Capítulo 25 - A História de Arath

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Os dois reinos se chamavam Arágora, que significa a força das águas, e Thirzen, que significa a resistência do aço. Eles guerreavam por seis anos sem trégua, o que fez ambos os reinos perderem boa parte de suas forças e de seus súditos. Eles declararam guerra apenas por causa do espaço. Arágora, cuja população era em maioria elfos, queria as terras por conta da fertilidade e riqueza mineral. Thirzen, cuja população era em maioria humanos, queriam a terra por conta da nascente que estava bem no centro do reino vizinho. Ambos tinham suas motivações, mas não queriam entrar em acordo ou ceder um pouco de espaço. Foi apenas quando perceberam que toda a luta deixaria a terra infértil e poderia destruir a nascente que os dois exércitos, pouco a pouco, pararam os avanços militares para tentar um acordo. Os elfos tomaram a iniciativa e um pequeno grupo formado por representantes da alta cúpula que regia aquele reino foi até o centro do campo de batalha, pois não queriam se aproximar muito do reino dos humanos por medo de uma acolhida violenta. Os humanos do reino de Thirzen demoraram a mandar alguém, mas o próprio rei foi até o centro do campo de batalha, desprovido de qualquer arma, vestindo apenas uma armadura e usando a capa com o símbolo de seu reino. Com ele, foram dois representantes escolhidos pelo povo, pessoas que com certeza iriam falar por seus interesses. Eram eles um anão e uma humana, ambos com vestimentas simples, mas armados para o caso de haver algum conflito ou emboscada para o rei naquela situação. A partir daquele dia, passou-se uma semana com visitas diárias ao campo de batalha para negociações. Muitos disseram que aquela seria uma batalha onde não teria um vencedor definido e que poderia arrasar ambos os reinos se algo desse errado. Mas, ao final desse tempo, foi selada a trégua entre os dois reinos rivais e também uma aliança. A partir daquele dia, os reinos iriam cooperar para o crescimento mútuo. Mas como poderiam começar? Decidiram então fundar uma cidade em cima do que antes tinha sido o campo de batalha, como um símbolo para mostrar que a prosperidade dos reinos estaria acima de qualquer luta.

Ainda em comum acordo, os líderes dos reinos contrataram um grande grupo de anões para construir a cidade, de forma que os moradores de ambos os reinos sequer tocaram no campo de batalha para a construção, pois naquela época se acreditava que nenhum lugar banhado por sangue deveria ser construído por alguém que tivesse derramado sangue naquele lugar. Os anões concordaram em construir a cidade, pois sabiam que nenhuma superstição poderia os atingir, já que não tiveram nada a ver com o assunto. Foi um trabalho assombroso o daqueles anões. Em questão de poucas semanas, a cidade já havia sido erguida e estava habitável. Deixaram uma praça bem no centro da cidade, com uma estátua em pedra dos reis de cada reino dando suas mãos e olhando para o horizonte. Depois de mais algumas semanas, foram designados moradores para cada uma daquelas casas, moradores de ambos os reinos. Na teoria, era para eles cooperarem, fazer a cidade crescer e também torná-la um ponto comercial entre os dois reinos...

— Não parece uma boa ideia... - comentou Connor.

— Com toda certeza não é uma boa ideia. - completou Angelo.

— Que ideia idiota! - disse Cristine.

— O que aconteceu depois? - falou Rey, já sentado no colo de Cristine.

— Bem... - continuou Drake.

Na prática, isso não deu muito certo. Muitas pessoas que entraram nessa cidade, batizada de Arath para unir o nome dos reinos, tinham perdido parentes na guerra. Alguns já eram órfãos em idade para entender o que aconteceu com seus pais. Até mesmo algumas famílias que foram convocadas para morar lá, de ambos os reinos, nutria um ódio pelos seus vizinhos. E isso gerou várias desavenças. Algumas brigas aqui, discussões acolá, mas nada muito grave e aparentemente, as coisas estavam se acalmando. Pelo menos, até o primeiro ano da cidade, quando o primeiro corpo apareceu, aos pés da estátua do rei elfo. Seu rosto havia sido arrancado, sua cabeça deformada e seus cabelos raspados, dificultando saber se era humano ou elfo, mas era fácil ver que era uma criança. A crueldade nesse assassinato fez com que uma guerra civil começasse naquela cidade, as pessoas sequer procuraram saber se tinha alguma criança desaparecida ali. Apenas depois de alguns dias, quando representantes dos reinos foram até à cidade trazendo soldados consigo, suprimiram o conflito e tentaram colocar alguma ordem no lugar pra conseguir entender o que tinha acontecido, a briga parou. A história foi contada por vários moradores raivosos e eles acabaram por não entender bem o contexto, apenas a parte de que uma criança havia sido morta. Quando pediram para ver o corpo, levaram os representantes até o local onde o corpo tinha sido guardado, mas, apesar do rastro do sangue que pingava, o corpo não estava lá.

Herança de Sangue - Parte UmOnde histórias criam vida. Descubra agora