Os dois jovens demoraram quase uma hora e meia para saírem da Rota das Feras e chegarem à Tormin. O lugar era realmente amplo, maior que Vilter e um pouco maior que a tribo de Angelo, Hinasil. Drake andava observando tudo, as construções de pedra, as pessoas andando pelas ruas da cidade, as carruagens e carroças sendo puxadas à cavalo, até mesmo as pessoas pedindo esmola, e procurava por uma livraria com o olhar. Angelo estava animado pra vender as presas do Orc que havia matado e já estava ansioso.
– Drake! Eu vou correr até o mercado! Nos encontraremos na fonte que tem na praça da cidade depois, cuidado pra não ser assaltado.
– E o que eu teria pra roubarem?
– Ah não sei, que tal essa pulseira e o anel? São coisas valiosas, apenas tome cuidado!
E com isso, ele saía correndo em direção ao mercado, que se tratava de uma espécie de feira ao ar livre. Drake suspirava e começava a andar pela cidade, um pouco distraído olhando as construções e as pessoas, que naquele lugar não olhavam tanto para ele. Pelo menos uma coisa boa nisso tudo. Não preciso aguentar que me olhem atravessado. Pensava Drake com um sorriso quando encontrou uma grande livraria. A construção, na parte externa, parecia uma grande casa de dois andares, era feita de pedras acinzentadas e possuía uma grande vitrine de vidro negro semi transparente com as palavras LIVRARIA PÚBLICA escritas em tons de vermelho sangue. Drake respirou fundo e abriu a porta, entrando no local sentindo o cheiro já conhecido de pilhas e pilhas de livros nas estantes, mas esta livraria era diferente de onde ele trabalhava. As estantes eram feitas de madeira de mogno negro e haviam alguns seres com mais ou menos cinquenta centímetros de altura, vestidos com roupas acinzentadas, a pele levemente esverdeada e orelhas pontudas, assim como seus narizes, com grandes olhos negros.
– Duendes ajudantes? – Drake falou enquanto pensava alto.
– Bem observado, jovem. – Dizia uma voz feminina vinda de trás do balcão, o assustando. – Eles gostam de me ajudar e recebem um bom pagamento pelo serviço, o último andar do prédio tem quartos para eles, então também recebem moradia.
Drake observava a provável dona da livraria. Ela era uma mulher alta de longos cabelos em tons de preto azulado, seus olhos eram azuis claros e ela possuía uma tatuagem de estrela em baixo do olho direito. Usava um batom vermelho sangue nos lábios e seu nariz era bem afilado. Ela vestia um corpete negro justo e estava escrevendo com uma pena em um pergaminho. Drake desviou o olhar por uns instantes, mas logo tornou a olhar pra ela.
– Bom dia. Meu nome é Drake Ulter e eu vim visitar o lugar. Você tem o andar térreo e o primeiro andar cheios de livros ou me enganei?
– Não se enganou. E muito prazer, Drake. Meu nome é Lívia Blake e sou a dona do lugar. Fique à vontade para ver qualquer livro, mas se quiser levar pra casa eu cobrarei uma taxa. Armas não são permitidas aqui dentro, só pra constar. Se já souber o livro que procura, basta pedir a um dos duendes, eles vão buscar rapidamente. – Dizia ela sem nem ao menos tirar os olhos do pergaminho.
– Muito obrigado.
Drake então foi passando pelas estantes, olhando os títulos dos livros que ali estavam. Alguns deles ele já conhecia da livraria onde trabalhou, outros ele nunca tinha sequer visto o título, então pegava esses que não conhecia e ia carregando consigo. Quando terminou de ver o andar térreo, ele já estava com dois duendes ajudantes carregando livros com ele até uma das mesas. No total, ele tinha pego trinta livros para ler. Drake agradeceu aos duendes, que fizeram uma reverência para ele e saíram, o que o garoto ficou sem entender, mas logo ele abriu os livros e começou a ler. Com o tempo e prática que teve com os livros da livraria de Cassandra, ele agora conseguia ler os livros e reter as informações mais rapidamente, então ao final de duas horas ele já havia terminado de ler a metade dos livros, até que Lívia se aproximou dele e sentou na cadeira à sua frente, pegando um dos livros que ele já havia terminado e lendo o seu título em voz alta pra chamar a atenção de Drake.
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Herança de Sangue - Parte Um
FantasyNem sempre uma boa aventura começa bem. Nem sempre ela termina bem. Mas a verdade, é que não existem aventuras boas ou ruins, apenas aventuras. E esta... Bem, esta é uma aventura. Talvez a felicidade espreite pelas páginas desta história, mas talve...