dezoito anos, ganhava o direito de sair da tribo e explorar o mundo o quanto quisesse, voltando uma vez por ano ou quando encontrasse um amor recíproco. Por isso uma parte deles não tinham preconceito contra os meios elfos e os tratavam igualmente, o que alegrava bastante Angelo, já que ele tinha uma mãe elfa e um pai humano. Segundo a tradição, quando faltavam quatorze dias para se completar a idade da jornada, a criança deveria se apresentar ao líder da tribo portando uma arma forjada por seus pais para que o oráculo os dissesse a sua função.

– Hoje é o dia! Finalmente! O que eu devo levar? O que eu devo fazer?

Angelo andava de um lado pro outro no quarto e se olhava no espelho. Seu cabelo estava grande e desgrenhado, embora fosse liso, então ele resolveu que ia começar ajeitando o corte de cabelo. Logo, ele saiu do quarto e desceu as escadas correndo pra ir em direção à porta.

– Angelo querido! Aonde pensa que vai a essa hora?

Angelo parou em um sobressalto. Sua mãe havia acordado mais cedo, como de costume. Ele se virou devagar, encostando as costas na porta e olhando para sua mãe. Angelo sempre a achara bonita e com razão. Ela tinha 1,65 de altura e possuía longos cabelos dourados que lhe chegavam à cintura, suas longas orelhas pontudas eram adornadas com alguns brincos na parte de baixo, seus olhos eram de um azul celeste invejável, que Angelo havia herdado da mãe, e suas quatro asas a faziam parecer um anjo. Ela estava trajando um vestido de seda branca, o que a fazia parecer ainda mais branca.

– Eu estou indo cortar o cabelo! Quero estar apresentável pra o ritual hoje!

– Eu disse pra cortar o cabelo ontem, não disse? O sol ainda não nasceu, você não vai encontrar um cabeleireiro aberto! – Ela ficava olhando pra ele um pouco e sorria. – Venha, vamos tomar café da manhã. Você está ansioso mas isso não quer dizer que precise sair sem comer e de pijama.

Só então com o comentário que Angelo percebeu que ainda estava vestido só com a calça de seu pijama e começou a rir disso, seguindo a mãe para a cozinha. Ao lá chegarem, ela começou a fazer alguns sanduíches de geleia de morango e outros com pedaços desfiados de galinha. Angelo ficava olhando ela fazer os sanduíches e ficava olhando para os lados inquieto.

– Perdeu alguma coisa querido?

– Não mamãe, é que o papai não está em casa né? Ele sempre acorda essa hora mais ou menos e sempre acaba te acordando. Aonde ele foi?

– Foi comprar uma roupa pra você.

Disse ela com naturalidade enquanto começava a cantarolar fazendo os sanduíches. Angelo estranhava esse fato, já que era sempre ele mesmo ou ele e sua mãe que escolhiam as roupas que ele iria comprar.

– Não se preocupe querido, ele sabe como é a roupa que eu escolhi. Além do mais, além de cortar o cabelo você precisa de uma roupa nova! Como conseguiu rasgar aquelas outras?

– Aaaah... Foi enquanto... Eu corria por aí!

– Corria por aí? Não foi enquanto estava treinando com seu amigo sem avisar a mim ou ao seu pai? – Nesse momento ele ficou calado. – Viu só? Você não pode esconder nada da sua mãe! Eu te conheço melhor que ninguém Angelo. Tem que parar de ser tão imprudente!

– Desculpa mamãe... Mas é que ele tinha um equipamento novo e ele me chamou pra testar e o equipamento é ótimo! – Nisso, a mãe dele dava uma risada.

Herança de Sangue - Parte UmOnde histórias criam vida. Descubra agora